sábado, julho 31, 2010

Simply.

"O problema é que eu quero muitas coisas
simples, então pareço exigente..."

[Fernanda Young]


Quero sol. Flores. Amigos na varanda. Um violão. Bolinho de chuva nas tardes de domingo. Domingos. Um filho. Som na caixa, dia e noite e madrugada. Muitos livros na cabeceira da minha cama. Mais umas duas tatuagens. Um cabelo sem frizz. Um trampo que me dê prazer. Uma grana que me dê conforto. Um carro popular. Uma faxineira três vezes por semana. Noites tranquilas de sono. E paz. Muita paz.

sexta-feira, julho 30, 2010

Depois. Bem depois.



Depois que o céu despenca na sua cabeça e que o chão some dos seus pés...
Depois que um vendaval destrói seu único abrigo e um temporal lhe arranca toda sua segurança...
Depois que lhe espoliam suas vontades e seus sonhos...
Depois que aquela estrela que sempre brilhou na sua vida começa a ofuscar e a morrer...
Depois que você perde o controle de si...
Depois que você é apresentado pessoalmente ao fundo do poço e vê ele sorrir pra você, enquanto ouve o ruído de suas lágrimas tocando o seu chão...

Então você passa a mensurar as coisas de outra forma.
A enxergar a maioria delas com outros olhos.
A dar mais valor ao mais simples e efêmero momento que possa existir.
A olhar nos olhos e sorrir com o coração.
A agarrar com mais força as oportunidades que atravessam a sua frente.
A perceber as pessoas como pessoas e super-heróis como super-heróis.
A exigir menos de você e menos ainda dos outros.
E a não permitir nunca mais que lhe roubem de você.

domingo, julho 25, 2010

De paz.

Aquelas poucas horas felizes, perdidas no tempo.
Aqueles ínfimos segundos tão venturosos,
esmaecendo-se a cada segundo que passa.
Esses últimos instantes de lucidez,
dissolvendo-se diante da ânsia de plenitude.
Uma gota de esperança condensada a partir do desejo de paz.

sábado, julho 24, 2010

Quem tem alma, não tem calma.

"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma, não tem calma."

[Fernando Pessoa]

sexta-feira, julho 23, 2010

Metade.

Quando paro pra pensar em você, não tenho dúvidas: você há de ser a continuação de todo paradoxo que permeia minha existência: o maior pequenino desse mundo; a felicidade mais doída que se possa experimentar; a metade mais inteira dessa minha vida pela metade.

quinta-feira, julho 22, 2010

Ainda dói.

Doía muito mais porque fora um destino traçado por mãos alheias. Porque lhe arrancaram de si da forma mais covarde que possa existir. Lobos em pele de cordeiro usurpando, sutilmente, sua essência. E sangrou. Ainda sangra. E ainda dói.

sábado, julho 17, 2010

Nó sem gravata.

Um nó na garganta.
Sem gravata apertada.
Aliás, sem gravata nenhuma.
Eu não uso gravata.

sexta-feira, julho 16, 2010

Será?

"Mais de meio julho e um agosto inteiro a atravessar. Conseguiremos resistir?"

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, julho 12, 2010

Corre dentro de mim.

Deitar no seu colo ainda me traz a maior sensação de paz que eu possa experimentar, e por mais que por tantas vezes eu tenha tentado fugir dessa certeza, ela me acompanha e me faz sempre voltar ao ponto de partida, como se eu nunca tivesse me afastado dele. Nem de você. Nem do seu cheiro, que me impregnou de tal forma, que chega a correr nas veias. E pelo que vejo, não tem jeito: nem com hemorragia sai. Afinal, são anos de transfusão contínua. Mais do que qualquer coisa, você corre dentro de mim.

quinta-feira, julho 08, 2010

Uma tristeza que anda.

Um homem, em pé, dois metros distante dela, resolveu se aproximar:
- É sua?
- O quê?
- Essa tristeza que anda.
- Não entendi.
- Sim, é sua... eu a vi saindo de você. E ela anda. Encostou em mim...
Era só o que lhe faltava. Uma tristeza que anda. Que tem pernas. Boca, provavelmente. Braços, com certeza. Nem sempre grita, mas sempre aperta. Acena. Vagueia por aí, mas sempre retorna. Uma tristeza que fala. Fala pelos olhos secos e fixados num ponto qualquer, pela respiração agonizante, pelo coração inquieto, pela pele pálida, pela voz trêmula, pelo sorriso amarelo estampado, dolorido, fingido, invertido... Uma tristeza extensiva, que alcança os outros, por mais que tente ser omitida. Toca, e é gelada. Atropela pessoas, mina sonhos, atravessa vácuos... Incrível. Ridícula. Mas, existente. E o pior de tudo: presente.
P.S. (baseado em fatos reais.)

sábado, julho 03, 2010

Sobre(viver).


Escrevi esse texto em 11 de janeiro de 2008. Reposto aqui, porque ele é mais presente do que qualquer outro que eu tenha escrito ao longo deste 3 anos de blog. É um dos meus preferidos. Ninguém, absolutamente ninguém, tem noção do que revolvia dentro de mim enquanto ele foi escrito, exceto Deus. E ainda hoje, ninguém tem noção do que ainda há, nem de suas proporções.


Não sou a pessoa mais indicada para falar sobre viver. Sou muito jovem ainda, e o pouco que vivi não me trouxe experiência suficiente para tornar-me uma sábia. Mas não posso negar que sobreviver tem sido algo que tenho feito nos últimos tempos. Sobreviver é viver acima da vida. É como se a vida tivesse lá em baixo e a gente passeando por cima dela. De lá de cima, a gente só consegue ver as coisas passarem. Quem sobrevive, na verdade, possui mais méritos do que o comum vivente, pois conseguiu encontrar formas ou razões para continuar existindo mesmo após a tragédia, mesmo remoendo-se de dor, mesmo diante do extraordinário, da dúvida e do adverso, e sendo assim, tende a evoluir, se souber encontrar o caminho certo. Quem sobrevive, fatalmente, também não consegue experimentar por inteiro as maravilhas da vida. Quem sobrevive não interfere na vida. E, geralmente, não o faz porque não pode. Quem sobrevive, na maioria das vezes, está machucado, cheio de dores e cicatrizes. E sobrevive porque realmente não há o que fazer além de sobreviver...

quinta-feira, julho 01, 2010

O vento.


O céu, lá fora, cinza. Típico das frias manhãs de julho. Um vento leve brinca com os galhos das árvores. É ele! O mesmo vento que sempre me traz de volta pra você...