terça-feira, setembro 13, 2016

Loucos são vocês que não sabem sentir.



As pessoas andam confundindo amor-próprio com egoísmo, autenticidade com individualidade, tolerância com trouxidão, por isso as relações andam cada vez mais descartáveis, fluidas e efêmeras. A psicologia do “primeiro eu, segundo eu, terceiro eu” fará um estrago na sociedade a longo prazo. Nos tornaremos uma civilização robótica, enclausurada em si e fadada à superficialidade. Queremos ser auto-suficientes, mas não queremos morrer de solidão num asilo. Blindamo-nos contra sentimentos alheios e próprios e nos transformamos em icebergs ambulantes. Temos medo de nos envolver, por isso lotamos as madrugadas buscando prazer solitário em sites pornográficos pois dá menos trabalho: não precisa beijar, caprichar nas preliminares, nem tirar o carro da garagem pra levar ela em casa ou abrir a porta de casa pra ele ir embora no meio da noite.

Compromisso tornou-se sinônimo de prisão, paixão de insanidade, e amor de utopia. Chorar é sinal de fraqueza. Inundamos os celulares e as redes sociais de senhas hieróglifas, alegando necessitar de privacidade, no intuito de trairmos, virtual ou realmente. Intimidade dá mais medo do que serpente venenosa. Ser sensível dá vergonha. As ordens são: imploda, mas não demonstre; adoeça, mas seja difícil; morra, mas não diga que ama; esconda-se dos outros e de si mesmo também. E no meio desse circo contemporâneo patético, os intensos sofrem, os medíocres se equilibram como podem, e os rasos se acham os felizardos da história. Não só os valores estão invertidos, mas também estamos obrigando nossas sinapses a andar na contramão. Estamos fugindo da proposta inicial do que é ser humano. 

Eu não sou louca. Loucos são vocês que estão despersonificando a espécie humana, forçando uma seleção natural às avessas. Loucos são vocês que têm medo ou não sabem sentir.

sábado, julho 23, 2016

Pra sempre presente.

O tempo há de conjugar esse verbo da forma mais ideal, mais concreta, mais verdadeira, no presente contínuo apregoado por ele, você vai ver. Nunca em minha tenra e breve vida fui tão feliz, mesmo nos interstícios de pouquidão que você me ofereceu. Sim. Mesmo na insaciedade da imensidão dos meus espaços, mesmo na discrepância de nossas ideologias, mesmo no infinito dessa dor que me abarca... mesmo assim, eu ouso afirmar que você é o homem da minha vida. Não foi. Não vai ser. Você é. Eu sempre vou te conjugar no presente, porque a cada despertar consciente de minha mente é em você que minha memória se abre e se compraz. Sua ausência me engole e me constrange de tal forma que dormir torna-se a única alternativa plausível de sobreviver aos abismos que tua falta me causa. Então, meu amor, boa noite. Na verdade eu queria te dizer: dorme comigo. Mas dorme com Deus mesmo. Tá de bom tamanho.

domingo, junho 05, 2016

Ode à falsidade.


Quem não se mostra não é visto, e muito menos conhecido. Tem gente que finge uma vida toda e você aí achando que essa pessoa é forte, é firme, é foda... viver na pele e à flor-da-pele, realmente, é pra poucos... e esses poucos sempre se dão mal simplesmente porque não sabem ser o que não são. Mas, é isso aí, vida que segue. Um ode aos falsos! Um tapa na cara dos sinceros!

quarta-feira, maio 11, 2016

Choro.



Choro. Muito. Quando sinto a lágrima chegar, e na frente de quem quer que seja. Fraca? Vítima? Otária? Chamem-me do que quiser. Eu vou continuar chorando quando a vontade vier.

sábado, maio 07, 2016

Maktub.


Como uma coisa que parece já ter sido escrita. 
Porque, de tanto "certo" que eu plantei na vida,
 não era pra ter dado tanta coisa errada.

Em parafuso.


Ela era um parafuso. Literalmente, um parafuso. Dava voltas e voltas em torno de si mesma. Caminhava feito um redemoinho. Talvez por isso sua vida fosse tão... agitada. E suas enxaquecas, infernais. Vivia cambaleando por aí, tonta, sem saber direito o que fazer consigo. Ultimamente, anda tentando traçar na cabeça uma perfeita linha vertical que, além de dividir imaginariamente os seus hemisférios cerebrais, também compartimentalize quase tudo - é, ela não sabe ainda dividir muito bem algumas coisas, e isso, ora facilita, ora se torna um problema. Faz pouco tempo, costumava ser confundida com um prego e sofria horrores com batidas de martelos. Até hoje não entende porque é tão difícil encontrar uma chave de fenda. Mas, hoje, ela sabe muito bem porque sempre sentiu a sua vida rodar, rodar e nunca sair do lugar. Afinal. Ela era um parafuso. E era justamente por isso que não era tão fácil arrancá-la de si.


Carta.



Penso que, talvez, tenham ficado algumas coisas a serem ditas, a serem feitas...alguns pontos corporais não explorados, muitos beijos não dados. Mas, ainda assim, diante dessas lacunas, repito que valeu a pena.

Valeu a pena a espera. Toda ela. Valeu o salto sem pára-quedas. A queda livre. O looping. Valeu a pena não ter abortado nada. Ter deixado essa coisa que já havia nascido não só crescer, mas, viver... Ter assumido os riscos - os de antes, os de durante e os de depois. Valeu cada pedacinho de madrugada, as tardes inteiras, aquele nascer do sol... Valeu ter sentido, ter tocado e ter sido sua. Ter provado dos seus néctares e dos seus olhares.

Valeu o bate papo gostoso. A intimidade, a afinidade, a ternura, o carinho, a química, a confiança [cega], o olhar sincero, a brincadeira espontânea, a voz firme, o apoio desinteressado, o abraço apertado e o beijo molhado. O suor colando minha pele na sua. O encaixe. A paciência. O respeito. Valeram as dúvidas. E as podas dos tais "excessos".

O que houve entre nós foi apenas a consumação do que já era. O que há entre nós é uma das misturas mais estranhas e deliciosas que a vida já me permitiu experimentar. O que haverá, entretanto, é uma incógnita. Impossível se prever. Só quero que saiba que almejo te encontrar nas esquinas do futuro mais próximo que existir...

Sobre a saudade e o amanhecer.


 ♫ " ... E na distância morro todo dia sem você saber..." 

(Roberto Carlos)

Os dias têm insistido em amanhecer com a saudade boiando nesse meu mar de viver. É saudade profunda, aparentemente infinita, teimosa em emergir à superfície, mas ao mesmo tempo, suscetível à rotina que meu dia traz junto com ela. O correr das horas pesa e ela, então, aos poucos, decanta, pra surdir novamente durante a madrugada, e como num ciclo sem fim, me despertar da forma mais dolorosa possível.

E eu faço o quê?


E eu faço o quê com essa coisa boa que me toma 
quando lembro que sou sua pertença, ainda que 
trancada a sete chaves num cofre de passado-futuro, 
cuja senha jaz no coraçãozinho mais confuso que já
 toquei em toda a minha vida?




╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

Ser.




Porque tudo que eu faço e sinto é de uma intensidade gritante. Gigante. Alucinante. Não cabe, transborda, explode e é por isso que eu sempre morro. E alguns dizem: tão nova pra morrer! Por que não faz o inverso? Guarda tudo nas gavetinhas do coração, menina, nos interstícios da mente, mas poupe os ouvidos da gente! Ah, se também coubessem, juro-vos! Estaria tudinho guardado por nuances de cores e ordem alfabética. Mas sou mesmo uma patética pois, ao final morro mesmo de qualquer jeito, pois se assim não explodo de fora pra dentro, implodo e derreto todinha, começando pelo centro. Prefiro, então morrer de dentro pra fora, prefiro morrer leve, deixar-vos pedacinhos do meu sentir e do meu saber, e levar comigo apenas quem sou eu, este espírito encarnado que não sabe fazer nada, além de ser.

Uma dor.


Voltei a escrever, lindinha, voltei. Sei lá porquê. De repente deu vontade. Um start interior, daqueles que dava outrora. Uma madrugada, uma música, uma dor. Uma não, várias. É, elas vão e voltam, numa insistência impressionante. Eu pensei que depois que ele entrasse pela porta da frente da minha vida, a louca sairia pela dos fundos. Ledo engano. Ninguém é suficiente forte pra fazer isso por nós. 

Que nem aquelas visitas inconvenientes que se plantam no sofá da sala da gente elas chegam e ficam, e não tem vassoura atrás da porta, bocejo, café frio, nem espada-de-são-jorge que dê jeito. Não tem dipirona, nem morfina, não tem nada. Aqueles dias idos serviram pra dar uma respirada boa, é verdade. Os outros foram, e estão sendo, dias asmáticos. A gente se adapta, mas a sensibilidade não some, a visão não se apaga. E a gente sente a incompletude, e vê que, por mais que a gente tente encher, a taça continua pela metade, e logo vem a certeza de que um dia ela vai entornar, para nunca mais se encher, nem sequer pela metade.