sexta-feira, junho 26, 2009

Pessoas.


Desisti de classificar as pessoas em boas ou más. São adjetivos muito subjetivos, sobretudo nos dias de hoje quando a maldade [quase sempre] justifica a bondade. Diante de tanta inversão de valores e princípios, de significados e sentidos, conclui que existem apenas dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que valem a pena e aquelas que, definitivamente, não valem. Claro que isso é muito pessoal. Mas, acho que a gente tem o direito de eleger aqueles que despertam na gente os melhores, os mais puros e os mais sensatos sentimentos. Sem maiores culpas.

sexta-feira, junho 19, 2009

Carta ao céu.

É Senhor, hoje eu sei, mais do que nunca, que se estou de pé, estou por Ti. E não tem pra onde correr. Mesmo lá no fundo do poço mais escuro, no vão da estrada mais cheia de trevas que atravesso, o Senhor não sai de perto de mim. Mesmo tantas vezes cega, mesmo tantas vezes sem direção, sem rumo, rondando tonta por aí, o Senhor não permite que eu me perca. Mesmo quando, às vezes a fraqueza me toma a sensibilidade e eu não consigo te perceber, mesmo quando volta e meia o desespero me envolve por inteiro, ainda assim, a minha alma não se deixa enganar: o Senhor sempre está na direção de tudo.

Eu não sou perfeita, Senhor, e não tenho pretensão de ser. Eu não quero ser a melhor. Retiro o artigo. Quero apenas ser melhor. Ser melhor, primeiro por Ti; depois por mim e por aqueles que me cercam. A minha sorte foi ter descoberto a manifestação da Tua misericórdia na minha vida a tempo, antes que eu me tornasse uma pessoa tão alienada e tão amarga que nem eu mesma pudesse me suportar. Hoje eu me fio nela. Vivo, literalmente, dependurada nela. Às vezes abuso, eu sei. Mas, é porque preciso dela, e eu sei que entendes muito bem tudo isso. Dependo sempre de Ti, Senhor. O Senhor bem sabe. E eu bem sei que é o Senhor que me faz adormecer quando a dor se torna insuportável, quando eu acho que não vou resistir e vou sucumbir. É o Senhor quem me segura quando todos acham que o que eu sinto é frescura, tolice, falta de fé... Os meus medos, Senhor, não configuram exatamente tudo isso. São tão somente fraquezas... E nelas, tenho percebido a manifestação da tua força; tenho experimentado a certeza de que o Senhor nunca me deixa. E vela meu sono agitado. Que sorte a minha o Senhor ter sido humano...! Pudeste experimentar mais fielmente ainda aquilo que eu sinto, apesar de saber que tua onisciência transcende e independe da tua condição humana, afinal, sempre soubeste quem eu era antes mesmo que eu fosse. Longe de mim querer comparar tua angústia no Getsêmani com minhas simples dores; mas sei que sabes perfeitamente como é uma dor de gente; sentes tudo que sinto. Sofres todo o meu sofrimento. E todo esse mistério me sustenta. Só me resta permanecer aos teus pés. Sabes, por que, Senhor? Porque só tu tens palavra de vida eterna e felicidade perpétua...! Eu te amo! E tenho certeza: ninguém me ama como o Senhor!

quinta-feira, junho 18, 2009

Medo (II).


Acho que o meu maior medo não é o medo da morte... é o medo do tempo... porque ele, irrefutavelmente, me conduzirá até ela. Mais cedo, ou mais tarde.

terça-feira, junho 16, 2009

Medo.



"Tenho medo de já ter perdido muito tempo. Tenho medo que seja cada vez mais difícil. Tenho medo de endurecer, de me fechar, de me encarapaçar dentro de uma solidão - escudo."
(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, junho 15, 2009

Dia cinzento.



"Antes fosse uma tempestade, com trovões e chuva forte; mas não, é só um dia cinzento, aliás, são todos os dias cinzentos: sete segundas feiras por semana..."


(Eduardo Lopes)

segunda-feira, junho 08, 2009

Em paz.


Tenho me surpreendido comigo mesma. Determinadas coisas, sobretudo sentimentos e sensações ruins, têm permanecido em mim durante muito pouco tempo. Aliás, permita-me usar o superlativo: durante pouquíssimo tempo. Uma tempestade, um furacão, uma tormenta que eu pensei ser sem fim. Uma enxurrada que me arrastou, me sugou para o fundo de um poço e quase me afogou. Uma dor aguda, funda, que talvez eu nunca tenha sentido igual. Uma dor que nem tem nome, de tão dolorosa [perdoe-me a hipérbole... mas hoje estou um tanto quanto exagerada!]. Uma dor de alma que de tão grande e de tão intensa não coube em si, nem coube na eternidade da minha alma, e acabou por ressoar pelo corpo, causando uma agonia física angustiante. Entretanto, o mais interessante foi perceber que essa dor tão lancinante me custou apenas duas madrugadas em claro. Optei pelo perdão. Gritei, xinguei, chorei... vomitei tudo que havia de ruim dentro de mim, tudo que havia apodrecido. Lancei fora... já bastam as tralhas do passado que me são tão pesadas, e que não consigo tirar de dentro de mim. Aliás, descobri que perdoar envolve muito mais coisas do que eu pensava; envolve renúncia de si, envolve quebra de orgulho; a gente tem que lançar fora o egoísmo e recalibrar a nossa balança interior que indica o que vale e o que não vale a pena. Mas, sobretudo, requer decisão. Hoje consigo lembrar de tudo sem dor. Estou em paz. Acreditem, eu nunca achei que isso fosse possível. Mas eu não me engano; essa força veio do Deus que habita em mim. E me sustenta. E me faz prosseguir. E dEle não me aparta. Nunca.


P.S. (Um agradecimento especial ao Pe. Fábio de Melo, que com sua inspiração divina me ensinou que "não há significado no sofrimento senão na relação com a redenção que ele nos traz. Sofrimento por ele mesmo não serve pra nada, é masoquismo. Sofrimento na perspectiva da superação dos limites é sabedoria." Se não fosse ele, confesso, teria sido bem mais difícil...)

sábado, junho 06, 2009

Submergindo.



"... Demorou pouco para que a vida voltasse, sangue circulando, vermelho vivo, oxigênio sem memórias tolas [...]."


(Cristiana Guerra)

quinta-feira, junho 04, 2009

Ainda dói.


"... Fechei a porta, encostei a parte de cima da cabeça contra ela. Só nos filmes as pessoas fazem isso, nunca vi ninguém fazer de verdade. Comecei a fazer para ver se sentia o que as pessoas sentem nos filmes – pessoas sempre sentem coisas nos filmes, nos bares, nas esquinas, nas músicas, nas histórias. Nas vidas acho que também, só que não se dão conta. Depois percebi que aquela dor que sobe ali do olho esquerdo pela testa diminuía um pouco assim, então fui me virando até apertar o lado esquerdo da cabeça, justamente onde doía, contra a porta fechada. A dor doía menos assim, embora não fosse exatamente uma dor. Mais um peso, um calafrio..."


(Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, junho 03, 2009

Vai passar...

"...Vai passar, tu sabes que vai passar.Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada ‘impulso vital’. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'."

(Caio Fernando Abreu)