segunda-feira, agosto 20, 2012

Terminou, terminou...


E era um medo de aprender a viver sem você...! Um medo de me cortar com os cacos dos sonhos que construí...! Medo de abrir outra ferida que, mesmo menor do que aquele talho que você deixou no meu coração, pudesse vir a sangrar mais e mais...! De me livrar da sensação de vida que aquela paixão me proporcionava, de me levantar da zona de conforto na qual a ilusão me ninava, de experimentar a sensação de vácuo que o nada me traria...!  Eu carreguei por meses dentro de mim um você-morto, mas era tanto medo de que doesse muito mais te parir do que viver suportando infinitas e lancinantes contrações durante uma vida inteira, que eu não só fechei as pernas: eu fechei meu coração e meus olhos, eu fechei minha vida pra qualquer sentimento que eu pudesse vir a gestar - e nem te odiar eu consegui. Eu tinha medo de me conformar com os vazios que, além daqueles que eu já tinha, você havia me deixado como herança - ainda não sei lidar direito com faltas. E eu fugia de saber de você, de ouvir da sua vida, simplesmente porque eu preferia manter intacto aquele cenário que a naturalidade dos nossos momentos haviam erguido bem no centro da minha memória. Mas sim, eu falei muito, e chorei mais ainda. Eu escrevi centenas de milhares de linhas, eu brinquei com as palavras ao mesmo tempo que briguei com cada uma delas. Eu precisava me derramar - foi a minha forma de lidar com a perda, mas se você não quiser entender, paciência: sua opinião e tantas outras coisas, tornaram-se irrelevantes a partir do momento em que eu não te encontrei mais por aqui. "Terminou, terminou"... eu falava pra os outros, mas, lá no fundo, eu gritava pra mim. Eu precisava entender pra poder aceitar, e precisava aceitar pra, enfim, fazer findar. Eu ainda não entendi bem, posto que meu raciocínio não funciona na velocidade da luz pra poder compreender algo que acabou com a mesma fugacidade; ainda existem lacunas que impedem tal consumação, mas eu me amo muito mais do que costumo pensar, e foi por isso que eu consegui atropelar a ordem das coisas e aceitar os fatos e, em seguida, finalizar você dentro de mim, mesmo sem entender. E daí que eu aprendi, enfim, a viver sem você. Uma das sensações mais gostosas do mundo é dizer um "não querer" com a boca e subescrevê-lo com o coração...

~ Mari Teixeira ~

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