sábado, agosto 18, 2012

Bem viver.


Algumas pessoas nascem satélites e ao longo da vida, se tornam estrelas. Outras, fazem com que nossas mães façam jus à expressão "dar à luz", pois já nascem brilhando: são estrelas natas! Outras ainda, vêm ao mundo como buracos negros; são pessoas que criam um campo gravitacional  forte ao redor delas, e isso impede que qualquer luz escape, ao mesmo tempo que elas vivem tentando sugar tudo que veem pela frente: inclusive estrelas. São pessoas que vivem tão vidradas em si, gastando uma energia extraordinária pra fazer tudo girar em torno delas, que são incapazes de emitir qualquer ponto de luminosidade. Diante dos buracos negros, satélites não passam de meros corpos celestes refletidores da luz alheia...

Mas, ainda assim, existem satélites demais pra tão poucas estrelas. Satélites são aqueles que, por não terem luz, passam toda uma vida à sombra de outro astro. Os satélites são tão medíocres que se bastam pelo fato de refletirem a luz de uma - ou várias - estrelas. Mas, também, coitados, vão fazer o que, se apenas as estrelas possuem luz própria? E por mais que eles tentem roubá-la, nunca obterão êxito, já que luz não é algo palpável - quanto mais roubável; ela pode ser, no máximo, vista e refletida. Podem até sentir, também, o calor que ela produz, mas pra isso, teriam que chegar perto de uma estrela, e não é todo mundo que suporta tamanha proximidade não: a alguns, o brilho aquece; a outros, ele queima...

E nós? Ah, nós somos estrelas de magnitude sem fim que, além de sentarmos num jardim, num frio desgraçado, e beber dois litros de vinho de safra vagabunda em copo descartável, e dividindo um tablete de chocolate de 200g, além de brilharmos - e, por vezes, ofuscarmos também, já entendemos de onde viemos e sabemos pra onde vamos ou, no mínimo, pra onde pretendemos ir. Bem resolvidos conosco e com a nossas vidas, nossas identidades e nossos não-saberes, nossas virtudes e nossas fraquezas, só queremos uma coisa: viver. Mas, viver a nossa vida, e não a dos outros. Só queremos o bem-viver...

~ Mari Teixeira ~

P.S. (Para meus amores Ana Cláudia e Ramon Luduvico)

Um comentário:

Joquebede disse...

Que lindo Mari! "Bem resolvidos conosco e com a nossas vidas, nossas identidades e nossos não-saberes, nossas virtudes e nossas fraquezas, só queremos uma coisa: viver. Mas, viver a nossa vida, e não a dos outros. Só queremos o bem-viver..."
E é assim que dever ser!
Bjão!