Frágil demais...

É incrível. Basta uma situação vir à tona e eu me lembro de alguma coisa que ele falou. Hoje, o trecho é o seguinte:

"Nós, humanos, temos uma dificuldade imensa de lidar com a fragilidade do outro (...) Não estamos preparados para encarar a fragilidade. Parece que a nossa educação está sempre voltada para nos revestir de uma coragem que nos faz esquecer o limite."

(Pe. Fábio de Melo)

Ontem me perguntaram como eu estava. Confesso que costumo responder que estou bem, mas, na maioria das vezes, não passa de uma resposta meio que mecânica. Pois bem, ele me perguntou, e eu resolvi dar uma de sincera, sei lá, talvez até a nível de desabafo, ou pra tentar dividir um pouquinho essa carga que anda demasiadamente pesada para os meus tenros 40kg.

- "Não, hoje eu não tô bem".

Acreditem: eu ouvi um sermão por causa disso. E ainda recebi uma ameaça amigável: "da próxima vez que eu encontrar você, e você me disser que não está bem, você vai ver!". (...)Imediatamente recordei-me desse trecho de uma pregação do Pe. Fábio cujo título é O direito de ser fraco (e que eu postei aqui em outubro/2007 - vide arquivo do blog). Mas, sinto informar. Eu sou fraca. Há dias nos quais estou muito bem, há dias nos quais não estou, e há dias que eu tô péssima mesmo, só o bagaço. Isso não me faz menor diante de Deus, nem muito menos me afasta dEle, já que sua Palavra me assegura que "...quando sou fraco, então é que sou forte" (II Cor 12, 10). Sabendo bem quem eu sou, tomando ciência dos meus limites e fraquezas, dos espinhos e das dores fica mais fácil me colocar diante dEle... fica mais fácil tentar consertar o que não está no lugar.

Essa mania de fortaleza e de infalibilidade que algumas pessoas apresentam me perturba, mas sobretudo, me preocupa, porque eu era assim e garanto: no dia em que a gente dobra uma esquina dessas da vida e se bate de frente um limite nosso que era desconhecido, o choque é doído... ou você muda ou se deprime. Por isso Pe. Fábio fala que é necessário sangrar, colocar pra fora, apurar as causas. Escondê-las pra quê? Se Deus vê tudo? Mentir que não as tem... pra quê? Desilusão é coisa ruim de se viver...

Sou fraca viu? Muito. Tenho segurado as barras que posso, porque também creio que Deus nunca nos permite algo que não suportemos. Ele sim é fiel. Eu não. Eu tento ser. Ora consigo, ora não. Quando isso acontece eu sinto vergonha, olho pra Ele, mas Ele me diz: levanta, tenta de novo! E lá vou eu! Ele, mais do que ninguém, sabe de mim. Eu não canso de repetir isso aqui. E eu me comprazo em suas promessas e na certeza de que a minha salvação depende justamente do que Ele sabe de mim, e não no que os outros vão me dizer na próxima vez em que eu não estiver bem...

Estranho

Estranho. Ultimamente você tem me sido tão estranha...! Eu olho pra você e não a reconheço. Eu tento olhar nos seus olhos, mas você me evita. Eu vejo seu semblante mais leve, seu cabelo mais solto, suas roupas sempre novas, e uma cara supostamente mais feliz, mas eu não me engano; ainda acho que isso não passa de uma fuga. Você se tornou o oposto - o completo oposto - de tudo aquilo que sempre criticou, de tudo que sempre odiou, e eu não consigo não me assustar com tamanha transformação. Tá, eu sei, as pessoas mudam, eu mesma mudei pra caramba, e acho isso válido, mas desde que a essência permaneça, o que não tem sido o seu caso. Naturalidade tem limite. Às vezes ela nos arrasta para o fundo do poço. É só pensar nos mosquitos. Eles são natualmente atraídos pela luz. Mas quando chegam muito perto das lâmpadas, acabam tostados... Tem sido muito difícil pra mim ver a sua natureza te derrubando aos poucos, sem que você perceba. Pior do que conviver com um estranho é ver nascer um, da noite pro dia, bem debaixo do seu nariz. E não poder fazer nada pra impedir o processo de estranheza (essa palavra existe???), nem saber pra onde ir nem o que fazer com essa sensação de que você tá mais pra extra terrestre do que pra gente do planeta que você mesmo me ensinou a chamar de "nosso" e a reconhecer seus padrões, protocolos e princípios. Eu não achei que sentiria tanto ao ver, um dia, tudo tão bagunçado e esparramado, sem perspectiva de reparo ou recomeço, seja lá qual for. E eu sinto mais ainda por perceber que você é uma das peças no meio da bagunça, e eu sou outra, perdida sem saber por onde começar a organização, se é que eu tenho capacidade para tal. Eu só queria que você percebesse melhor os caminhos colocados ao longo dos 180º que te semi-circundam e escolhesse aquele que fosse menos doloroso pra você e pra todos nós, porque 20 anos de sofrimento consecutivo dilacera qualquer alma... Acho que já chega, não? Só isso.

Recadinho de Deus

"Deus diz que muitas coisas que teu coração necessita ainda não tem acontecido, mas que você confie nEle, que Ele não esqueceu das suas necessidades..."

Foi uma daquelas mensagens em massa que a gente recebe pelo orkut (e que ainda tem tom de corrente, tipo, "encaminhe para x pessoas e terás um milagre hoje") mas que me tocou profundamente. Na hora em que li, senti como se fosse o próprio Deus que o tivesse enviado, via scrap. E eu venho declarar aqui que eu acredito piamente nisso.

Pára o mundo... eu quero descer!

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

Caio Fernando Abreu

Toneladas

'UMA DOR POR VEZ, OU O MUNDO TE PESA..."

Quisera eu que sempre fosse assim... uma por vez! Mas, não estou dando sorte. O que será mesmo que a vida tem tentado me dizer? Acho que Carol foi feliz quando postou essa frase no comentário do meu último post... porque é exatamente isso. Ou, pelo menos, deveria ser assim... Se eu pudesse sair de mim e olhar a minha situação por fora, acho que me veria debaixo de toneladas de escombros, frutos da implosão de um prédio de 27 andares. Dei azar... estava na garagem quando tudo aconteceu. Ruiu tudo sobre mim. E agora não consigo sair. Além do peso, ainda tenho que lidar com a poeira na cara e no corpo todo, e com a expectativa de algum possível deslizamento de escombros que estão menos próximos de mim. Debaixo de tanta tralha, sinto [literalmente] meus órgãos sendo comprimidos. Me sinto esmagada, cansada, irritada, doída... e ninguém pode fazer nada pra me tirar daqui...

"Essa morte constante das coisas é o que mais dói"

Caio Fernando Abreu

Sem controle

"Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra."

(Caio Fernando Abreu)

Meu passado tem sido tão presente...! Chego a me engasgar com as lembranças, ora boas, ora ruins. Meu futuro tem se tornado tão imediato...! Me vejo tão impotente nesses momentos...! E aquele velho propósito de viver um dia após o outro tem escapulido das minhas mãos... Onde está mesmo o controle remoto? Acho que ando perdida nos meus labirintos...

Geladeira

Eletrodoméstico super importante, essencial na nossa vida. Conserva os alimentos, resfria os líquidos. Só nunca vi gente vivendo dentro delas...

Chocada...!

"Esse padrasto cometeu um pecado gravíssimo. Agora, mais grave do que isso, sabe o que é? O aborto, eliminar uma vida inocente."

(Dom José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife)

Primeiramente, gostaria de deixar bem claro que o post em questão não tem o intuito de julgar nenhuma das partes envolvidas nesse caso da menina de 9 anos que teve a tripla infelicidade de ser estuprada pelo monstro do padrasto, contrair uma gravidez gemelar e ainda ser submetida a um aborto. Mas, não posso negar que a reação do arcebispo de Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho, ao excomungar a mãe da menina e os médicos envolvidos no procedimento, me chocou, me entristeceu e me fez sentir vergonha de ser católica...

Talvez seja a necessidade de viver pela misericórdia de Deus que me faz pensar que ela é a única coisa que nos basta hoje. Por isso não consigo compreender esse ato de condenação. Nem consigo entender a comparação feita pelo senhor Arcebispo com relação ao estupro e ao aborto... quem inventou esse termômetro?

Ao invés de ficar por aí, afastando as pessoas dos sinais de Deus manifestados nos sacramentos, a Igreja Católica deveria criar uma pastoral para assistência médica, psicológica e espiritual à crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência, seja ela sexual ou não, legitimando assim a vida tão marcada dessas pessoas. Ao invés de ficar por aí, apontando o dedo na cara dos "pecadores", poderia investir no carisma do acolhimento, e voltar os seus olhos à necessidade que nós, seres humanos, temos de sermos olhados como tais, cheios de virtudes e limites, passíveis de erros e acertos, de quedas e soerguimentos. Ao invés de ficar por aí insistindo em manter os fiéis pelo medo da condenação eterna, poderia apontar apenas o Cristo, que é amor por excelência e que, por si só, tem o poder de transformar tudo.

Por fim, se esse post lhe choca, saiba que a excomunhão das pessoas anteriormente citadas me choca muito mais. É muito fácil apontar o dedo pra televisão e julgar à vontade; difícil é viver o que essa menina e sua família tem vivido. Difícil é ter que escolher qual vida deve ir e qual deve ficar, mesmo quando a chance de ambas desaparecerem é certa. Quem se arrisca a opinar? Quem está lá pra sentir na pele tudo isso? A nossa sorte é que Deus sonda todos os corações...

No words...

"Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança. Mas só fico aqui parado, sem sentir nada, sem pedir nada, sem querer nada."

Caio Fernando Abreu