Ouvi dizer
de mundos que haviam se tornado especiais e mais claros. De almas que se
tocavam. De sentimentos que não paravam. De anjos que poderiam se tornar
amores. De amores... De mares que, unidos a olhares, bastavam para lhe
completar. De ser portadora da mágica de fazer emergir o melhor que pudesse existir em alguém, “com um simples toque,
um olhar...” Ouvi e acreditei. Ouvi e me confundi. Ato falho:
existem coisas que não se encontram à mercê da sensibilidade.
Ouvi ecos de
futuro, e vi o futuro. Acostumada a sepultar passados, acreditei ser essa uma
competência universal. Não era. Não é. Ser forte e tocar o outro sem,
necessariamente, ter que machucá-lo é pra poucos. Saber entrar e sair,
também – desde que você não entregue a chave do cadeado a ninguém.
Ouvi
gemidos, promessas, desabafos, dúvidas e clichês. Ouvi descrições de detalhes
nunca antes percebidos, bem como frases insólitas. Ouvi declarações: chegar pra mudar a história de
alguém, fazer caber em si a capacidade de fazer tudo se tornar mais fácil,
mais especial, único - responsabilidade
que carregaria sem pestanejar se esta não tivesse sido arrancada de mim e devolvida a quem nunca conseguiu desempenhá-la com esmero, não
apenas por incompetência, mas também por não compreender a diferença entre amor
e egoísmo.
Mas, de
repente, o mundo escureceu. O sentimento parou. O anjo tropeçou e caiu daquele
“céu de nuvens fofas e manjares divinos” e virou demônio. De repente, nem o
infinito do mar era mais suficiente pra completar nada, e, bem do nada, um arquétipo
de sentimento voltou à tona, e agora bóia oceano
adentro. E
quem fica, que se afogue: nesse mar de navegar, não há botes salva-vidas pra
todos.
Pior que ser
vítima de uma inverdade é ser vítima de uma empolgação...
~ Mari Teixeira ~