quarta-feira, dezembro 29, 2010

Ano novo.

Um ano a menos de vida. Ou, como diriam os otimistas, um ano a mais que se passou. Enfim, não importa o ponto de vista. O fato é que daqui a alguns dias começa um novo ano cronológico. O ano que se vai, como todos os outros, abriga fatos e momentos que ficam. Não o classifico como ruim, apesar de todas as perdas, dificuldades e sofrimentos, aliás nunca tive o hábito de classificá-los. Eles são do jeito que são, do jeito que escolhemos que eles sejam ou, em última instância, como outras pessoas escolhem por nós (essa é a parte da vida que eu ainda não aceito). Mas, em geral, aprendi que a vida é mesmo assim - os coitados dos anos não têm nada haver com isso. Não farei festa nem estourarei champanhe, afinal, também não tenho vontade de comemorar, e se eu não vou conseguir ser hipócrita com o ano que se vai, imagine com alguém ao meu redor. Mas, acho que, pelo menos nos últimos dias do ano, uma boa notícia: pela primeira vez, depois de muito tempo, eu consigo enxergar piscas-piscas além da minha árvore de natal.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Um dia comum.

Eu me recordo com uma saudade gorda do tempo em que eu acreditava em Papai Noel, um velho gorducho que morava no Pólo Norte e passava o ano todo se preparando para atender os pedidos de presentes das milhões de crianças do globo. Meu Papai Noel conseguia rodar o mundo em uma noite graças às suas renas mágicas, que 'voavam' carregando o seu trenó numa velocidade supersônica, que nem os adultos poderiam compreender - quanto mais nós, meras criancinhas. Morro de saudade das noites que, ao redor da árvore de Natal (que meu avô montava) trocávamos presentes e sorríamos até a hora em que, apressada, eu me punha à dormir no intuito de esperar aquele que traria o presente que seria aberto na manhã seguinte. Muita saudade, sobretudo, da inocência e da grandiosidade que tudo aquilo - fantasia ou não - significava pra mim. Me recordo, e sinto falta também, da época em que eu acreditava no Natal. Da época em que sua essência perpassava o presépio e habitava no meio de nós de uma forma mais concreta. Da excepcionalidade que esse dia transparecia pra mim. Mas, faz bem alguns Natais, que ele tornou-se tão comum quanto os outros 364 dias do ano, e talvez ele até seja mesmo. Ou dependa mais do sentido que nós atribuimos a ele do que qualquer outra coisa, embora seu real sentido deveria subexistir por si só.

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Chorona.

Um show de chorinho. Um deleite. Contemplo cada nota, cada músico, cada música, e ouço de chorar. Me lembro dele, mais uma vez. Meu avô adorava chorinho. E eu também adoro. Quase nunca vi meu avô chorar, exceto quando ele falava da mãezinha dele. Também choro quando penso na minha. De alma chorosa, escrevo esse post. Não tem jeito: sou uma eterna chorona.

domingo, dezembro 12, 2010

Por quê?

Passo a vida tentando entender. As coisas. As circunstâncias. As pessoas. Sobretudo, a mim. Talvez eu perca muito tempo com isso. Talvez eu não consiga entender boa parte de tudo. Talvez existam coisas mais importantes com as quais eu pudesse ocupar o tempo. Talvez minha lucidez esteja se perdendo junto com todo esse tempo que insisto em dispensar à essa estranha atividade de, simplesmente, entender. Juro que acredito em Clarice: viver ultrapassa todo entendimento. Mas esbarro contantemente na minha impotência em alcançar a plenitude necessária ao bem viver. E assim, continuo vagando por aí; mal-vivendo; buscando as respostas para tantos porquês.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Por educação.

Hoje, por educação, só um sorriso.

Um aperto de mão.

No máximo. Nada além.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Questionar.

"Uma vida não questionada não merece ser vivida."

(Platão)


Agora entendo [da minha forma] muita coisa. Aquela velha estória de que o governo não investe na educação para não criar seres pensantes, funciona em outras alas da vida também. A religião é uma delas. Antes de nos ensinarem a acreditar em Deus somos doutrinados a não questionar os acontecimentos da vida, os dogmas e as premissas que nos são anunciadas como "vontades" e "inspirações divinas", respectivamente. Eu realmente acredito que existam inspirações e desejos divinos, mas hoje eu penso diferente; penso que a grande maioria das tais inspirações não passam de conspirações humanas mesmo, e os desejos de Deus em relação a nós são sempre de bem estar e felicidade; nós que temos a mania de fingir não enxergar o melhor caminho e insistimos nos atalhos, ou, às vezes, nem é fingimento ou teimosia, é distração mesmo, e quando menos esperamos percebemos que pegamos a trilha errada . No final das contas, Deus não tem nada haver com nossas escolhas e muito menos com as consequências delas. Não tem nada haver com os nossos excessos, com nossa falta de prudência nem com nossa eterna imaturidade. Longe de estar possuida por esse racionalismo barato que existe por aí, sejamos, no mínimo, lógicos: muita coisa anunciada e enfiada na nossa cabeça contraria a lógica do próprio amor de Deus que nos é pregado. Naquele Deus carrasco e castigador que um dia eu ousei chamar de "primeiro amor", não acredito mais, e chego a duvidar que um dia eu o tenha amado; nunca vi alguém amar algo que o amedronta. Depois que comecei a questionar algumas coisas, independente de achar ou não as respostas, nasceu em mim a noção de outra figura divina: um Deus inatingível, que, se me amou até o extremo da cruz, não me condenaria por causa dos limites da minha condição humana. Um Deus que não pede nada em troca. Que leva em conta meus limites. Um Deus essencialmente amor, que me entende mais do que ninguém, simplesmente porque também me conhece mais do que ninguém. E que, como diz Fábio de Melo, não deve estar "muito preocupado com esse monte de coisa que a gente costuma achar que o agrada". Eu acho assim também.

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Realista.


"(...) Tudo era tão frágil, esse era o problema. Nenhuma novidade, claro, mas de modo geral o que fazemos é bloquear a verdade: nos recusamos a admitir que nossas vidas podem ser destruídas tão facilmente, de outro modo, entraríamos em parafuso. Todas aquelas pessoas que vivem com medo e precisam de remédios... Elas são assim porque têm consciência das coisas, da linha tênue que nos separa do desastre. Não é que não aceitem a verdade: simplesmente não conseguem bloqueá-la."

Harlan Coben

(p. 114, Livro "Confie em mim")

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Sobre a inteligência.

 Inteligência não deve determinar muita coisa, não, visto que os seres "inteligentes" são os maiores escaladores conscientes dos perigos da vida, além de cometerem irracionalidades que não condizem com sua condição. E concluo, então, que inteligência sem sabedoria, sensibilidade e amor, não serve pra nada. Perde a patente de essencial e se torna acessória.