quinta-feira, dezembro 31, 2009

Do lado de lá.


Pedi a Papai Noel uma bola de cristal no Natal que passou, mas o trenó dele passou bem longe daqui. Prefiro acreditar que ele perdeu minha carta, ou que ela nem tenha chegado ao Pólo Norte, desviada por um agente do correio que não sabe bem o sentido do norte ou do sul. De repente ela foi parar no Pólo Sul, na mão [ou na asa] de algum pinguim analfabeto, mas tudo bem. Prefiro assim. Já me bastam as frustrações na vida real. É que eu não sei o que tem do lado de lá do ano que vai começar. E eu queria saber, juro. Só pra tentar tricotar um novo caminho baseado em alguma certeza, já que todas, até agora, foram vãs.

Ao meu amigo.


Nem sabia o que dizer.
Salivar a hipótese da perda foi agonizante.
A demora, o medo, as ferragens, o sangue, a dor...
Eu não quero saboreá-la por tão cedo.

terça-feira, dezembro 22, 2009

Aqui.


O que eu carrego aqui dentro? Um coração, que é do tamanho da minha mão fechada, e bombeia sangue pra todo o corpo. Cerca de 3,5L de sangue circulante, sendo que 85% dele consiste em notas musicais, e o restante, ainda não sei , mas pretendo catalogar um dia. Um fígado, que de total flex não tem nada. Borboletas no estômago. Uma alma repleta de lembranças. Dores. Amores. Sonhos. Desejos. Ilusões também. Algumas mágoas. Uma esperança maluca que se sustenta em dúvidas. E as ostenta também, só pra se enganar mais. Fissuras sem nexo, e outras repletas de significados. Uma leva significativa de imperfeições. Outra leva mais significativa ainda de força de vontade. Glândulas lacrimais super poderosas. Medo; agora menos, mas ainda há. Curtos-circuitos constantes. Um arsenal de palavras e idéias, estritamente para defesa pessoal. Esquinas claras. Esquinas escuras. Alguns limites rasos, outros profundos. Um tráfego incessante de sentimentos. Um semáforo, que serve tanto pra mim quanto pra quem resolve me adentrar. Gente especial: os amigos. Flexibilidade. Ética, respeito e caráter. E uma insígnia gigante, de letreiro luminoso, onde escrevi desde que nasci: eu só quero ser feliz!

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Daí.



Dê graças à Deus. Minhas maiores inimigas são suas aliadas. É. Daí fica bem mais fácil se esquivar, acalmar ímpetos. Ou fingir. Burlar sentimentos. Tecer tentativas. Tomar decisões. Fugir. Ratificar provérbios. Abortar possibilidades. Resistir...

domingo, dezembro 20, 2009

Good luck.


"Sorte pra mim é sol no sábado. É reunir os melhores amigos com chapeuzinho de aniversário. É saber que amanhã é sexta. Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável. É ter pra quem ligar quando eu quero rir. E ter alguém pra chamar quando eu quero colo. É ter certezas. De que vai dar tempo. De que vai dar saudade. E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara (e de não desistir com isso). Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos."

{ Autor desconhecido }
Ou seja. Eu tenho sorte. Muita sorte. Ah, e sobre a parte de quebrar a cara, também é verdade. Porque aprendi que é bem mais fácil remendar a cara quebrada do que viver tentando mantê-la intacta.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Numa caixinha.


Tô aqui. Juntando coragem pra juntar tudo. Um dia coloco numa caixinha e te devolvo. Se veio por sua causa, acho que deve voltar pra você. Já pensei em incinerar, apertar o delete mesmo, apagar tantas lembranças que eu mesma fiz questão de registrar, mas existem muitos pedaços de mim nesse meio, e eu não quero me desfalcar mais ainda. Talvez seja um jeito que eu arrumei de ficar próxima de você. Mesmo que esse jeito se resuma em um sentimento traduzido em papéis quaisquer. Mesmo que pra ficar perto de você eu tenha que me metamorfizar em letras, acentos e palavras. Acho que esse é mesmo o único jeito.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Quase tudo.


Naquele dia a única sensação que ela conseguia ter se pautava no completo entorpecimento causado pela fragrância soviética que impregnava aquele metro quadrado de calçada. Nada mais inusitado. Tinha quase tudo pra ser a "Perestroika" da sua vida, mas acabou surtindo o efeito de uma "Glasnost" sem fim.

terça-feira, dezembro 15, 2009

Fica.



A lembrança que fica é a de cada detalhe. Impossível esquecer. Do vento frio, das mãos postas uma sobre a outra, da proximidade epidérmica, da necessidade flamejada nos olhos, do relutar quase que implorativo, do olhar que insistia em desviar, da boca que desistiu de resistir e mergulhou, mas no segundo seguinte resolveu resistir à desistência num tom de indiferença que não dá pra entender. Fica a lembrança leve do peso da presença tão doce, que de tão açucarado se condensa em pensamentos melosos, e fica realmente difícil não querer saborear [de novo]. Fica a lembrança incrustada nas mínimas coisas, mas sobretudo no tempo que mora aqui. Fica. Dias mais intensamente, noutros de forma mais branda, independe. Distante, ausente. Mas fica.

Drástico.


"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma?..."

Caio F.


É cruel demais fazer isso consigo, é drástico, eu sei, mas não sejamos incoerentes, vamos usar a moeda da lógica que rege o mundo, mesmo sabendo que ela ofusca os traços de felicidade que criam as gravuras da nossa história; diante de tudo, há muito a se fazer, mas a dose de coragem acabou. As forças se esvaem, a gravidade puxa, o cansaço expande e o corpo acaba por se render à pior desgraça da humanidade. É que essa dor acampou no meio de tudo, erodindo os sonhos e as relevâncias dessa vida que um dia foi tão bonita, e agora a gente não sabe bem o que fazer. Erosão, você sabe como é, enfraquece, racha o terreno, deixa infértil, e eu não nego não, essa coisa de aridez me assusta bastante. Eu não sei o porquê do retrocesso, se há tanto tenho caminhado linha reta e à frente, sem sequer olhar pra trás. Eu não sei o porquê, eu também acho tudo tão prático e simples, mas na vida é diferente. E no fundo, Caio está certíssimo. Eu que tô toda errada.

domingo, dezembro 13, 2009

Hibernante.



Morro de medo dessas coisas que hibernam sem terem sido resolvidas. Quando o inverno passa e a primavera aponta lá no horizonte elas sempre despertam insanamente famintas e ferozes prontas a devorar o que vem pela frente.

sábado, dezembro 12, 2009

Uma faísca.


Eu fico a me perguntar se toda essa distância e essa ausência culminarão na lógica de cada uma delas. Se essa estoria vai ter fim, ou vamos ficar nesse meio-termo pra eternidade. Ou se diante de um inesperado e de um imprevisto, os corações podem bater mais forte de novo. É que a gente se acostuma à tudo, querido, e tem que se acostumar mesmo se quiser continuar. É que aquele "tum, tum, tum" que era tão forte e tinha poder de mover a turbina de um avião tem se tornado cada dia mais rarefeito, e eu vou confessar: foi tão bom, que eu tenho medo da extinção dessa faísca que ainda há. É que, mesmo ínfima, ela ainda me acende por dentro. E ilumina tanto!... Você nem tem noção.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Pacote completo.


Sem falsa modéstia. É só verdade. Nasci pra contrariar a lógica infundida na cabeça dos homens, e que, não posso tirar a razão deles, é fato. Ouvi esses dias de um amigo: "parece que quanto mais bonita mais vazia". Fiquei constrangida, mas não por mim. Aqui o pacote é completo. Tanto a embalagem quanto o conteúdo. Mas não estou sozinha no clube. Poderia listar várias outras mulheres de fibra, já lindas por natureza, que estudam e trabalham, cozinham e faxinam a casa, dormem 5 horas por noite, hidratam o cabelo, passam o horário do almoço no salão de beleza e ainda arrumam tempo pra usar Renew na cara, ler dois livros por mÊs e assistir o Jornal Nacional. Mulheres que matam um leão por dia e 7 por semana, além de tolerar marido chato, filho malcriado, aluno desaforado e galanteador barato no meio da rua. Mulheres que conhecem muito bem coisas chamadas cadeira, mesa, livros, café e madrugada. Mulheres com senso crítico e argumentativo, que sabem o escolher a dedo uma boa música, sabem o que querem, sabem conversar, sorrir, olhar e dançar pra conquistar. Que sabem seduzir sem vulgarizar, sabem subir num salto 10 e não descer dele enquanto a festa não acabar. Que conversam sobre moda e maquiagem, sobre o aquecimento global e a crise mundial. Que prezam tudo isso porque sabem que quanto mais vazia a embalagem, mais fácil fica de ser pisoteada e rejeitada, por mais bonita que ela seja. Porque entendem muito bem que inteligência é mais afrodisíaco do que uma dose de tequila, porque se valorizam antes de qualquer coisa. Quer prova? Experimenta amassar uma latinha de coca-cola cheia. Ela vai explodir na sua cara, e vai te sujar todinho.

terça-feira, dezembro 08, 2009

Sequei.


"Não são mais lágrimas que saem, é um pranto mudo..."


Thiana Morbeck



Eu, particularmente, não choro mais. O inverno interior é tão grande, que congelei por dentro. Minhas lágrimas se tornaram em gelo. Meu pranto também é mudo. Acho que um dos meus maiores medos anda se concretizando; sequei...

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Promessas.

Se é uma questão de promessa, esquece. A gente não pode prometer nada a si mesmo, quanto mais um ao outro. Seria cruel demais, e nós não merecemos isso. Acho que já sofremos o bastante. Não era a intenção repetir uma coisa que já falei, mas assim o farei; vai que entra por osmose? A vida é feita de riscos. Eu bem que queria ter uma bola de cristal, mas essas coisas não existem. Eu também nunca quis acreditar nisso, mas de uma certa forma é sempre assim, a gente sempre escolhe o caminho que vai seguir e arca com o destino final. Ou volta e começa tudo de novo. A vida é assim. É se jogar e ver no que vai dar. Se é uma questão de promessa, então faz uma coisa: promete a si mesmo que vai tentar ser feliz. Nem precisa ser por toda a vida, mas pelo menos nos fragmentos dela.

domingo, dezembro 06, 2009

Continuo ridícula.

Manhã de domingo, e a primeira coisa que vejo, assim que acordo, é um rastro seu. Sorri. Ganhei o dia. Sorri de novo e mudei de idéia. Acho que ganhei foi a semana. Tô sorrindo até agora, por dentro e por fora.


Conclusão: não tem jeito; eu continuo ridícula.

sábado, dezembro 05, 2009

Surpreendente, sempre.


Lembro de quando você me disse um dia: "você sempre me surpreende". Eu não esqueço. Sempre achei minha previsibilidade óbvia, e também me surpreendi com seu comentário. Não passava pela minha cabeça que você não esperasse tanto de mim, mesmo tendo me revelado sem reservas, sem pudores, e não me pergunte porquê. Eu andei pensando no seu comportamento, na sua decisão um tanto quanto prematura... E conclui que, ao contrário do que eu imaginava, ambos têm mais haver com o turbilhão de supresas que derramei na sua existência e com a velocidade que elas surgiram na sua frente, do que com todos os itens que você já me listou. Lembro também que eu te disse que seu maior medo era o medo de você mesmo. Não creio que estivesse errada. Mas agora também percebo que esse medo se complementa no medo que você nutre por mim, ou na verdade, no medo de quem eu sou. Você sabe muito bem do que sou capaz. É essa intensidade e essa certeza que te assustam e fomentma toda essa situação e todos os fatos, que, por sinal, têm existência negada veementemente por você. Mas, tudo bem. No dia que você parar de se negar determinadas coisas e se permitir enfrentar os medos e as supresas da vida, tudo vira. Tudo mesmo. Porque a vida é feita deles.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Ridícula.


Um contentamento ridículo, que me faz tão ridícula quanto. Satisfação medíocre. Risinhos fáceis por tão pouco. O mínimo tem me bastado. Meia dúzia de monossílabos trocados ao longo de uma semana, borrifos de perfume sobre a pele, a foto no celular, uma música na academia, a singularidade e espontaneidade do que foi. É estranho, patético, eu sei, mas me preenche, e eu chego a crer que sou rasa, bem mais rasa do que supunha, pelo simples e absurdo fato de conseguir submergir ante a tão pouca profundidade. É estranho de novo. Me fio em frases e olhares jogados ao vento, e deles me cerco, e neles acredito, e neles enxergo o universo e o infinito. Dentre outras coisas, nós não podemos nos negar uma: ainda existem fatos e sentimentos, e uma razão rodeada por tantas outras razões que pesam tanto quanto a principal. Ainda assim, continua sendo tudo tão ridículo, tão adolescente, que por vezes, chego a rir de tanta tolice, quando não choramingo pelo mesmo motivo. Mendicância sem lógica. Definitivamente, eu não preciso disso. Mas, vai: tenta aí me convencer do contrário...


terça-feira, dezembro 01, 2009

Pretexto.




Entendo que tudo tenha sido pretexto. Pretexto pra dar sentido ao tempo, pra atropelar determinados receios, pra reviver sensações obsoletas, pra se sentir viva! Pretexto pra aprender que a maior responsável pela minha felicidade e pela ausência dela, na grande maioria das vezes, sou eu mesma. Pretexto pra me entender e entender que existem necessidades, oportunidades e decisões que não são tão irrelevantes quanto querem nos fazer acreditar. Desde aquela noite gélida até o pôr-de-sol furtacor, que logo se converteu também em noite fria, enxerguei o pretexto. E de lá pra cá, vivo procurando outros pra que eu não perca de vista - nem de fato - o real pretexto do meu tão efêmero, raso e tênue estado de satisfação.