terça-feira, dezembro 18, 2012

Sobre medos, hipocrisias e humanidades.



Tenho medo de gente que é feliz o tempo todo. Que não conhece a cor da fraqueza, que nunca chora, que nunca se entristece, que nunca sente raiva nem vontade de dar um murro na cara de alguém. Medo de gente que nunca brigou com Deus nem com a mãe, que nunca quis morrer ao ser envolvida por uma dor lancinante, que é boazinha demais e que não sabe dizer "não". Tenho medo de quem nunca sofreu por amor, de quem nunca tomou um porre na vida e de quem não precisa pedir perdão. Morro de medo desse tipo de gente que nunca erra, que é imune a tudo e a todos, que não faz cocô, que nunca tocou a campainha e saiu correndo, e que não fala palavrão. Muito medo da perfeição tatuada na cara dessas pessoas, mas nenhuma vontade de ser como elas. E embora elas me façam ter a sensação de que eu não existo, eu me sinto muito mais viva do que elas, mesmo habitando esse invólucro limitado de humanidade. Eu já me encontrei nesse meu jeito inacabado de ser, nessa condição constantemente falha, nessa potencialidade errante e aprendi a administrá-la entre tropeços, quedas e soerguimentos. Só quem mergulha nisso consegue sentir a verdadeira beleza da natureza humana que a infalível rotina dos "fortes" jamais os permitirá experimentar. 



~ Mari Teixeira ~

segunda-feira, dezembro 10, 2012

Again.


Das outras vezes eu assisti, de camarote, você arrombar a porta, pular o muro, destruir o cadeado e ir pra longe de mim. Eu assisti o seu vazar constante da minha vida sem que eu pudesse retransfundir uma gota sua sequer. Eu vi você escapulir por entre meus dedos como a mais fina areia que pode existir, do nada, sem que eu pudesse fazer absolutamente nada pra te conter. Completamente estarrecida, vi você confundir amor com obrigação, e fuga com solução, e parecia que toda a impotência do mundo havia resolvido cair sobre mim, dada a inércia a que fui imposta. Com você consegui mensurar o real sentido do verbo esperar, e eu realmente esperei - até cansar. E quando já não havia mais espera, não havia mais nada, certo? Errado. Havia você do outro lado da linha, um coração na mão e uma incondicionalidade embutida nesse meu gostar  que burla qualquer lógica clichê, inclusive cansaços limítrofes. Eu me culpei durante muito tempo pela sua partida, sobretudo pela falta de causalidade diante do ocorrido: algum motivo haveria de ter, e pra nosso amor não cair na indigência, resolvi assumi-las, até a madrugada em que elas se dissolveram, todas, no corpo seu. Mas o dia amanheceu, e você me deixou um adeus colorido de saudade e vontade, e eu me vi obrigada, novamente, a assistir, muda, à mesma cena anteriormente citada. E não, você não imagina a bagunça que fica cada vez que você foge pela tangente da nossa estória e some do cenário desse drama, tão mudo quanto me deixa. 

Desta vez, mais uma vez, eu abri a porta pra você entrar, mas ao invés de ficar nua na cama, envolta em lençóis brancos observando você se vestir e ir embora sem nem olhar pra trás e em seguida chorar até sentir os primeiros raios de sol adentrarem aquela vidraça fumê, eu vesti minha calcinha e o meu sorriso mais lindo, blindei-me de suas promessas e te acompanhei até o portão. Seus olhos brilhavam mais que os pontos luminosos que enfeitavam o céu naquela madrugada rara e o tom do adeus beirava o incolor. Voltei pra cama e abri meu dicionário racional que comprei numa liquidação num desses dias de fossa no qual você sai de casa de óculos escuros, coque no cabelo, carranca na cara e uma decisão no peito. Desci o dedo indicador pelo índice e achei: "Capítulo IV - Como lidar com a falta"... a sua falta... a presença mais   perene que minha existência abriga.  Migrei para a faculdade com seu cheiro impregnado na minha epiderme, seu gosto na minha boca e sua imagem na minha mente - a mais nítida de todas: nossa intensidade não admite meios-termos. Me pus a recomeçar, novamente, do zero: você e essa sua capacidade de ressuscitar o que, com tanto esforço eu tento assassinar diária e homeopaticamente dentro de mim...


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮


sexta-feira, dezembro 07, 2012

Tim-tim.



Eram brindes múltiplos. Incansáveis brindes. Um tilintar de sussurros e gemidos. Éramos duas taças, e condensávamos em nossas epidermes o vapor da paixão que pairava no ar em suor e saliva. Marcas de unhas espalhadas pelas costas dele enquanto uma barba de três dias arranhava meu pescoço. "Olhos nos olhos", como, um dia, compôs Chico Buarque.  Infinitos "detalhes", que nem a canção de Roberto Carlos.  Eram brindes múltiplos. Incansáveis e ruidosos brindes. Éramos nós...

~ Mari Teixeira ~

sábado, novembro 17, 2012

Um luto sem luta.





Disseram por aí que eu não lutei por você. Que se eu te quisesse mesmo, eu entraria pra guerra  com armas e escudos, arcos e flechas, rezas e promessas. Que eu me acomodei na minha lamentação, que eu era lenta demais em resolver certas questões interiores - leia-se VOCÊ - e que você não me merecia. Fui bem mal interpretada; tanta inércia, não era acomodação, era respeito diante da sua escolha. A vagarosidade em colocar o sinal de menos antes do seu nome e logo após o meu vinha da dificuldade em resolver problemas matemáticos do gênero, além, claro, do meu alto limiar de tolerância diante de circunstâncias altamente estressantes. Quanto ao tal merecimento, eu tenho o péssimo hábito de deixá-lo em segundo plano pra fazer valer o significado. Mas sim, eu não lutei mesmo, talvez por conta da quantidade e da gravidade das feridas, pela inacessibilidade que você me impôs ou pela impossibilidade de compreender a situação pra poder traçar uma estratégia. Eu não lutei, por mais meu que eu achasse que você fosse, e dessa certeza não me isento: você foi tão meu, que tem gente precisando envolver seu pulso numa corrente e segurar bem firme, como quem segura o barbante de um balão de hélio, porque morre de medo que ele se solte e siga rumo ao infinito. Sim, eu não lutei por você. Eu tinha que considerar apenas o que estava ao meu alcance. Eu tinha que economizar energia pra me manter viva e conseguir continuar, e naquele momento isso era primordial: eu era a minha prioridade. E continuo sendo. Vivi meu luto sem luta. Mas lá no fundo, eu acho que não lutei por você simplesmente porque eu costumo lutar pelo que eu quero, não por quem não me quer.

~ Mari Teixeira ~

quinta-feira, novembro 15, 2012

Desabafo de uma Bela Acordada.



Aprendi que ao me expor ao seu ridículo, eu colho decepção, e o resquício de sentimento que jaz impregnado em  mim acaba por vazar. Agora eu grito aos quatro cantos que descobri, enfim, a maneira de sair desse labirinto que aquela ilusão que você plantou em mim me meteu. Com você a vida era bastante colorida, mas mesmo sem te ter, os lápis de cores continuaram a existir, tanto quanto outro alguém que sabe manipulá-los tão bem (ou melhor) do que você; ainda bem que o leve daltonismo-pós-fim que me levou a enxergar a vida em duas cores por um bom tempo era reversível e hoje, além de enxergar muito bem, consigo ratificar um dos clichês mais batidos da história da humanidade: ninguém é insubstituível. Absolutamente, ninguém. Portanto, não seria diferente com você.

Eu não preciso do seu "oi" raquítico, nem do seu olhar covarde, e muito menos do seu sinal positivo que me transmite a negatividade mais densa - e tensa - que possa existir. Não preciso fermentar esperas inúteis pautadas em promessas inválidas, nem mendigar sua atenção, seu amor e seu sexo, ou viver justificando seu comportamento patético diante da sua indiferença - até onde eu sei você encontra-se em perfeito estado de consciência e se aceita tudo é simplesmente porque quer. Mas eu não quero mais. Eu não te quero mais. Eu renuncio todo o desejo de que o movimento de rotação do planeta mude de sentido e que seu coração passe a bater por outro sentido, e só não rasgo todas as cartas que escrevi e nunca mandei porque, ao contrário de você, não é do meu feitio deixar cair em meio ao vão aquilo que um dia tanto significou pra mim.

Quem ficou dormindo, esperando o príncipe encantado na torre de um castelo foi a Bela Adormecida, que ainda corria o risco de despertar e perceber que o príncipe não passava de um sapo. Pois bem, acordei. Sem beijo, sem príncipe, sem cavalos brancos ou poções mágicas. Sem gritos, sem baldes de água fria ou som de trombeta ao pé do ouvido. Acordei com o eco do seu cumprimento insosso que me soou como um desabafo: que droga, ela (ainda) existe...

~ Mari Teixeira ~

terça-feira, novembro 13, 2012

Lide.



A ordem da vida é uma só: aprenda a lidar. Ouviu? Não é: "fuja" ou "relaxe". Não é: "finja" ou "esqueça". Não. A grande maioria das circunstâncias não nos dá a alternativa de outro imperativo: apenas aprenda a lidar. Ou nos adaptamos, ou o vento da seleção natural nos leva pra longe. Talvez doa, talvez sangre, talvez a gente entre em coma,  mas logo, logo passa. Tudo passa...


~ Mari Teixeira ~

sábado, novembro 10, 2012

O melhor.




Quando você acha que um melhor não existe, 
chega o melhor e te prova o contrário.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆

sexta-feira, novembro 02, 2012

Pré-epitáfio.




"A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você senta para jantar, e aquela vida que você conhecia acaba de repente..." 

(Inês pedrosa)

É, a gente acaba. Que nem arroz, feijão e farinha acabam do final do mês. Que nem vela que queima a partir do momento que é acesa, a gente começa a morrer no dia que nasce. A gente acaba, sim. Num passe de mágica, de uma hora pra outra. A gente acaba. Finda. Que nem novela, que nem história em quadrinhos. Que nem os anos, os meses, os dias. Dissipa. De repente. Igual fumaça, cheiro de perfume ou gás. A gente dissolve. Tal qual papel na água, açúcar no café. 

É, um dia a gente se apaga, igual lâmpada, a vela. É o anoitecer da nossa existência, o fenecer da nossa história. A gente acaba mesmo. E não tem data certa. Pode até ser agora ou daqui há cinquenta anos. Esse dia a gente não sabe. Mas, mesmo assim, insistimos em passar pela vida como se ela fosse eterna ou como se pudéssemos predeterminar o nosso tempo aqui. Como se fôssemos senhores dele, de nós mesmos, da vida dos outros... do bem e do mal. A gente se acha, se sente. A gente tem um quintal bem grande dentro de si onde cultiva discórdia, orgulho, egoísmo, inveja e arrogância. E joga fora as sementes do amor, da concórdia, da paz. Valoriza mais as coisas que as pessoas. Perde tempo com coisas tolas, discussões banais, hábitos imbecis. Briga com o outro mais do que o ama. Grita com ele mais do que demonstra afeição. 

A gente não pisa no chão, não olha nos olhos do outro, nega uma esmola, um sorriso, um olhar, a presença, a solidariedade, o abraço. A gente sonha tanto, e esquece de viver o hoje. A gente se acha melhor que o outro, mais bonito, mais bem sucedido, mais inteligente, mais isso, mais aquilo. A gente amontoa tesouros aqui na terra, coisas que a gente nunca usa, nem doa, nem nada. A gente se enche de roupa, de sapato, de dinheiro... se empanturra de comida, trabalha 24hs sem parar. Vê a vida passar, escapar por entre os dedos. E um belo dia, daqueles bem ensolarados, com borboletas voando e pássaros cantando, no auge de tudo, bem quando a gente tinha planos de mestrado e doutorado, de ter filhos ou de comprar uma casa na praia, planos de natal e ano novo, bem nesse dia surge, na partitura da vida, uma pausa eterna. Imprevisível. Irremediável. Pra quem fica, insuportável. E a gente morre. Acaba. Termina. Pra nunca mais.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Ele me odeia.




Ele me odeia, só pode. Não me liga há séculos, nem me procura há milênios. Me recorta das conversas em meio a uma seriedade perversa, enquanto eu morro aqui imersa nessa saudade que em me deixar sequer se apressa.

Ele me odeia, é quase certo, e eu não entendo essa sua necessidade de não me deixar chegar mais perto. Fez questão de construir um muro de Berlim bem no meio da nossa história que ainda era de papel, e rasgou ambas as partes como quem retalha um corpo em praça pública ou no leito de um bordel. Me anulou de vez da sua memória e, por mais que o tempo passe, é incapaz de dar a mão à palmatória.

Ele me odeia, já não há como negar. Instaurou uma distância tão infinita que só o que eu sinto por ele é capaz de mensurá-la. Recusa o meu olhar, ainda que eu sinta seu desejo gritar, e dessa forma, insiste em cerrar os olhos na esperança de apenas penetrar o meu corpo com o seu, ao mesmo tempo que alimenta a ilusão de que seu olhar já não tenha feito o mesmo com o meu. 

Ele me odeia pelas certezas que lhe dei, pelo cuidado que lhe dispensei, pelas mil cartas que rabisquei, mas nunca as enviei. Me odeia pela minha coragem, e pelo tudo que um dia eu dei pra recomeçar tudo do nada; pelo único número que difere a placa do meu carro da placa da sua moto, e pelo sexo que difere o seu amor do seu ódio. Me odeia por ter sido tudo tão intenso, e por eu ser forte o suficiente em carregar essa intensidade durante e, ainda depois, mesmo enquanto ele me odeia.

Ele me odeia, não duvido mais. Brinca com o tempo como se guardasse para si um punhado de segundos em cada mão. Não parece ter noção da dinamicidade da vida, nem da relatividade do minuto seguinte - que pode ou não fazer parar os ponteiros da minha ou da sua existência. Cultiva confusões no quintal de sua alma e insiste em semeá-las por aí. Quis se perder de mim e faz questão de não me permitir achá-lo.

Ele me odeia, mas me liga à 1:20hs da manhã, e pesa seu corpo sobre o meu. Me odeia, mas me leva à boca como um fruto proibido. Me odeia, mas me oferece seu gosto salgado só pra se deliciar. Ele me evapora a saliva e precipita meu suor, mas ainda assim, me odeia. Me odeia pelas verdades ditas e pela minha resignação incompreendida. Me odeia por tê-lo amado ao extremo de renunciá-lo só pra vê-lo feliz. Ou, pelo menos, pra vê-lo feliz em achar que é feliz...

Ele me odeia tanto, em nuances de falsidade, desprezo e falta de caráter tão contagiantes, que eu passei a odiá-lo também: rompi aquela linha tênue cuja dor transcende o entendimento e onde o amor se ressignifica em ódio, culminando em indiferença. Ainda bem que ele me odeia; porque era muito mais fácil suportar a falta de quem me odiava; tão fácil quanto vir a odiar quem eu um dia amei.


~ Mari Teixeira ~

terça-feira, outubro 09, 2012

Sorte.


E a minha sorte é ter vários "quens", ainda que poucos "quês" e raríssimos "pra quês"...

~ Mari Teixeira ~

quinta-feira, outubro 04, 2012

Tênue.


É absurdamente tênue aquela linha que os separa. De um lado a outro, nanômetros de distância. A cronicidade de ambos não permite que se estabeleça uma finitude. Ou seja o amor não acaba mas se ressignifica, geralmente, em ódio: muda a ótica, mas não a intensidade. Transforma-se a intenção, mas não volatiliza o sentir.

╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

quarta-feira, outubro 03, 2012

Muito medo.


Morro de medo da evolução extinguir o gene da maturidade 
e continuar selecionando o da hipocrisia...

~ Mari Teixeira ~

terça-feira, outubro 02, 2012

Último minuto.


A ideia é viver como se fosse o último minuto, não pelo desespero dessa possibilidade, mas pelos simples fatos da existência da tal possibilidade e da efemeridade dessa vida. Cada momento vivido é único, e não volta. E os não vividos, também não.

~ Mari Teixeira ~

segunda-feira, outubro 01, 2012

Ainda.



E ainda me dói amanhecer! Recobrar  lentamente a consciência, e ser invadida imediatamente  pela tonelada de ausência que paira por sobre a minha vida desde o dia que você decidiu ir embora de mim.  Como me dói a relatividade embutida na sua última fala e o absolutismo incrustado no que eu sinto por você. Eu grito todos os dias pra dentro o quanto eu te preciso antes mesmo de ousar te querer, e enlouqueço a minha balança interior, simplesmente porque ela é incapaz de mensurar o tanto que você foi pra mim - e ainda é. Ainda não sei se dói mais o esmagar dos ossos, o inflar da alma, ou o engasgar das dúvidas... Ainda não sei ser plena sem você. Eu ainda ouço nossas músicas, e canto cada verso enquanto uma ou outra lágrima me escorre o canto externo dos olhos. Ainda conto os dias idos na esperança de acordar na manhã seguinte e poder zerar tudo de novo. Ainda quero olhar mais uma vez bem dentro dos seus olhos sem enxergar neles medo, além de desejo e prazer. Você não sabe como é lancinante a sensação de soletrar esse "ainda" ainda, e como me revolta perceber que essa falta tua não se envergonha por um minuto sequer ao demonstrar tanta incompetência em fazer minguar essa vontade; não é mesmo assim que dizem: "O que os olhos não veem, o coração não sente"? Mas se o coração sente, os olhos conseguem ver, ainda que distante. Seis meses sem saber o que se passa dentro de você, e ainda assim, você não passa...

~ Mari Teixeira ~

sábado, setembro 22, 2012

É muito mais.




"O amor é muito mais do que um sentimento:
 é um instinto de sobrevivência."


~ Mari Teixeira ~

quinta-feira, setembro 20, 2012

Meu panapaná.


Borboletas no estômago são para os fracos. Tenho cinco no ombro esquerdo e cá por dentro um panapaná. Faz algum tempo, elas descobriram o caminho da minha corrente sanguínea e, adentrando minhas veias e artérias, passaram a ter acesso ao meu corpo inteiro. E assim, estremeço a alma de sentir o intenso debater de suas asas em cada célula e nas estreitudes dos meus interstícios, nas entrelinhas das minhas felicidades e  nas paredes dos abismos das minhas dores; sinto-as rompendo a tensão superficial das minhas lágrimas e desgastando as superfícies dos meus pedaços - talvez nunca mais poderei colar os complementares... Sinto-as bater na mesma frequência insana que o meu coração insiste em bater, na mesma amplitude que ele insiste em sentir, mas na velocidade inversa que eu desisti de insistir em você...

~ Mari Teixeira ~

quarta-feira, setembro 19, 2012

Dissolução.


E quando você descobre que uma 
culpa pode se dissolver em outro corpo?

~ Mari Teixeira ~

quinta-feira, setembro 13, 2012

(...)


Pra que trancar as portas, gradear as janelas, 
encher os portões de cadeados se o muro é baixo 
e as paredes são de isopor?

~ Mari Teixeira ~

terça-feira, setembro 11, 2012

Oração.




♫ "... Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na dispensa..." 

(A Banda mais Bonita da Cidade)


Eu hoje peço a Deus que a minha intensidade não exceda os limites do respeito para com aqueles que me circundam, independente do grau de significância que eles conseguiram tecer em minha vida - e este varia de - 10 a   + - sobretudo para com aqueles que significam ou significaram, pra mim, "além do mais". Que qualquer sentimento dilacerado não se resuma a morrer, mas seja transformado em outros melhores e que os sentidos não se despedacem... nunca. Que a indiferença seja incapaz de neutralizar as persistentes e deliciosas sensações relativas aos bons momentos que vivi. Que a vingança não aviste em mim quadrante algum no qual lhe caiba pousar. Que o ódio apenas dure os mesmos doze segundos de sempre, nenhum a mais, mas sim, a cada ano, um a menos. Que o amor seja meu hino perpétuo, ainda que essa minha tendência incondicional de colocá-lo em prática denote fraqueza aos olhos alheios. E que os poucos que tiverem a sensibilidade de se debruçar em discordar disso, admitam de uma vez por todas que, na verdade, só os fortes sabem amar em plenitude. Só eles estão sempre dispostos a pagar o preço de uma, duas, três, mil felicidades... Só eles conseguem carregar o peso póstumo do amor que não quis dar certo, a dor latente do amor que virou saudade, a angústia solene do amor que desistiu de ser e o alívio consolador do amor que resistiu à todas as ausências e soube se reinventar a cada esquina da vida. Entendem? É muito sentir pra quem não sabe sentir...

~ Mari Teixeira ~

segunda-feira, setembro 10, 2012

Sobre símbolos e significados.


O significado nem sempre se encontra no símbolo... 
Determinadas abstrações se recusam a morar num 
pedaço inanimado de uma coisa qualquer...

~ Mari Teixeira ~

sábado, setembro 08, 2012

Pit stop.


Hoje é um daqueles dias que a saudade, depois 
de circular o corpo todo, resolve fazer um pit 
stop no pulmão: e tá doendo pra respirar. 
Tá doendo pra viver...

~ Mari Teixeira ~

quinta-feira, setembro 06, 2012

Como se nunca tivesse sido.




"Lá na frente, de repente, irão se encontrar 
e com certo constrangimento, irão atribuir o 
afastamento a falta de tempo ou à própria 
vida. Mas no fundo saberão: foram eles. 
Ou melhor, não foram."

(Carolina Braga)

"Não foram"... é bem isso! A gente olha pra trás e é realmente como se nunca tivesse sido. É como se  o espaço de tempo no qual existimos, na verdade, nunca houvesse existido. Um lapso de tempo. Um hiato sem aparente razão. Um sentimento tão leve quanto leviano que não conseguiu sustentar a conjugação no presente do indicativo do verbo ser. Antes que o fim se achegasse, ainda quando ele apenas nos rondava, já haviam desfoques reais que a gente teimava em confundir com os sintomas da nossa miopia. Milhares de reais gastos em óculos e lentes, milhões de segundos perdidos ao longo de uma vida, até se entender e aceitar que todo aquele esmaecimento era mais do que real: era inevitável... Certas relações e suas lembranças trazem consigo esse potencial de se dissolverem quando batem de frente com o tal ponto final...


╰☆╮ Mari Teixeira ╰☆╮

quarta-feira, setembro 05, 2012

Sobre estigmas, divórcio e coisas parecidas.



O estigma que a mulher divorciada traz gravado na pele a ferro e fogo persistirá enquanto as pessoas não entenderem que somente três coisas as diferem das demais mulheres: o fato dela ter (escolhido) errado e ter oficializado esse erro; um outro, em conseguir assumir que, ainda que ela tenha (escolhido) errado e oficializado o erro, nunca é tarde pra recomeçar e ser feliz, enfim; e a coragem de gritar "não quero mais" com a boca, com o coração e com as malas feitas balançando em cima do caminhão da mudança, "se deixando marcar", munida por um amor-próprio muito maior e mais forte que a hipocrisia que circunda o mundo. Somos de carne e não "apenas" um pedaço de carne...


~ Mari Teixeira ~

terça-feira, setembro 04, 2012

Apenas humanos.


Nem heróis, nem vilões... apenas humanos. Humanos que amam e que desamam. Que se armam e desarmam - e se desarmam. Que sentem medo, que voltam atrás, que andam pra frente, mas olham pra trás. Que falam de menos, ou falam demais. Que cavam guerra, mas vivem orando por paz. Humanos: apenas isso, essa figura folclórica que muita gente teima em acreditar que não existe. Que tanta gente teima em fingir que não é...

~ Mari Teixeira ~

segunda-feira, setembro 03, 2012

Tudo errado.



Acho que você entendeu errado: eu disse que 
sabia entrar e sair, e não morrer e ressuscitar.

~ Mari Teixeira ~

segunda-feira, agosto 20, 2012

Terminou, terminou...


E era um medo de aprender a viver sem você...! Um medo de me cortar com os cacos dos sonhos que construí...! Medo de abrir outra ferida que, mesmo menor do que aquele talho que você deixou no meu coração, pudesse vir a sangrar mais e mais...! De me livrar da sensação de vida que aquela paixão me proporcionava, de me levantar da zona de conforto na qual a ilusão me ninava, de experimentar a sensação de vácuo que o nada me traria...!  Eu carreguei por meses dentro de mim um você-morto, mas era tanto medo de que doesse muito mais te parir do que viver suportando infinitas e lancinantes contrações durante uma vida inteira, que eu não só fechei as pernas: eu fechei meu coração e meus olhos, eu fechei minha vida pra qualquer sentimento que eu pudesse vir a gestar - e nem te odiar eu consegui. Eu tinha medo de me conformar com os vazios que, além daqueles que eu já tinha, você havia me deixado como herança - ainda não sei lidar direito com faltas. E eu fugia de saber de você, de ouvir da sua vida, simplesmente porque eu preferia manter intacto aquele cenário que a naturalidade dos nossos momentos haviam erguido bem no centro da minha memória. Mas sim, eu falei muito, e chorei mais ainda. Eu escrevi centenas de milhares de linhas, eu brinquei com as palavras ao mesmo tempo que briguei com cada uma delas. Eu precisava me derramar - foi a minha forma de lidar com a perda, mas se você não quiser entender, paciência: sua opinião e tantas outras coisas, tornaram-se irrelevantes a partir do momento em que eu não te encontrei mais por aqui. "Terminou, terminou"... eu falava pra os outros, mas, lá no fundo, eu gritava pra mim. Eu precisava entender pra poder aceitar, e precisava aceitar pra, enfim, fazer findar. Eu ainda não entendi bem, posto que meu raciocínio não funciona na velocidade da luz pra poder compreender algo que acabou com a mesma fugacidade; ainda existem lacunas que impedem tal consumação, mas eu me amo muito mais do que costumo pensar, e foi por isso que eu consegui atropelar a ordem das coisas e aceitar os fatos e, em seguida, finalizar você dentro de mim, mesmo sem entender. E daí que eu aprendi, enfim, a viver sem você. Uma das sensações mais gostosas do mundo é dizer um "não querer" com a boca e subescrevê-lo com o coração...

~ Mari Teixeira ~

sábado, agosto 18, 2012

Bem viver.


Algumas pessoas nascem satélites e ao longo da vida, se tornam estrelas. Outras, fazem com que nossas mães façam jus à expressão "dar à luz", pois já nascem brilhando: são estrelas natas! Outras ainda, vêm ao mundo como buracos negros; são pessoas que criam um campo gravitacional  forte ao redor delas, e isso impede que qualquer luz escape, ao mesmo tempo que elas vivem tentando sugar tudo que veem pela frente: inclusive estrelas. São pessoas que vivem tão vidradas em si, gastando uma energia extraordinária pra fazer tudo girar em torno delas, que são incapazes de emitir qualquer ponto de luminosidade. Diante dos buracos negros, satélites não passam de meros corpos celestes refletidores da luz alheia...

Mas, ainda assim, existem satélites demais pra tão poucas estrelas. Satélites são aqueles que, por não terem luz, passam toda uma vida à sombra de outro astro. Os satélites são tão medíocres que se bastam pelo fato de refletirem a luz de uma - ou várias - estrelas. Mas, também, coitados, vão fazer o que, se apenas as estrelas possuem luz própria? E por mais que eles tentem roubá-la, nunca obterão êxito, já que luz não é algo palpável - quanto mais roubável; ela pode ser, no máximo, vista e refletida. Podem até sentir, também, o calor que ela produz, mas pra isso, teriam que chegar perto de uma estrela, e não é todo mundo que suporta tamanha proximidade não: a alguns, o brilho aquece; a outros, ele queima...

E nós? Ah, nós somos estrelas de magnitude sem fim que, além de sentarmos num jardim, num frio desgraçado, e beber dois litros de vinho de safra vagabunda em copo descartável, e dividindo um tablete de chocolate de 200g, além de brilharmos - e, por vezes, ofuscarmos também, já entendemos de onde viemos e sabemos pra onde vamos ou, no mínimo, pra onde pretendemos ir. Bem resolvidos conosco e com a nossas vidas, nossas identidades e nossos não-saberes, nossas virtudes e nossas fraquezas, só queremos uma coisa: viver. Mas, viver a nossa vida, e não a dos outros. Só queremos o bem-viver...

~ Mari Teixeira ~

P.S. (Para meus amores Ana Cláudia e Ramon Luduvico)

quinta-feira, agosto 09, 2012

Hábito.


Tem dia que a gente procura, claro. Hábito é uma das piores desgraças que o ser humano pode ter, e persegue a gente incessantemente até a gente conseguir romper de vez com ele. Você era a última pessoa que eu pensava antes que eu fosse dormir e a primeira que minha mente fazia questão de me apresentar assim que minha consciência era recobrada. Foi exatamente assim durante meses. Eu sempre migrava pro trabalho levando no banco do carona o medo de que essa sensação de necessidade perene da sua presença nunca fosse substituída por outra, ainda que ela fosse tão ridícula quanto essa, ou quanto você. Mas ainda existem dias - raros dias - nos quais eu me pego te procurando nas músicas que você cantava pra mim, e percebo o quão elas continuam lindas, mesmo depois de eu tê-lo desacoplado da melodia de cada uma delas. Que bom que em você habita essa capacidade de se ligar reversivelmente às coisas; seria drástico ter que jogá-las, todas elas, pela janela. Ainda hoje elas subexistem na minha playlist com o mínimo resquício de contaminação, o suficiente pra lembrar de você e pensar: "velho, foi massa!"; melhor antídoto que o tempo, realmente, não há. Passo o olho pelas minhas veias e artérias, e não encontro nada além daquilo que existe naturalmente ali: sangue e outras minúcias próprias dele. Você, enfim, vazou. Procuro nessa mente bagunçada, salpicada de algumas crises existenciais, quereres absurdos e bulas de remédios, mas por puro hábito, da mesma forma que eu procuro minha touca de banho no chão do meu quarto desarrumado, todas as vezes que decido entrar no banho. Mas se não a encontro, isso não me impede de me banhar - no máximo uns fios de cabelo molhados que meu secador resolve em minutos, e nisso consiste a semelhança com o fato de você andar sumido de mim. A diferença é que a touca de banho, eu quase sempre acho, mas você... você já quase não cabe mais em nenhum quase que minha vida resolva ditar...



~ Mari Teixeira ~ 

segunda-feira, agosto 06, 2012

Ojerizas à parte...


Cuidado: eu migro do amor ao nojo, poucos milímetros, em poucos segundos. 

E na mesma proporcionalidade.

~ Mari Teixeira ~ 

sexta-feira, agosto 03, 2012

Quem você é?



Duas pessoas podem ficar sem ver um ao outro durante anos a fio, e ainda assim, eu ousaria descartar a chance de que o sentimento existente entre eles pudesse vir a arrefecer e, por fim, se dissipar, apenas por conta disso. A distância física não é tão determinante dos finais quanto dizem por aí. Mas se a mente resolve gradear as lembranças dentro de si, impedindo-as de migrarem até o centro do peito, muda tudo. Ainda que as evoquemos, não há como elas atenderem a tal chamado. Sem o mínimo de recordações pra acelerar o coração e frear o tempo, instala-se a pior das distâncias: a das lembranças. E o tempo continua cumprindo sua sina de carrear a gente sempre à diante, fazendo com que o passado vá tomando forma e ficando cada vez mais distante. Não há como voltar; aquelas abstrações tão vivas, que chegavam a se materializar num simples pensar, vão se tornando cada vez mais rarefeitas. É a distância das lembranças, que costuma desacelerar o coração, ao passo que instiga o tempo a andar mais rápido. No meu caso, enquanto um já não encontrou mais sentido em bater tão apressado, posto que determinadas urgências acabaram se perdendo na teia da confusão que sustentou tua ausência, o outro também não viu nenhuma razão pela qual devesse diminuir os passos, já que você não estava mais aqui. Não, não foi o mero fato de já não te fitar os olhos há tantas luas que me faz não ter mais tanto apreço por você. É o aprisionamento das lembranças, seguido da desmemoriação gradual daquilo que fomos e vivemos que anda se instalando, sorrateiramente, por aqui. Sei bem quem você foi, meu bem, apesar de muito pouco te lembrar, mas, hoje, me pergunto sem cessar: quem você é?...

~  Mari Teixeira ~

quinta-feira, agosto 02, 2012

Que assim seja.


"Se alguém vier pedir o meu conselho
A gente não aprende no espelho
A gente vive e sofre pra aprender..." 

(Oswaldo Montenegro)


Aquele desejo de pertença, agora, substituído pelo sentimento de descrença... Outra fase de transição, outra fase de perda: assisto hoje ao diminuir do volume de uma falta que, de tão incrustada, nunca julguei, por si só, que ela ousasse vazar. Sinto pela impotência de não conseguir estancá-la; nem sei também se quero mais. Mas, e quando eu não sentir mais o peso da ausência pressionando meus órgãos, tensionando meus nervos, excitando minhas sinapses, preenchendo meus nadas? Poderia alguém mensurar o tamanho do vácuo que já me invade diante da perda dessa ausência, dada à infinita amplitude existente em meu interior?

E se foi a vida que quis assim... acho tão irrelevante a participação dela nesses equívocos cotidianos, os quais protagonizamos com tanto afinco durante toda ela, sobretudo quando a comparo com o poder das nossas escolhas! Consigo isentá-la de se fazer presente em qualquer tribunal. Ainda não entendo porque suamos tanto para absolver nosso livre-arbítrio dessas culpas relacionadas a determinados finais, mas, de qualquer forma, que assim seja. É tão bom quando se aprende a deglutir as perdas...


~ Mari Teixeira ~

quarta-feira, agosto 01, 2012

Amanhã ou nunca mais.



Eu precisei ligar pra poder me desligar. Rasgar meu vestido preto poucas horas depois de me casar com a realidade da tua falta. Fechar os olhos, virar de costas e te jogar pra cima e pra trás: quem te pegar que faça bom proveito, e que troque alianças com seus pedaços. Quem sabe, um dia, você cresça e aprenda a arte de ser inteiro - primeiro pra si, depois pra alguém. E no dia seguinte, bem cedo e nua, tive que sepultar as cinzas de esperança que tuas promessas vãs abandonaram em mim. Eu tive que perder o medo de  perder na teoria o que eu já havia perdido na prática. Eu nem sei como meu útero conseguiu segurar teus restos necróticos por tanto tempo, ainda que em meio a dores infernais, nem de onde eu arranquei coragem pra poder pari-los de uma vez por todas e sem anestesia - talvez do mesmo lugar que me forneceu covardia suficiente pra não te procurar ao longo de todo esse tempo durante o qual me contentei em apenas velar nossa estória: uma estória que, num coma inimaginável de saudade, jazia inerte no berço de uma brevidade que eu teimava em não querer abreviar.

Era mesmo preciso ligar e depois desligar - mas sem ficar chorando, ao fim de tudo, na linha muda - pra ver do medo nascer a cura. Pra poder entender que um dia o tempo há de soprar nos nossos ouvidos se realmente nos perdemos ou sequer no achamos, apesar de termos nos encontrado por noites a fio... Ele ainda vai gritar bem alto se aquele espaço de tempo no qual subexistimos tinha a exata medida da nossa finitude, ou se ainda sobrou algum metro  quadrado de infinito que nos caiba - amanhã ou nunca mais.


~  Mari Teixeira ~

segunda-feira, julho 30, 2012

Porque quer ficar.




Quais são as cores e as 
coisas pra te prender?... 

(Cazuza)


Deste esforço, eu me isento: desta interrogação maldita. Quero muito que você venha, sabe, de verdade. Quero tanto, que não cabe em mim. E que depois de tão-bem-vindo, que fique, que deite na rede da varanda da minha existência e me peça pra te balançar até o sol apontar do lado de lá. Mas, quero que você mesmo traga sua aquarela e suas algemas, que se pinte, que se prenda, que me poupe dessa arguição apelativa, desse empenho inútil de te manter, constantemente, em supostas rédeas firmes... Quero muito que você venha porque quer vir, que fique porque quer ficar, que me ame pelo simples fato de eu ser eu, por mais incolor que tudo possa parecer... 

                                                        Será que você ainda pensa e mim? 
                                                                             


Mari Teixeira

quinta-feira, julho 26, 2012

Porque minha cor preferida é a amarela.


No auge dos meus trinta anos, sua cútis verdinha me confundiu de verdade: você não era o ser de outro mundo que eu julguei ser até dias atrás; era fruto imaturo mesmo, que eu, displicentemente, resolvi degustar. De fato, nunca havia visto disco voador nenhum estacionado na porta da sua casa, nem anteninhas ou competências sobre-humanas - eu te inventei pra me recriar, acho que foi por aí. Já o leve azedinho que compunha teu gosto - delicioso gosto (nem sei se vale mais a pena frisar isso, mas, vamos lá) - passou facilmente despercebido diante dos dulcíssimos momentos vividos. Passados tais instantes, o sabor azedo, dia após dia, vem se pronunciando, e só então percebo o quão cedo te colhi. Você, saudoso do seu galho, escolheu retornar à ele. Há metros do chão, ainda que envolvido por uma insegurança e por uma confusão sem fim, quis estar [novamente] pendurado e vulnerável. Hoje eu sei, vivemos em estações diferentes e, eu até poderia quebrar-seu-galho e forçar o espatifar de ambos no chão mais próximo que houvesse, mas, sabe, minha fome é pra já, covardia é algo que não costumo mais tolerar, de um futuro nosso em comum não há mais o que se esperar, e minha cor preferida é a amarela.

Mari Teixeira

terça-feira, julho 24, 2012

Eu, que não desaprendo a ser eu.


As minhas madrugadas in on e minhas lágrimas in off. Meus escritos imbecis e meus sonhos noturnos frívolos, minhas especulações tolas e abstratas, minhas festas fantasiosas, minhas fantasias curtas e ridículas, minhas doses insanas de vodka com energético, meus livros de auto-ajuda empilhados na parte do meio do guarda-roupa, minhas músicas de fossa, minha sentimentalidade exacerbada e meus amigos bradando aos meus ouvidos, loucamente, o verbo esquecer no imperativo afirmativo. 

São fugas pra conseguir continuar inibindo a necessidade de apertar o rewiew do nosso curta-metragem que foi jogado na lata de lixo de um terreno baldio qualquer, como se tudo nunca houvesse valido nada. Por mais que eu tente - e consiga - pôr em prática a ideia de ocupar seu espaço com outras pessoas e coisas, cada passo em falso só falsea ainda mais a minha visão de futuro e aumenta o diâmetro do buraco que a tua pouquidade instalou na minha vida.

O meu coração in on e o meu cérebro in off. Até quando?

domingo, julho 22, 2012

Vazio com vazio.


Dentre as minhas fracassadas e deprimentes tentativas em preencher tua ausência, empurrar você pra fora de mim na esperança de encaixar outro no seu lugar foi uma das mais frustrantes e frívolas experiências, na qual eu me deparei com outras faltas tão imensas quanto: já não bastava faltar você, e faltava química, faltava sentimento, faltava afinidade, faltava sintonia, faltava teu cheiro, faltava teu gosto... faltava tanta coisa!  O diâmetro, então enorme, daquele buraco em minha alma só aumentou... No desespero de me livrar da tua presença-ausente, acabei esquecendo que ninguém é descartável - ainda que você tenha feito com que eu me sentisse como tal - e que é impossível preencher vazio com vazio: tua pouquidade já é grande demais pra eu completá-la com outras. Chega a ser bonito, e até parece eficaz essa coisa de que "um amor se cura com outro", mas na prática a teoria é outra: não passa de mais um clichê barato, alienante e revoltante, simplesmente porque o amor não é exato e não perpassa por ele gota alguma de lógica. Nele não se leem regras. Dele fogem todos os padrões. Ele é imune a receitinhas de liquidificador e a vazios anabolizados. É ele que naturalmente ultraexiste nesse coração vacuolizado, pelo mero fato de você existir, e compete insistentemente e à altura com a infinitude que tua falta teima em tomar toda pra si. Mas se a frieza dela me abraça, a quentura dele me aquece... E você, por mais ausente que seja, não sai de mim.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮


sábado, julho 21, 2012

No espaço.


Fotos nem ocupam tanto espaço assim; 
sentimentos, sim: 1 alma toda. 1 infinito inteiro.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

sexta-feira, julho 20, 2012

Amor-amigo-amor.




- "A gente sabe demais um do outro."

Vira e mexe comentávamos isso um com o outro, sempre que alguma circunstância nos atentava para a desnecessariedade de sabermos tanto sobre nós dois, mas já era tarde: um cupido-bom-de-mira resolveu mudar sua rota e  sobrevoar nossas cabeças, atirando flechinhas com rêmiges em formato de coração e pontas flambadas de paixão, exatamente em nossa direção. Resultado: a tal amizade, insatisfeita com a superficialidade e a leveza daqueles toques epidérmicos, resolveu virar desejo sem sequer nos avisar e, quando nos demos conta, a cama havia se tornado mais um ítem do cenário da nossa cumplicidade. Àquela altura, já havíamos segredado sentimentos, emoções, fatos e desabafos, gargalhadas e receios, e isso também nos fazia muito mais do que amigos: éramos confidentes, ainda que, ao final de cada sessão-de-amizade-sincera, o seu olhar de homem fulminasse o meu olhar de mulher, fazendo-me derreter instantaneamente, e meu corpo já começasse a dar sinais de rendição àquela necessidade flamejada de fundi-lo ao seu. Daí em diante então, meu amor, eram os nossos corpos que segredavam um ao outro sussurros e fluidos, da mais sublime forma de entrega  que podia existir. Daí, meu amigo,  que você se tornou meu homem, meu lindo, minha paixão, meu quase-tudo e quando partiu, me deixou aqui com esse quase-nada, e por mais que eu implorasse que você desfizesse o desejo que nos assola em amizade, de nada adiantou: parece ser irreversível essa mutação: ímãs serão para sempre ímãs... e amores também.


Mari Teixeira

quinta-feira, julho 19, 2012

Reminiscências.




E, do nada, você me vem, daquele mesmo jeitinho sem jeito de sempre. Aquele jeito que eu amei de cara,  de uma forma tão rara, aquele jeitinho-peça-complementar do quebra-cabeça que a minha alma há tempos tentava montar, sem êxito. Encaixe perfeito - isso nem você nem ninguém pode negar. Você sempre me vem, e passeia sem cerimônia alguma pelo quintal da minha existência - que não deixa de ser uma extensão da sua também. Sempre vem: é só abrir os olhos toda manhã pra ser assaltada pela tua lembrança que me rouba o tédio, fomenta minhas pequeninas alegrias e me inaugura por minuto e por completo.

Mari Teixeira