sexta-feira, junho 27, 2008

Chove lá fora e aqui dentro de mim...

Essas tardes nubladas, chuvosas e frias de inverno, nas quais não se faz absolutamente nada, são por demais deprimentes. Ainda mais quando você sabe que, na verdade, há sim o que fazer, mil provas para corrigir, mas não se tem coragem suficiente para tal. O clima propicia um ambiente tão "down" que, de repente você se pega fazendo uma vistoria básica na sua vida e percebendo que muita coisa deveria ser feita, mas não foi, e não se sabe se ainda há tempo, e que metade dela não anda como você gostaria que ela estivesse andando, fato que é mascarado pelo corre-corre e afazeres do cotidiano. Se existe alguma implicação fisiológica com relação a dias nublados e meu estado de espírito, eu não sei. Confesso que hoje desejei ardentemente estar na sala de Sílvio, meu terapeuta, deitada no divã, talvez vendo o céu nublado pelos vidros da janela, ouvindo a chuva cair e pedindo pra ele por favor desligar o ar condicionado, contando-lhe acerca das mazelas que atingem minha alma. Lá é o único lugar do mundo onde eu me encontro comigo mesma. Mas, ele estava sem vagas hoje.

Não estou me torturando por causa disso. Estou me dando um desconto, afinal, faz tempo que eu não tenho um dia deprê como esse. Meus níveis de serotonina estavam sendo mantidos estáveis há meses; mas, que droga! Por que será que a cairam assim? Comi meia barra de chocolate para ver se surte algum efeito, mas até agora nada. Li um artigo na internet citando que tomar sol e fazer sexo também ajudam na síntese de serotonina. Sem sol, não tenho outra opção; vou tentar a segunda, pelo menos é gostoso, relaxa e combina com esse tempo.

Paz e bem!
Marianne

quarta-feira, junho 04, 2008

Apenas mais uma de amor


Hoje pela manhã, ao abrir minha página de recados do orkut, encontrei um vídeo enviado por Linda. Era o vídeo de um trecho do show do Pe. Fábio de Melo no Cristo é o Show, evento que acontece anualmente em BH. Acabei "ganhando" a minha manhã assistindo ao show todo. Digo ganhando porque, mais uma vez, pude ter certeza que profetas de verdade andam em extinção.


Eu tenho certeza que muita gente me tacha de "fanática" pelo Pe. Fábio. Eu não sou fanática, e pra falar a verdade, nem ligo se as pessoas pensam assim. Ele mesmo me ensinou a dar ouvidos apenas a que me ama. O que essas pessoas não sabem, é que ele transformou muita coisa dentro de mim, e ainda transforma a cada dia, simplesmente por apresentar um discurso baseado no amor, algo que (supreendam-se!!!) foi um pouco escasso na minha vida. Confesso que já andava tão acomodada na "pedagogia do medo" ditada pela minha criação doméstica e religiosa, que hoje, quando olho para trás, vejo uma menina vendada, amordaçada, acorrentada pelas mãos e pés, com ouvidos tamponados, e porque não dizer, constantemente amedrontada com o inferno que estava a um passo de cada coisa que eu fizesse, cada passo que eu desse. Impreganada com o oposto da fé e do amor: o medo.


O discurso impregnado de amor e misericórdia daquele homem de gel no cabelo, calça jeans, camiseta e lágrimas nos olhos, iniciou um processo de libertação que se arrasta até hoje, e se arrastará até o dia da minha morte. Um cara que nem eu, que apesar de ser padre, não tinha medo nem vergonha de mostrar que também era homem, no sentido de gênero da palavra. Ele não precisa vestir batina, viver enclausurado nem pautar seus discursos nos pecados da humanidade para poder atrair-nos à Deus; Deus aproveita-se de suas limitações para vir ao encontro de nós. A divindade de Jesus e ao mesmo tempo a sua fraqueza humana exposta subliminarmente no seu olhar, na sua voz e sobretudo nas suas palavras romperam algo dentro de mim. E depois daquela noite de junho de 2005, não consegui ser mais a mesma, nem pensar, nem sentir mais como antes.


Ele me transparece Jesus. É à ele, abaixo de Deus, que recorro quando acontece algo que me rouba a paz. Às suas músicas, seus textos, suas pregações. Acho que Jesus descobriu o canal que me religa sempre à Ele. E eu o agradeço muito por isso. É a maior prova de que Ele não desiste de mim.


Eu me encontro nos humanos, nos fracos, nos sofredores como eu. Em gente que não tem medo de se mostrar, de cair, de se esborrachar... mas gente que levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Em gente que grita, que chora, porque dói, porque sangra... mas sabe que a cura e a cicatrização, mais cedo ou mais tarde, virão. Eu me encontro naqueles que resumem, ou pelo menos tentam resumir suas vidas na difícil arte de amar, que, na minha opnião é a única chave que abre-nos a porta do céu. Não é a música que você ouve, os ambientes que você frequenta, a bebida que você consome, a roupa que você usa, o cargo que você ocupa na igreja, a quantidade de movimentos que você participa, a assiduidade com a qual você frequenta os grupos de orações, o número de terços e novenas que você reza por dia, e como disse o próprio Pe. Fábio, o número de missas frequentadas, que nos garantirão o carimbo no nosso passaporte para a eternidade. É o "tanto que a gente ama". Tomara que a gente não caia no ridículo de achar que, com tanta coisa para Deus se preocupar no mundo, ele está preocupado com a MPB que anda rolando no seu som ou que você canta, a piada que você ouve, com a roupa da moda que você está usando, com a novela ou o filme que você anda assistindo; não é possível, que Deus, misericórdia e amor em plenitude, com tanta coisa pra fazer, com tantas almas pra salvar, perca tempo com coisas tão pequenas... Ele quer o amor, a ética, a fraternidade, a caridade... Por isso, hoje, a minha oração é esta: "que eu ame, Senhor!" Finalizo com um trecho do show do Pe. Fábio que marcou meu dia; reescrevi-o na íntegra... e espero que, a partir dele, algo mude em nosso coração.

"Eu não sei se Deus estará muito preocupado com esse monte de coisa que a gente costuma achar que o agrada. Eu acho q Deus está de olho mesmo é no tanto que a gente ama. Porque é o tanto que a gente ama que modifica o mundo. É o tanto que a gente se doa em pequenas partes, em pequenos gestos, é que faz a diferença na vida das pessoas. Pode observar: não é o tanto de vezes que você foi à missa, que você se confessou. Pode ser que isso não altere em nada a ordem das coisas. Mas é o tanto que a gente ama, é o tanto que a gente perdoa, é o tanto que a gente olha nos olhos, é o tanto que a gente não desiste! É o tanto que a gente preserva a vida nas pequenas coisas." (Pe. Fábio de Melo)