quinta-feira, janeiro 10, 2013

Eu só queria te ver.


Se esse hoje amanhecesse bem no dia do seu aniversário, eu só ia querer te ver, já que não é mais possível amanhecer ao lado seu. De longe ou perto, errado ou certo, falante ou mudo, eu queria te ver. Mas se eu não pudesse fitar-te, ligaria, ainda que isso fosse desnecessário, inconsequente, idiota ou incoerente. Ainda que fosse impossível ouvir sua voz; eu só queria que você ouvisse a minha. Ainda que você não merecesse sequer minha lembrança, ou minha torcida, minhas melhores intenções e muito menos o meu sentir, só queria isso: te ver. Ainda que você se achasse, eu não me importaria em me perder, sobretudo se o labirinto em questão fosse você. Ainda que tudo tenha sido um sonho, e que eu não tenha sido pra você um terço sequer do que você foi pra mim, ainda que eu não aprenda nunca a dosear minha doação como eu aprendo na faculdade a dosear medicamentos, eu só queria te dizer que eu só queria te ver.

~  Mari Teixeira ~ 


segunda-feira, janeiro 07, 2013

Nove meses.


"Nove meses sem você.

Tempo de dar à luz à tua ausência 
gestada em mim, enfim..."

(Well Pires)

Nove meses sem você. E quando eu digo "sem", soletro cada letra com a alma e sinto minhas entranhas ressonarem com o peso literal que tal palavra traz. A impressão que tenho é de ausência total e perene mesmo, ainda que tenhamos nos trombado pelas esquinas da nossa existência nesse espaço de tempo. Nove meses de ausência. Uma ausência que carrega entranhada em si a intensidade de um nada proporcional ao amor que eu um dia senti por você. Tenho que te dizer: acho que você desaprendeu tanta coisa durante esse tempo! Desaprendeu a ser você, e arrisco dizer que anda mestre nesta arte da despersonificação - chego a acreditar que se tornou algo prazeroso e que esse coração que bate no seu peito não serve para nada além de bombear sangue. Você desaprendeu,  inclusive, a ficar. Ou teria sido eu que aprendi a deixar você ir? Não sei. Só sei que já faz nove meses que eu concebi tua ausência, e a gestei em meio a dores, lembranças, saudade e amor. Vi minha alma dilatar aos poucos, enquanto tudo isso crescia dentro de mim, nutridos por um não-sei-o-quê de esperança que se incorporou também à tudo que já foi citado. Agora é a hora. Do parto. Do partir. De te deixar partir. De me partir também. De repartir teus retalhos que impregnaram em mim, lançar fora teus resquícios. Não há mais o que esperar, não há mais o que gerar. É fim de jogo, meu amor. Início de vida. Minha vida. Nova vida.