segunda-feira, maio 14, 2012

Né de Deus não.



Problema tá todo aí, Zé... quem experimenta de um troço chamado amor não quer mais viver pulando de boca em boca, de corpo em corpo, de vida em vida... Sabe? É quando a matemática perde a lógica e 1 + 1 deixa de ser 2 pra continuar sendo 1.  Quando o que já fazia sentido passa a ser, de fato, sentido. Na pele. É quando você sente um 'click' seguido de um susto e se dá conta que o tal encaixe perfeito existe, e ele acabou de acontecer com você, ainda que aos 45 do segundo tempo. Perfeito! Meu Deus, Zé... é quando você consegue mensurar, de fato, o infinito, simplesmente por estar mergulhado nele! Não tem receptor tátil que escape. Tipo, aquilo que você não tinha muita noção agora cabe, sem folgas, no seu entendimento. Muda tudo, Zé, tudinho mesmo. Muda a cor dos dias e da rosa vermelha que dá no canteiro da vizinha também. Eu juro, juro por tudo que é mais sagrado, Zé, que ela tava bem diferente hoje cedo, quando eu saí pra trabalhar. Ela mudou o tom de vermelho umas dez vezes. Sério! Eu olhei pra ela e, sabe quando a gente para e lembra, foi bem assim, eu juro que vi, eu vi ele e eu, nós dois, Zé, ou melhor, "nós um", estampados em cada pétala, e como num espectro, enxerguei um bando de vermelhos em fração de segundos: o vermelho-sangue, o vermelho-do-meu-olho-de-tanto-chorar, o vermelho-azedo-de-um-morango-qualquer, o vermelho-do-meu-batom, o vermelho-doce-do-lábio-dele, o vermelho-puta-do-esmalte-que-ele-adorava, o vermelho-coração, o vermelho-amor. Entrei no carro, liguei o som e dei a partida com ele no pensamento. Me peguei sorrindo quando parei no semáforo perto de lá de casa. Mas, que diabos, Zé, ele me deixou e eu ainda tenho a cara de pau de amanhecer sorrindo? Fechei os olhos e pedi a Deus que tomasse conta dele hoje, ontem, amanhã e depois. Que ele fosse feliz, comigo ou sem-migo. Depois, resmunguei baixinho: 'diacho de amor! Né de Deus isso não...'

╰☆╮ Mari Teixeira ╰☆╮

11 comentários:

John Sanctus disse...

"Diacho de amor! Né de Deus isso não". Será? Só vejo Deus nessa pureza de sentimento que você expressa. O que pode n ser de Deus, nesse caso específico, é a direção e o sentido que desse amor. Mas quem disse que amaríamos somente a quem nos ama? Onde estava escrito isso? Lindo, meu anjo!!

Cecel disse...

Oxe minha linda!!! É claro que o amor é de Deus!!! As sacanagens dos homens é que não são!!!! Infelizmente o mundo está cheio de gente invejosa e babaca querendo usurpar tudo que há de melhor em nossas vidas. Se avexe não viu? Se precisar de um ombro amigo estou aqui!
Celice

Pinbelaura disse...

Ele é sim de Deus,o que não é de Deus é o que ele nos causa,por vezes Mari...Chega a ser sobrenatural,inumano...Mas eu acho que tudo em excesso faz mesmo mal viu? Amar demais,gera consequências sérias...E mais doloroso ainda,quando algo impede que tudo dê certo.Fique bem,te amo!!!Tá lindo!

LUCIANO MEDRADO disse...

Diacho... Essa palavra remete a um desconforto com a situação vivida. É expressão sem entendimento. Lembro agora da canção da Maria Gadú "João de Barro" em um pedacinho da música essa palavra "diacho" ressoa como uma certeza de querer o outro perto com sons e ecos de retorno. O outro sempre fica em mim nas coisas que em mim ele gostava. Não tem como não lembrar.E se eu lembro é para dizer sempre para mim: Que bom que foi bom.

Sarah Oliveira disse...

"Diacho" de texto lindo da gota!!
Amei amiga..Você como sempre arrasando!!
^^
Perfeito!!

Lari disse...

Aiiiii.... amei! muito lindo!

Edson Pinto disse...

Muito legal!!

Ramon Luduvico disse...

Lindo... É ser feliz uma vez no amor, faz a gente sorrir mesmo quando o amor faz lágrimas... Vc é linda, vc é amor... Felicidades!

Rogério Monstro disse...

É Zé!!! Vai ficar acordado!!! Aí tu ouve Zé!!! rsrsrsrsrr Lembra quando Zé falou pra vc na frente do Havana, que quando a gente ama, nós não mudamos o outro, mudamos nós mesmos pra querer continuar ao lado do outro, amor é renuncia e a renuncia dói. Quando o amor, é correspondido, os dois se anulam e a dor não existe, vemos tons de verde, amarelo, azul. Mas quando existe a falta do amor do outro isso remete-nos a paixão não usufruída e ai aparecem os tons vermelhos, vermelhos de vontade de sentir o outro, cheirar, tocar e nos contentamos as vezes com doses homeopáticas de gestos confusos, como um sorriso que não foi pra vc, com uma piada que não leva a vc, ou qualquer coisa que nos leve ao equivoco esperançoso de ser querido de novo por alguém que talvez não nos queira mais, ou não tem coragem de assumir que sente a mesma coisa.

Verônica Barbosa disse...

Mary, que texto massa!
E esta capacidade de se expor, se apresentar escancaradamente usando sutil e sabiamente as palavras, isso sim é de Deus!!!! Beijos....

Marcio Neri disse...

Poxa Mari, que coisa linda, você vive o poema antes de escrevê-lo. Assim fica muito mais interessante, sendo que certas dores nunca são interessantes, e que as vezes é melhor nem senti-las, mas já que ta sentindo, vamos escrever! ;)