quinta-feira, agosto 20, 2009

Ainda hoje.


Peguei carona com ele. Agora sim, entendo porque me cercava tanto e porque eu fugia tanto. Agora eu entendo o porquê de tantas brigas, de tantos dissabores, porque tanto relutar em encará-lo. Bem soube o tempo inteiro que ele queria me dizer algo. Eu não queria ouvir. Eu trombava com ele, e fingia que não o via, ou fazia cara feia, cara de nojo, de mágoa e fugia, e culpava-o, e depois me culpava por tratá-lo mal. Ele passava por mim e sorria, mas eu trocava de calçada. Só hoje eu entendi porque tanto asco e tanto temor.

Hoje fui atrás dele. Eu tinha que ir. Morrendo de medo. Na antesala do local que precedia nosso encontro, tremor, boca seca, aperto no peito. Pela primeira vez tive coragem de olhar em seus olhos. De relembrar algumas coisas. Seus olhos eram bonitos, mas turvos, sombrios. Me falou com voz forte, mas confortante, e enfim deu-me seu recado. Foi duro suportar. Ele me conduziu à um local muito frio, mas bastante claro, e eu adormeci, após longa espera pelo sagrado sono. Acordei, e só então pude perceber: tô na sala de cirurgia da minha alma. Desnuda e toda aberta. Não tem anestesia, nem nada. Não posso me mover, nem falar, e até pensar dói. Mas eu sei que é preciso. E eu vou atravessar. Eu vou lutar, porque, mais do que nunca, eu quero viver.

3 comentários:

*Lu* disse...

Amiga, estou tão atrasada nos comentários! Esse post está muito especial, a começar pela imagem que você escolheu. A prova de que essa cirurgia tá te fazendo bem é essa vontade e urgência de viver que está no teu coração. Estou feliz por você! Bjus!

Carolina Braga disse...

"Eu vou lutar, porque, mais do que nunca, eu quero viver."

=D

NeTo Colangeli disse...

"E eu vou atravessar. Eu vou lutar, porque, mais do que nunca, eu quero viver."
É isto! Lute!