sexta-feira, agosto 21, 2009

Na contramão.

Na contramão da vida. Rasgando as vestes, deitando no chão da existência. Juntando os cacos, refazendo os vasos. Olhando de perto os estragos, a bagunça fria, cinza, recheada de aranhas e teias, e pintando paredes descascadas. Chorando os choros engolidos e desenterrando as lágrimas aterradas pela tenra idade que não suportava. Acendendo as luzes das salas escuras onde outrora circulavam monstros e fantasmas, e enfim, encarando-os. Estancando o sangue coagulado que só agora resolveu verter de novo. Pra poder me refazer do choque que que os enganos e desenganos da vida me provocaram. Pra desfazer culpas tolas e inexistentes, medos insanos e sem nexo e dores tão desnecessárias. Pra regar algumas esperanças latentes, pra poder sorrir novamente sem ter que falsear. Pra poder continuar.

5 comentários:

QuEm SoU Eu? disse...

E continue sim...Continue inclusive nos agraciando com textos tão lindos. Bjs

Geórgia Cavalcante Carvalho disse...

Ir na contramão é sempre difícil, mas as recompensas sempre valem a pena...

Igor Mascarenhas disse...

Também tenho esses momentos de revolta. Sim, como diz Thomas Merton, a oração muitas vezes é uma revolta contra o mão, as vezes é necessario ir na contramão que nos leva a mão certa: a mão de Deus.

*Lu* disse...

Esse é daqueles posts que só me faz dizer: Perfeito! Não é economia de comentário, é que eu fico realmente sem palavras. A maneira como você consegue se mostrar nos textos é fantástica. Bjus!

NeTo Colangeli disse...

às vezes é na contramão q encontramos o nosso caminho!
excelente texto! aliás, como sempre! bjo!