segunda-feira, julho 30, 2012

Porque quer ficar.




Quais são as cores e as 
coisas pra te prender?... 

(Cazuza)


Deste esforço, eu me isento: desta interrogação maldita. Quero muito que você venha, sabe, de verdade. Quero tanto, que não cabe em mim. E que depois de tão-bem-vindo, que fique, que deite na rede da varanda da minha existência e me peça pra te balançar até o sol apontar do lado de lá. Mas, quero que você mesmo traga sua aquarela e suas algemas, que se pinte, que se prenda, que me poupe dessa arguição apelativa, desse empenho inútil de te manter, constantemente, em supostas rédeas firmes... Quero muito que você venha porque quer vir, que fique porque quer ficar, que me ame pelo simples fato de eu ser eu, por mais incolor que tudo possa parecer... 

                                                        Será que você ainda pensa e mim? 
                                                                             


Mari Teixeira

quinta-feira, julho 26, 2012

Porque minha cor preferida é a amarela.


No auge dos meus trinta anos, sua cútis verdinha me confundiu de verdade: você não era o ser de outro mundo que eu julguei ser até dias atrás; era fruto imaturo mesmo, que eu, displicentemente, resolvi degustar. De fato, nunca havia visto disco voador nenhum estacionado na porta da sua casa, nem anteninhas ou competências sobre-humanas - eu te inventei pra me recriar, acho que foi por aí. Já o leve azedinho que compunha teu gosto - delicioso gosto (nem sei se vale mais a pena frisar isso, mas, vamos lá) - passou facilmente despercebido diante dos dulcíssimos momentos vividos. Passados tais instantes, o sabor azedo, dia após dia, vem se pronunciando, e só então percebo o quão cedo te colhi. Você, saudoso do seu galho, escolheu retornar à ele. Há metros do chão, ainda que envolvido por uma insegurança e por uma confusão sem fim, quis estar [novamente] pendurado e vulnerável. Hoje eu sei, vivemos em estações diferentes e, eu até poderia quebrar-seu-galho e forçar o espatifar de ambos no chão mais próximo que houvesse, mas, sabe, minha fome é pra já, covardia é algo que não costumo mais tolerar, de um futuro nosso em comum não há mais o que se esperar, e minha cor preferida é a amarela.

Mari Teixeira

terça-feira, julho 24, 2012

Eu, que não desaprendo a ser eu.


As minhas madrugadas in on e minhas lágrimas in off. Meus escritos imbecis e meus sonhos noturnos frívolos, minhas especulações tolas e abstratas, minhas festas fantasiosas, minhas fantasias curtas e ridículas, minhas doses insanas de vodka com energético, meus livros de auto-ajuda empilhados na parte do meio do guarda-roupa, minhas músicas de fossa, minha sentimentalidade exacerbada e meus amigos bradando aos meus ouvidos, loucamente, o verbo esquecer no imperativo afirmativo. 

São fugas pra conseguir continuar inibindo a necessidade de apertar o rewiew do nosso curta-metragem que foi jogado na lata de lixo de um terreno baldio qualquer, como se tudo nunca houvesse valido nada. Por mais que eu tente - e consiga - pôr em prática a ideia de ocupar seu espaço com outras pessoas e coisas, cada passo em falso só falsea ainda mais a minha visão de futuro e aumenta o diâmetro do buraco que a tua pouquidade instalou na minha vida.

O meu coração in on e o meu cérebro in off. Até quando?

domingo, julho 22, 2012

Vazio com vazio.


Dentre as minhas fracassadas e deprimentes tentativas em preencher tua ausência, empurrar você pra fora de mim na esperança de encaixar outro no seu lugar foi uma das mais frustrantes e frívolas experiências, na qual eu me deparei com outras faltas tão imensas quanto: já não bastava faltar você, e faltava química, faltava sentimento, faltava afinidade, faltava sintonia, faltava teu cheiro, faltava teu gosto... faltava tanta coisa!  O diâmetro, então enorme, daquele buraco em minha alma só aumentou... No desespero de me livrar da tua presença-ausente, acabei esquecendo que ninguém é descartável - ainda que você tenha feito com que eu me sentisse como tal - e que é impossível preencher vazio com vazio: tua pouquidade já é grande demais pra eu completá-la com outras. Chega a ser bonito, e até parece eficaz essa coisa de que "um amor se cura com outro", mas na prática a teoria é outra: não passa de mais um clichê barato, alienante e revoltante, simplesmente porque o amor não é exato e não perpassa por ele gota alguma de lógica. Nele não se leem regras. Dele fogem todos os padrões. Ele é imune a receitinhas de liquidificador e a vazios anabolizados. É ele que naturalmente ultraexiste nesse coração vacuolizado, pelo mero fato de você existir, e compete insistentemente e à altura com a infinitude que tua falta teima em tomar toda pra si. Mas se a frieza dela me abraça, a quentura dele me aquece... E você, por mais ausente que seja, não sai de mim.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮


sábado, julho 21, 2012

No espaço.


Fotos nem ocupam tanto espaço assim; 
sentimentos, sim: 1 alma toda. 1 infinito inteiro.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

sexta-feira, julho 20, 2012

Amor-amigo-amor.




- "A gente sabe demais um do outro."

Vira e mexe comentávamos isso um com o outro, sempre que alguma circunstância nos atentava para a desnecessariedade de sabermos tanto sobre nós dois, mas já era tarde: um cupido-bom-de-mira resolveu mudar sua rota e  sobrevoar nossas cabeças, atirando flechinhas com rêmiges em formato de coração e pontas flambadas de paixão, exatamente em nossa direção. Resultado: a tal amizade, insatisfeita com a superficialidade e a leveza daqueles toques epidérmicos, resolveu virar desejo sem sequer nos avisar e, quando nos demos conta, a cama havia se tornado mais um ítem do cenário da nossa cumplicidade. Àquela altura, já havíamos segredado sentimentos, emoções, fatos e desabafos, gargalhadas e receios, e isso também nos fazia muito mais do que amigos: éramos confidentes, ainda que, ao final de cada sessão-de-amizade-sincera, o seu olhar de homem fulminasse o meu olhar de mulher, fazendo-me derreter instantaneamente, e meu corpo já começasse a dar sinais de rendição àquela necessidade flamejada de fundi-lo ao seu. Daí em diante então, meu amor, eram os nossos corpos que segredavam um ao outro sussurros e fluidos, da mais sublime forma de entrega  que podia existir. Daí, meu amigo,  que você se tornou meu homem, meu lindo, minha paixão, meu quase-tudo e quando partiu, me deixou aqui com esse quase-nada, e por mais que eu implorasse que você desfizesse o desejo que nos assola em amizade, de nada adiantou: parece ser irreversível essa mutação: ímãs serão para sempre ímãs... e amores também.


Mari Teixeira

quinta-feira, julho 19, 2012

Reminiscências.




E, do nada, você me vem, daquele mesmo jeitinho sem jeito de sempre. Aquele jeito que eu amei de cara,  de uma forma tão rara, aquele jeitinho-peça-complementar do quebra-cabeça que a minha alma há tempos tentava montar, sem êxito. Encaixe perfeito - isso nem você nem ninguém pode negar. Você sempre me vem, e passeia sem cerimônia alguma pelo quintal da minha existência - que não deixa de ser uma extensão da sua também. Sempre vem: é só abrir os olhos toda manhã pra ser assaltada pela tua lembrança que me rouba o tédio, fomenta minhas pequeninas alegrias e me inaugura por minuto e por completo.

Mari Teixeira

quarta-feira, julho 18, 2012

Sonho.



Mas quando, à noite, você passeia pelo meu inconsciente, o meu dia seguinte costuma ruir antes mesmo de nascer... Aquela dor latente emerge, as horas se lentificam, e eu me pego alucinada, te enxergando do nada no nada que permeia meus caminhos subversivos, os quais continuei a trilhar na tentativa de desabastar essa sensação de coração empachado: é que você plantou vida demais em mim pra que eu murche assim, sem quê nem pra quê... 

terça-feira, julho 17, 2012

Abismos.


Como seria possível saber que determinados abismos 
não tem fundo se não fosse gente como eu?

segunda-feira, julho 16, 2012

Um nome.



Daí que o simples som, provocado pelo pronunciar do nome teu, uma vez carreado pelo vento, começa me estremecendo os tímpanos e ecoa numa onda de arrepios, por todo o corpo. Nenhum pêlo escapa. Nenhum músculo fica isento de contrações: é terremoto interior na certa. A boca vira um deserto. A voz embarga e os olhos brilham tanto, tanto, que eu me sinto iluminar por completo, e aqueço, e até esqueço que existe uma ausência paralela ao som do teu nome que grita dia e noite, sem parar, mas sem conseguir ultrapassar o nervo auditivo; nunca alcança o coração. Eu até esqueço da tua dona, do selo colado em tua testa, da algema transpassada em teu pulso, do teu olhar reto, da indiferença dispensada a mim com tanta veemência, da inconsequência estampada em teu olhar, simplesmente porque eu desaprendi a atentar para mediocridades, ao passo que não entendo como você consegue se amarrar tão bem à elas. Mais ainda: eu não entendo como apenas um nome consegue bagunçar completamente minha fisiologia e minha existência, meus lençóis e minha eloquência, nem como você e sua infinitude [ainda] conseguem caber nesse ínfimo e quase microscópico meato que separa a dor do prazer...

domingo, julho 15, 2012

Certeza.


"Eu raramente tenho certezas tão absolutas 
assim, como você."

terça-feira, julho 10, 2012

Finalizando.


A cada dia que declina, a persistente e tênue  perspectiva que ainda teima em subexistir no vão que tua falta causou na minha alma mingua. Essa lonjura que você nos impôs deixou brecha pra tanta coisa! O interlúdio silencioso dessa nossa partitura desafinou nossa sinfonia, desafiou a verdade, e estamos a um fio de perder por completo nossa sintonia. Será que você ainda acha que promessas de ações futuras sustentam alguma coisa além das estórias de amor dos folhetins de novela mexicana? Faz tanto tempo, que talvez nem nos reconheçamos mais. Talvez tua visão nem me estremeça mais os órgãos e tua voz não me cause mais o mesmo rubor de outrora. Talvez aquele sorriso bobo que te ninava madrugada adentro não mais responda à tua presença. Talvez ela tenha aprendido a gostar da barba-de-três-dias que eu te ensinei a usar, já que ela [a barba] ainda anda colada na sua cara, o que te dá um charme singular. Talvez, tenham pichado nossa estorinha com tantas mentiras e chantagens, e a perfurado com tanta maldade e fofoquinhas sem sentido, que hoje o mínimo tracejado daquilo que julgávamos ser concreto, esteja se tornando invisível. Talvez o que fomos tenha se perdido nesse ínterim, pra nunca mais. Talvez eu passe na venda da esquina hoje, depois da academia, e compre um nunca-mais, o pendure no lustre do meu quarto, e comece a aprender a conviver com ele. Faz tempo que não olho pros lados enquanto caminho pela vida; já não caço teu semblante ou teu perfume na multidão. Estamos hoje separados muito mais do que pela distância física; estamos apartados pelo tempo, este senhor que costuma fazer passar junto com ele quem decidimos abandonar, de fato,  à sua mercê - num papel de futuro, lembra? De um futuro que, talvez, não mais será. Certas coisas são predestinadas ao passado mesmo. E há que se conformar com isso.

╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

domingo, julho 08, 2012

Desculpaê!


"Mentiria sobre a cor do meu cabelo. Sobre minha altura. Até sobre meus planos para o futuro. Mas não vou mentir sobre o que eu sinto. Nem sob tortura. Posso mentir sobre minha noite anterior. Sobre minha viagem inesquecível. Mas não aguentaria mentir sobre o que quero por um segundo."

(Brena Braz) 

Desculpa mesmo se minha intensidade arde em você... Se minha exposição te queima... Se esse meu jeito insano de amar te faz doer. Se minhas palavras estridentes te ensurdecem os tímpanos. Se a verdade embutida na minha poesia te rasga a alma; e dói de novo. Se minha sinceridade incita tua revolta. Se tem momentos que eu viro teu espelho e cada defeito meu, agora, te sangra. Se tu não te aceita do jeitinho que tu é - ainda. Se tem vergonha de si mesmo. Se eu joguei no lixo minha mini-coleção de máscaras faz um bom tempo. Releva aí, meu bem: tem que ter muita força na peruca pra assumir que tu é quem tu é. Foram anos de terapia, milênios de lágrimas vertidas, quatro mil pregações de Fábio de Melo, muito joelho ralado, muita cara quebrada, e uma tonelada de boa vontade que eu tive que vomitar pra poder entender que a minha felicidade estava na platéia e não no palco. E mesmo sem entender como/porquê eu nem te conheço e isso te afeta tanto, eu entendo: lá no fundo tu queria, assim como eu, ligar o 'foda-se' e ser, enfim, 'feliz' cá embaixo no auditório, ou vai ver, tu é feliz vivendo no palco mesmo. De fato, daí de cima a visão parece ser mais privilegiada: dá pra atuar e  ao mesmo tempo tecer especulações. E por mais que alguns afirmem que os que vivem na plateia são os verdadeiros 'fortes', discordo: tem que ser muito ninja pra fingir uma vida inteira...


sábado, julho 07, 2012

Silence.


Uma resposta silenciosa. Foi isso. Só isso. Dizem por aí que é a melhor resposta que se pode dar. Pode ser, depende do referencial. No meu caso, especificamente, não tem sido. Pra quem fica do lado de cá, a margem de dúvidas e interpretaçoes diante desse calar é vasta. Pode ser nada. Ou tudo. Ou um nada recheado de tudo. Pode ser covardia, medo, conveniência, consentimento, confusão ou conformação. Pode ser sarcasmo, ironia, brincadeira, coragem, amor, paixão. Enfim, quem saberá o que se passa por trás dessa ausência de manifestação? Você? Continuo sem saber. Só sei que quanto mais você silencia, mais você ecoa...

~ Mari Teixeira ~

Noventa dias.





Aos trinta, eu não pedi um amor, mas ele veio. 
E eu o amei por sessenta lindos dias; foram os 
mais lindos dias da minha existência. Já se 
passaram noventa dias, e eles ecoam 
até hoje. Os dias. E o amor. Também.

quinta-feira, julho 05, 2012

Dream ends.


Um término seria muito menos difícil de digerir do que um aborto... Um corte preciso no cordão umbilical no momento exato do parto. Mas, o que eu vi foi o arrancar brusco de um sentimento que vinha sendo gestado sem a aparente iminência de morte, um cordão rasgado de qualquer forma, uma dor, agora crônica, e uma saudade gorda de ver nossa barriga elastecendo e se agigantando, pra gerar e  fazer caber a felicidade que era parida no auge dos nossos momentos, num útero com quatro câmaras, de mesma musculatura involuntária, mas estriada. Foi muito mais que uma finalização; foi um aborto. Um crime contra a potencialidade de algo que "podia dar certo". Mas ainda assim, não tem raiva, não tem mágoa, nem traumas, nem desprezo. Não tem sentimento de vingança, nem ciúme, nem pressa, nem medo, nem nada dessas coisas mesquinhas que a gente costuma cultivar dentro da gente sempre que destroem nossa felicidade, ou quando jogam um balde de água com cubos de gelos flutuantes na nossa cara, bem no meio daquele sonho cujo sonho era apenas terminar de sonhar: já que a plaquinha do 'The end' tinha que subir, que você nos desse, pelo menos, o direito de dar um fim digno ao que vivemos. No mínimo um final de sono seguido de um leve despertar. Um lento recobrar da consciência. A claridade associada à tua ausência fomentando a indecisão das minhas pálpebras medrosas em revelar-me a crueza daquela cena matinal: o berço está vazio de nós dois; você não está mais aqui... Tem sangue jorrando do meio do peito e do meio das pernas, e uma sensação que me abraça depois da única alternativa que me resta, hoje: sonhar sonhos reais, já que realizar minha realidade tão sonhada beira o talvez... ou quem sabe, o nunca mais.

terça-feira, julho 03, 2012

Evoluindo.


Enquanto ele faz falta, eu faço festa.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

segunda-feira, julho 02, 2012

Num lugar chamado coração.



‎Mas, ao final das contas, essa coisa de que "ninguém vai te querer por isso ou por aquilo" se dissolve diante de um ácido chamado paixão... Põe uma coisa na tua cabeça, meu bem: as razões mais sem nexo desse mundo moram num lugar oco, do tamanho da sua mão fechada, cheio de sangue, chamado coração.


╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮