quarta-feira, maio 22, 2013

Pra sonhar.


Tinha que dormir pra poder sonhar até ver, numa noite como outra qualquer, um sonho nunca antes sonhado se materializar. Não se tratava de estar sonhando acordada. Não era uma mera manifestação do inconsciente suscitado, de repente, num momento de consciência, nem muito menos uma fantasia travestida de realidade. Era você, simplesmente você, a clara configuração da raridade, sobrevivente de uma seleção natural ocorrida dentro do seu próprio gênero, espécie que eu julgava já estar extinta, mantenedor das gotas de tantas virtudes verdadeiramente imprescindíveis à essa humanidade decadente. É de você, de doçura quase que constrangedora, que o meu paladar se nega a enjoar. Você, esse ser de sorriso encantante,  de vocalização inebriante, de olhar cintilante e aroma de homem. Você, que me instiga rimas e versos, e um sentimento ainda incógnito que teima em saber se derramar homeopaticamente a cada minuto de contato, sorvendo em seguida a mistura do que sinto com aquilo que sentes e que também transborda de ti. Tinha que dormir pra poder tentar sonhar com você e ao acordar, então, perceber que você é mesmo um sonho, e só, e sei que, embora você tenha sido feito pra mim tanto quanto eu pra você, talvez nunca seremos  já que fomos ludibriados pelo tempo, que nos adiantou a nós dois e sumiu na esquina mais próxima e, provavelmente, não mais volta...