quarta-feira, maio 28, 2008

Invasão


Invadir. Verbo de significado forte. É muito mais do que matar ou roubar, levar aquilo que é seu. É entrar naquilo que você é. Quem invade, viola, perturba. Fere, mesmo sem que sangre. Acho interessante a gente começar a perceber isso. Que o meu limite termina quando o do outro começa. Que cada um traz traumas, mistérios, e um passado que só cada um sabe como foi. Que, por mais que exista intimidade, existem pontos na nossa alma que não devem ser tocados. Pontos de dor, de fraqueza, pontos de medo, de angústia, pontos que às vezes nem nós próprios conhecemos. E mais ainda. Que existem pontos sagrados, locais onde a visita é estritamente proibida, salvo se você permitir. Não uma permissão subliminar, quando o outro "acha" que pode entrar. Mas, quando a gente diz abertamente: "entre! Você é bem vindo!". Muita gente acerca-se de nós, e num momento de confusão, às vezes até no intuito de querer ajudar, acabam achando que podem nos invadir, em outras palavras, entrar sem pedir licença.


A gente pede licença pra passar na frente da Tv quando alguém está assistindo; pede licença ao se levantar da mesa; pede licença a alguém que está obstruindo a passagem; pede licença ao professor quando chega atrasado. Por que não pedir licença antes de entrar na vida de alguém? O que nos leva a crer que o tipo de relação que nos une, seja familiar, fraternal, amorosa, profissional ou até informal, é senha de entrada para o nosso íntimo? E eu não me refiro apenas à invasões emocionais e psicológicas, mas também à invasões físicas, abusos, estupros, e porque não citar, beijos roubados, "mãos-bobas" e outras formas de invasão física. É tão doloroso quanto.


Tenho direito aos meus segredos, aos meus mistérios, aos meus desejos. Revelo-os a quem acho que devo, na hora que devo. Às vezes a gente erra, permite que pessoas erradas entrem em nossa vida, mas a chave é nossa, e a gente tem o poder de expulsá-las e fechar-se quando percebe que existe intruso por ali. Ninguém tem o direito de se fazer refém de outrém...


Eu quero entrar na vida das pessoas sempre pela porta da frente, e sempre quando convidada. Opinar quando solicitada, quando desejada. Não me interessa fuçar segredos, adentrar em labirintos da alma de ninguém. Deus já faz isso, e de forma plena. Não tenho interesse de me mostrar "a Mulher Maravilha", resolutora dos problemas de toda a humanidade. Não que eu não me preocupe com eles, e que eu não queira, não é isso. Mas, acreditem, se um dia eu for resolutora de alguma coisa na vida de alguém, não aparecerá num outdoor. Quero entrar na sua vida se for para lhe completar de alguma forma, lhe oferecer o melhor de mim, lhe fazer bem e lhe ajudar naquilo que for preciso, nas pequenas coisas, sem recompensas maiores além de sua compreensão e respeito. Não tenho interesse em achar que eu posso "salvar a alma" de ninguém; Deus cuidará disso. Quero ser eu mesma... nossa...!!! Será que eu posso?


Paz e bem!
Marianne