"Nunca, jamais diga o que sente. Por mais que doa, por mais que te faça feliz.
Quando sentir algo muito forte, peça um drink."
[Caio Fernando Abreu]
Perdi a conta de quantos drinks pedi nessa vida. Dos porres folclóricos. Da quantidade de vezes que, ao final, ainda tive que me beber. Do quanto me embriaguei de mim mesma, ao me engolir a cada rodada. Do tanto que também bebi minha própria embriaguez. Da sobriedade forçada pela obrigação de ser sempre feliz. Das lágrimas vertidas no copo que temperavam o amargor daquilo tudo. Dos copos quebrados, dos cacos escondidos, em nome de uma tal perfeição - exigida; não seria digno quem não a trouxesse estampada na pele da cara. Era mais ou menos quase uma falsificação de mim mesma, embora ali fosse eu mesma. Mas, cansei disso também. Toda aquela obrigação que eu dispensava aos que me rodeavam foi desfeita. Agora, caso alguém não queira se deparar com meus dias nublados e com minhas caras de velório, com minha imperfeição e com minhas lágrimas, que feche os olhos, que se mude de perto de mim. E por favor, respeite minha trans[lucidez].