quarta-feira, maio 11, 2016

Choro.



Choro. Muito. Quando sinto a lágrima chegar, e na frente de quem quer que seja. Fraca? Vítima? Otária? Chamem-me do que quiser. Eu vou continuar chorando quando a vontade vier.

sábado, maio 07, 2016

Maktub.


Como uma coisa que parece já ter sido escrita. 
Porque, de tanto "certo" que eu plantei na vida,
 não era pra ter dado tanta coisa errada.

Em parafuso.


Ela era um parafuso. Literalmente, um parafuso. Dava voltas e voltas em torno de si mesma. Caminhava feito um redemoinho. Talvez por isso sua vida fosse tão... agitada. E suas enxaquecas, infernais. Vivia cambaleando por aí, tonta, sem saber direito o que fazer consigo. Ultimamente, anda tentando traçar na cabeça uma perfeita linha vertical que, além de dividir imaginariamente os seus hemisférios cerebrais, também compartimentalize quase tudo - é, ela não sabe ainda dividir muito bem algumas coisas, e isso, ora facilita, ora se torna um problema. Faz pouco tempo, costumava ser confundida com um prego e sofria horrores com batidas de martelos. Até hoje não entende porque é tão difícil encontrar uma chave de fenda. Mas, hoje, ela sabe muito bem porque sempre sentiu a sua vida rodar, rodar e nunca sair do lugar. Afinal. Ela era um parafuso. E era justamente por isso que não era tão fácil arrancá-la de si.


Carta.



Penso que, talvez, tenham ficado algumas coisas a serem ditas, a serem feitas...alguns pontos corporais não explorados, muitos beijos não dados. Mas, ainda assim, diante dessas lacunas, repito que valeu a pena.

Valeu a pena a espera. Toda ela. Valeu o salto sem pára-quedas. A queda livre. O looping. Valeu a pena não ter abortado nada. Ter deixado essa coisa que já havia nascido não só crescer, mas, viver... Ter assumido os riscos - os de antes, os de durante e os de depois. Valeu cada pedacinho de madrugada, as tardes inteiras, aquele nascer do sol... Valeu ter sentido, ter tocado e ter sido sua. Ter provado dos seus néctares e dos seus olhares.

Valeu o bate papo gostoso. A intimidade, a afinidade, a ternura, o carinho, a química, a confiança [cega], o olhar sincero, a brincadeira espontânea, a voz firme, o apoio desinteressado, o abraço apertado e o beijo molhado. O suor colando minha pele na sua. O encaixe. A paciência. O respeito. Valeram as dúvidas. E as podas dos tais "excessos".

O que houve entre nós foi apenas a consumação do que já era. O que há entre nós é uma das misturas mais estranhas e deliciosas que a vida já me permitiu experimentar. O que haverá, entretanto, é uma incógnita. Impossível se prever. Só quero que saiba que almejo te encontrar nas esquinas do futuro mais próximo que existir...

Sobre a saudade e o amanhecer.


 ♫ " ... E na distância morro todo dia sem você saber..." 

(Roberto Carlos)

Os dias têm insistido em amanhecer com a saudade boiando nesse meu mar de viver. É saudade profunda, aparentemente infinita, teimosa em emergir à superfície, mas ao mesmo tempo, suscetível à rotina que meu dia traz junto com ela. O correr das horas pesa e ela, então, aos poucos, decanta, pra surdir novamente durante a madrugada, e como num ciclo sem fim, me despertar da forma mais dolorosa possível.

E eu faço o quê?


E eu faço o quê com essa coisa boa que me toma 
quando lembro que sou sua pertença, ainda que 
trancada a sete chaves num cofre de passado-futuro, 
cuja senha jaz no coraçãozinho mais confuso que já
 toquei em toda a minha vida?




╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

Ser.




Porque tudo que eu faço e sinto é de uma intensidade gritante. Gigante. Alucinante. Não cabe, transborda, explode e é por isso que eu sempre morro. E alguns dizem: tão nova pra morrer! Por que não faz o inverso? Guarda tudo nas gavetinhas do coração, menina, nos interstícios da mente, mas poupe os ouvidos da gente! Ah, se também coubessem, juro-vos! Estaria tudinho guardado por nuances de cores e ordem alfabética. Mas sou mesmo uma patética pois, ao final morro mesmo de qualquer jeito, pois se assim não explodo de fora pra dentro, implodo e derreto todinha, começando pelo centro. Prefiro, então morrer de dentro pra fora, prefiro morrer leve, deixar-vos pedacinhos do meu sentir e do meu saber, e levar comigo apenas quem sou eu, este espírito encarnado que não sabe fazer nada, além de ser.

Uma dor.


Voltei a escrever, lindinha, voltei. Sei lá porquê. De repente deu vontade. Um start interior, daqueles que dava outrora. Uma madrugada, uma música, uma dor. Uma não, várias. É, elas vão e voltam, numa insistência impressionante. Eu pensei que depois que ele entrasse pela porta da frente da minha vida, a louca sairia pela dos fundos. Ledo engano. Ninguém é suficiente forte pra fazer isso por nós. 

Que nem aquelas visitas inconvenientes que se plantam no sofá da sala da gente elas chegam e ficam, e não tem vassoura atrás da porta, bocejo, café frio, nem espada-de-são-jorge que dê jeito. Não tem dipirona, nem morfina, não tem nada. Aqueles dias idos serviram pra dar uma respirada boa, é verdade. Os outros foram, e estão sendo, dias asmáticos. A gente se adapta, mas a sensibilidade não some, a visão não se apaga. E a gente sente a incompletude, e vê que, por mais que a gente tente encher, a taça continua pela metade, e logo vem a certeza de que um dia ela vai entornar, para nunca mais se encher, nem sequer pela metade.