sábado, abril 18, 2009

Shiiiiiiii...

Às vezes escapa. Eu sei. Acontece, né? E eu não vou condenar ninguém porque escapou alguma coisa, até porque eu tenho certeza que eu também já deixei escapar tantas coisas, tantas vezes, e talvez ainda deixe escapar um dia. Antes eu achava que falar sem pensar era um direito meu, mas hoje eu prezo muito mais o direito do outro que não tem obrigação de ouvir comentários que eu classifico como sinceros demais. Não quero impedir ninguém de possuir opnião própria acerca de determinados fatos e assuntos, inclusive aqueles que envolverem direta ou indiretamente minha pessoa ou alguém que eu queira bem, independente da veracidade e da lógica presentes nessas opniões. Mas eu quero registrar aqui uma coisa: se não for pedir muito, e se você ainda tiver alguma gota de domínio de si, use-o da próxima vez que se dirigir a mim e me poupe de ter que escutar certos comentários desnecessários...

domingo, abril 12, 2009

Por quê?

E tem porquê? Quase nada nessa vida acontece como a gente acha que vai acontecer. Há mais exceções do que regras em si. Você acorda cedo, se alimenta de frutas e verduras, respeita as leis de trânsito, estuda pra caralho, dá lugar a um velhinho na igreja, obedece aos pais, chega sempre cedo no serviço, e sabe o que acontece? Vem um cara de lá e arranha seu carro, uma professora miserável que não foi com a sua cara e implica com tudo que você escreve, um patrão mercenário que acha que 7 horas da manhã é um pouco tarde pra você chegar no serviço... Vem um otário de lá e rouba seu celular, um padre que não perdoa uma nota errada em uma música, um sei-lá-quem que se diz seu amigo mas que, na primeira oportunidade te apunhala pelas costas... É isso aí meu caro. Mas, quem disse mesmo que a vida era feita de barganhas? Quem disse que lágrimas são exclusividades dos eternos infelizes, pobres e "pecadores"? Quem foi mesmo que te disse que se existem perguntas, existirão respostas? Pois eu te afirmo: há mais mistérios diante de cada vírgula que escrevi aqui, do que respostas pra cada questionamento que fazemos durante uma vida... talvez elas até existam... mas sejam tão fortes que não suportaríamos sabê-las.

sexta-feira, abril 10, 2009

Eu e meu melhor amigo



"O meu melhor amigo morreu numa tarde triste de sexta feira. O sol ainda era quente e o calor era intenso. Morreu de um jeito cruel. Vítima de um sistema político e religioso que não sabia entender que Deus prefere os miseráveis. Morreu porque amou demais, morreu porque não sabia mentir.O meu melhor amigo não sabia ser indiferente. Viveu o tempo todo recolhendo os que estavam caídos e desacreditados. Ele foi um ser humano inesquecível! Entrava em lugares proibidos e dormia na casa de pessoas abomináveis. Trocou santos por Zaquêu, doutores por Mateus. Não se preocupava com que os outros estavam achando dele, mas ocupava-se de sua vida como se cada instante vivido fosse o último.Meu melhor amigo tinha o poder de ser irreverente. Ele olhava nos olhos dos fracassados e lhes restituía a coragem perdida. Segurava nas mãos dos cansados e os convencia que ainda lhes restavam forças pra chegar.O meu melhor amigo era desconcertante. Tinha o dom de confundir os sábios e encantar os simples. Eu um dia também me encantei com ele. Chegou num dia em que eu não sei dizer qual foi. Chegou numa hora que eu não sei precisar. Sei que chegou, sei que veio. Entrou pela porta da minha vida e nunca mais o deixei sair. Somos íntimos. Minha fala está presa à dele. Eu o admiro tanto que acabo tendo a pretensão de querer ser como ele. Já me peguei cantando pra ele os versos de Tom Jobim: “Não há você sem mim e eu não existo sem você!” Ele sorri quando eu canto.Meu melhor amigo me ensina a ser humano. Ele me ensina que a vida é uma orquestra linda, mas dói. Ele me ensina a apreciar os acordes tristes... e aí dói menos. A beleza distrai a tristeza. Foi assim que eu assisti à sua morte na sexta feira santa. Eu sabia que era passageira. Era apenas um interlúdio feito de acordes menores, dilacerantes de tão tristes. Meu amigo não sabe ser morto. Ele gosta é de ser vivo, vivente. E é assim que eu entendo a dinâmica da Ressurreição. Quando digo: “Ele está no meio de nós!” eu estou convidando o meu amigo a ser vivo através de mim. Quem ama de verdade leva sempre a criatura amada por onde vai. E é assim que o amor vai se tornando concreto no meio de nós. É assim que a vida vai ficando eterna... e a gente vai ressuscitando aos poucos...Hoje eu acordei mais feliz. Nada de especial me aconteceu. Apenas me recordei que meu melhor amigo ainda acredita em mim, apesar de tudo. Eu sou um legítimo representante de sua ressurreição no mundo. Não posso me esquecer disso. As pessoas olham pra mim... Eu espero que elas não me vejam... Eu espero que vejam o meu melhor amigo, em mim."


Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, abril 02, 2009

Quaresma: preparo para a ressurreição


A quaresma está chegando ao fim. Ao contrário das tantas outras, essa foi muito intensa pra mim, mas só consegui perceber isso hoje. Foram 40 dias de deserto ferrenho. Durante esse tempo, não me faltou água ou comida, mas posso afirmar que foram dias vazios e cheios de dor, de luta, de sofrimento e tentações. Você que acompanhou meu blog, pôde perceber. Tudo parecia acontecer como uma avalanche. Quando eu pensava que tinha terminado, algo acontecia e começava tudo de novo. E eu sangrava tudo de novo. Cheguei a pensar que não ia suportar. Mas, eis que cheguei aqui. Ao final da quaresma. Viva! Porque Deus não nos permite nada que não possamos suportar...

Agora eu me preparo para sair do deserto e entrar na Semana Santa e nos grandes mistérios que a envolvem. Eu me preparo para me encontrar mais uma vez com a razão da minha vida e da minha fé: Jesus Ressuscitado. Porque essa vida não pode viver perpassada por sentidos limítrofes; se assim for, ela cai em meio ao vão. Nossa vida tem que ser perpassada pela certeza da ressurreição, de fins que se transformam em recomeços, de feridas que se cicatrizam, e de dores que se desfazem em aprendizado.

A semana que se aproxima não é uma semana como todas as outras 51 semanas de um ano qualquer. É sempre diferente, inclusive as cores ao nosso redor. O vento da noite que bate em meu rosto, a chuva forte que caiu hoje à tarde, a lua crescente escondida em meio às nuvens, uma forte e doce presença [sobrenatural] ao meu lado enquanto falava ao telefone, trouxe cheiro de ressurreição ao meu quintal... e me fez relembrar que se Ele já ressuscitou, não há mais o que temer.