
"Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente (...): preciso de todos." (Carlos Drummond de Andrade)
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Feliz Ano Velho

quarta-feira, dezembro 19, 2007
Inverno prorrogado

terça-feira, dezembro 18, 2007
Então... já é Natal!

sábado, dezembro 15, 2007
Ainda em crise existencial

sexta-feira, dezembro 14, 2007
Já quis muito ser perfeita... hoje, quero apenas ser possível!

A cada dia que se passa me convenço mais ainda que a felicidade é feita de pedaços que a gente vai juntar no fim da vida para, enfim, concluir se fomos felizes ou não. Se fomos felizes, ótimo. Se não fomos, não resta-nos nada além de morrer.
Paz e bem, Marianne
quarta-feira, dezembro 05, 2007
Amor perfeito

terça-feira, novembro 27, 2007
Dias de tédio, chuva, nostalgia e coisas afins...

Ando intolerante nesses últimos dias. Pensei que fosse TPM, mas não é. É uma espécie de irritabilidade quase que constante. Ou seja, vivo de saco cheio sempre. Tédio, monotonia, fastio, inapetência, todos esses vocábulos tem sido constantes dentro de mim. Não consigo terminar nada que começo, nem mesmo uma das coisas que mais gosto de fazer na vida que é comprar. Imagine que hoje eu surtei dentro da loja e larguei a moça lá com milhões de roupas no balcão. "Você não vai experimentar"? Eu disse: "não... cansei... outro dia eu volto". Assim. Do nada. Acho que a moça deve ter me xingado toda. Nada tem me prendido atenção suficientemente.
Acho que estou stressada. Não suporto mais internet. The Sims idem. TV nem se fala, já perdi a paciência com ela faz anos. Filas e outras situações de espera só faltam me causar sintomas físicos. Não ando com muita paciência para ouvir ninguém, sobretudo se a prosa for ruim. Filei um mês de terapia. Adiei a última sessão do meu tratamento de canal três vezes. Sair de casa, seja pra trabalhar, pra ir à igreja ou outro lugar, tem sido um martírio. Eu até arrisco sair com a galera sábado à noite, mas em pouco tempo bate um desânimo sem fim, e a única coisa que eu quero é dormir. Aliás, dormir tem sido a única coisa que eu não tenho tido preguiça de fazer.
Ao mesmo tempo, me sinto muito culpada por ter tanta coisa e não ser grata à Deus, pelo menos com meus sentimentos, que parecem que são eternamente de insatisfação. Talvez eu tenha me perdido na rotina da minha vida, na ausência de metas, de sonhos. Afinal, já fiz 18 anos (faz tempo), passei no vestibular, já me formei, casei, comprei uma casa, um carro, um computador... Aos 25 anos, me sinto uma velhinha de 75, que morre de medo de chegar aos 30 e por mais que deseje ter um filho, morre de medo de tê-lo. Uma mulher, que por mais que ache que sua vida está completa, sente que apresenta partes inacabadas, labirintos desconhecidos, locais inabitados, mas que não consegue nem identificá-los nem preenchê-los. Não sabe como nem por onde começar o processo de reforma. Será que eu preciso de férias?
Sinto uma saudade sem limite, algo bem nostálgico, daquilo que vivi na época da adolescência. Não das curtições (até porque quem bem me conhece sabe que fui uma anta bípede o tempo todo). Sinto saudade da galera, dos amigos, dos lugares, da falta de responsabilidade, da beleza que eu enxergava nas coisas mínimas, na riqueza que significava 2 reais na carteira, enfim, da singeleza e sutileza com as quais eu levava a vida. Eu sabia ser feliz com o pouco que tinha. Não que hoje eu não tenha meus momentos de felicidade, eu os tenho sim, e não são poucos. Acho que preciso reaprender a arte de valorizar as pequenas coisas hoje, mesmo que aos meus olhos físicos elas não sejam tão valiosas. Acho que é momento de exercitar a visão utilizando os óculos da alma.
Paz e bem,
Marianne
segunda-feira, novembro 19, 2007
domingo, novembro 18, 2007
O tempo passa...

A vida são deveres
que nós trouxemos pra fazer em casa.
Quando se vê já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia,
outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente
e iria jogando, pelo caminho,
a casca dourada e inútil das horas...
Dessa forma eu digo,
não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo,
a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais...
(Mário Quintana)
quinta-feira, novembro 15, 2007
Contando os dias

quarta-feira, novembro 14, 2007
Ainda é inverno...

domingo, outubro 28, 2007
Nostalgia

sábado, outubro 27, 2007
Mais um dia de inverno...

(Pe. Fábio de Melo)
sexta-feira, outubro 05, 2007
Sem disfarces

- Com carinho, Mary.
quarta-feira, outubro 03, 2007
Relações

terça-feira, outubro 02, 2007
O direito de ser fraco

É um grande desafio para todos nós porque, lamentavelmente, as pessoas não estão preparadas para nos educar para a coragem. Sabe por quê? Porque muitas vezes os incentivos que nos são dados estão mais voltados para esquecermos as nossas fragilidades. Quando mostramos as nossas fragilidades, há uma série de repreensões diante de nós.Você já reparou que a gente não deixa a criança chorar? Já reparou que quando o recém-nascido chora, nós fazemos de tudo para calar a boca dele. Fazemos uma série de "cara feia" para ver se a gente cala a criança, para tentar espantar a fragilidade. Nós, humanos, temos uma dificuldade imensa de lidar com a fragilidade do outro – ainda que seja filho da gente. Nós gostamos é de todo mundo feliz. Não estamos preparados para encarar a fragilidade. Parece que a nossa educação está sempre voltada para nos revestir de uma coragem que nos faz esquecer o limite.
O ensinamento de Jesus é sempre o avesso do avesso. Quer ser santo? Assuma que você é fraco. Muitas vezes, neste processo de se conhecer, a gente sangra. E nós precisamos sangrar. Um dos maiores poetas da música diz isso. Quantas vezes você não se viu traduzido em uma canção de alguém que teve a coragem de sangrar, não teve medo de mostrar as próprias fragilidades. Somos todos iguais. Nós, padres, somos todos iguais. Não adianta a gente fingir que é forte, ou ficar fingindo que não sente e que não tem medo. Eu não sei se você tem mais de cinco pessoas que conhecem os seus segredos. Para quantas pessoas você teve coragem de sangrar? Pessoas que te enxergam por dentro são raras. Conversão é isso. É você educar o seu filho para ele poder te contar onde estão os espinhos. O espinho não é o defeito, mas é a seta que nos mostra onde temos que trabalhar para ser melhor. A vida vai perdendo a graça porque não nos deixamos sangrar. A gente sangra melhor nos momentos de intimidade, onde a gente tem coragem de tirar a couraça. É muito melhor a gente admitir que tem medo. Para as pessoas ,é sempre doloroso ter que tirar os espinhos, de ver vazar as inflamações. Há tantas situações que nos deixam com o “coração na boca”. Às vezes, nós colocamos muito mais atenção naquilo que as pessoas estão achando de nós, do que no que nós pensamos de nós mesmos. Examine-se, você é uma pessoa que consegue levar o outro à cura. Em última instância, o que vai sobrar de nós é a nossa vontade de amar. Vamos descobrir o que hoje em nós está "infeccionado", porque é preciso sangrar, é preciso reconhecer-se frágil."
segunda-feira, outubro 01, 2007
domingo, agosto 12, 2007
The end...

domingo, agosto 05, 2007
Feliz, sim!!!

Deus. Praia e sol. Música... bossa nova, jazz, mpb. Luz de velas. Encontros românticos. Dias ensolarados. Voleyball. O corpo do Giba. Recados no orkut. Shopping Center. Vinho. Domingos ensolarados. Minha cama. Meu cobertor. Meu amor. Beijo na boca. Mel. Chocolate. Goiabada com creme de leite. Feijão [da minha vó]. Patrick Dempsey. Borboletas. Norah Jones, Michel Bublè e Diana Krall. Falar a verdade. Acordar depois das dez. Pão de queijo.
A voz do meu amor. Torta de chocolate. Livros. Conversas na praia. Lual, voz e violão. Pôr do sol. Banhos quentes e demorados. Ana Carolina. Aulas boas de Biologia. Minha mãe. Filmes de romance que me fazem chorar. Chuva fininha, caindo lá fora. Cebola frita. Diferenças. Tempo para não fazer nada. Escrever coisas bonitas. Barra de cereais. Abraços bem apertados. Rosas ou qualquer tipo de flor. Amigos de infância. Noites estreladas. Lágrimas de felicidade.
Pintura em tela. Beijo no pescoço. Massagem. Silêncio. Pernas de homens. Papéis saídos quentinhos da xerox. Cheiro de roupa nova. palavras que fluem naturalmente. Elogiar e ser elogiada. Escrever no diário. Cartas antigas. Bebês fofos. Olhos e olhares. Comprar roupa nova. Cabelos úmidos. Músicas do passado. Dormir a tarde toda. Conversas no banco da faculdade. Poetas e poesias. Bolo de aipim [também da minha vó]. Velar o sono do meu amor.
Energia elétrica. Lasanha de frango. Estudar. Ler revistas com a brisa batendo no rosto. Sorrisos sinceros. Brilho labial. Forró. Whisky com água de côco. Mergulhos na piscina. Noites de lua cheia. Apaixonar-se. Dançar de rosto colado. Perfumes. Almoçar no Sabores da Terra. Jorge Vercilo e Djavan. MSN. Papos no telefone por horas a fio. Pessoas especiais. Iluminação de natal. Presentes no dia do aniversário. Novos amigos. Lembranças que o tempo não vai apagar. Mousse de maracujá. Reencontros. Tudo tão simples... mas valem toda uma vida!
sábado, julho 14, 2007
Ser ou não ser (uma bunda)... eis a questão!

Ontem mesmo eu estava em um evento social, quando pude ser expectadora de um diálogo travado entre um rapaz e uma moça, que me chamou muita atenção. O rapaz, que provavelmente tinha muita intimidade com a moça, disse para ela: "nossa, você só tem bunda!" (referindo-se ao tamanho dos músculos glúteos que a mesma apresentava). Ela prontamente respondeu: "Graças à Deus!". Ele riu, e perguntou à ela o porquê da resposta. Ela não hesitou: "Porque é disso que homem gosta... quando eu passo, eu arraso, todos eles param em mim." Eu ri. E na mesma horinha, pensei: como pode um ser humano adulto pensar assim?
A ditadura da beleza está aí, é fato. Ela chegou de mansinho e já tomou conta do pedaço. E a humanidade, cada dia mais escrava dela. É um movimento que apareceu subliminarmente, e da mesma forma toma conta da nossa mente. Peço que não levem minha opinião ao extremo. Não me refiro ao uso cotidiano de produtos que nos "embelezam" mais, nem às academias de ginásticas espalhadas pelo globo ou às clínicas de estética e cirurgia plástica. Saúde e bem estar físico, boa aparência, tudo isso é normal, e é válido cuidar de si, óbvio. Eu mesma sou cliente assídua da AVON e se tivesse mais disposição voltaria pra musculação (já entrei 3 vezes, mas a preguiça não deixa... rsrsr!!) Não me refiro ao consumo dos produtos de beleza nem à malhação em si, ou às obras-primas fabricadas em centro cirúrgicos por "médicos-artistas", mas à busca incessante pela perfeição, ao exagero, que leva-nos, tantas vezes à extrapolar nossos limites. Refiro-me à valorização exarcebada da beleza física e à "coisificação" de pessoas em bundas, peitos e pernas, senão em carros, cargos e futilidades afins. Eu sinto informar, mas, eu sou muito mais que isso aí. Muito mais que membros a serviço de um corpo. Ou de alguns corpos.
A questão não é "ficar bonita"; é: "qual o preço estou disposta a pagar para ficar "bonita"; qual o preço que eu tenho exigido do outro para que ele seja aceito por mim?" É uma pena que estejamos ainda tão subjugados à imagem. É extremamente triste perceber que a cada dia nos permitimos enquadrar-nos nessa realidade desedificante. E, me perdoem, eu não consigo ver as coisas por outra ótica, senão pela ótica de Deus. Essa é mais uma investida do mal a fim de implantar no mundo o reinado da superficialidade; desta forma a gente não precisa adentrar no mundo do outro nem no nosso. E aí a gente se perde. Sabemos que toda essa extravagância existe a partir de um desejo, consciente ou inconsciente, de ser aceito, de agradar as pessoas, para não ser excluído, de alguma forma. Todo esse desejo parte da necessidade de ser amado, acolhido, compreendido. Porém, o amor atravessa as aparências e reflete lá no fundo de nós. Por ser abstrato, ele só enxerga o também abstrato. E o abstrato é invisível aos olhos da face. Só é possível enxergá-lo com olhos do coração.
Você pode até estar lendo isso e pensando: "ela escreve isso porque não tem a bunda grande". E de fato, não a tenho. Mas, acredite: não foi por isso que muitos homens interessantes deixaram de se aproximar de mim. Não foi por isso que eu deixei de me casar com o homem mais maravilhoso do mundo, em todos os aspectos.Se um gênio da lâmpada aparecesse e me oferecesse 3 pedidos, talvez um deles seria realmente ter o corpo da Juliana Paes. Claro, qual mulher não gostaria de ter um daqueles? Seria fascinante... Mas daí a ter que resumir a minha pessoa à uma musculatura que não serve mais do que pra manter-nos em pé, é outra coisa. Mais uma vez você que está lendo pode estar me chamando de hipócrita, afinal, todo mundo gosta de se sentir desejada(o). E eu te dou razão. Todo mundo gosta de receber elogios, de "arrasar", como a própria moça disse. Eu sou uma dessas pessoas. Entretanto, eu prefiro "arrasar" por um motivo mais edificante. Ser lembrada como "a mulher da bunda grande" não me satisfaz, nem me preenche. Porque um dia, a bunda murcha, o peito cai... a beleza se esvai, e quem gostou de mim por causa da minha "casca" vai sair à procura de outra mais bela talvez. Um dia as rugas chegam, a pele perde o brilho... mas quem me ama pelo que sou, vai continuar me admirando e amando, porque preferiu olhar para além da minha aparência. Prefiro ser lembrada pelas minhas qualidades que não passam, que são, aparentemente impenetráveis, salvo aos que se dispõem a tentar me amar pelo que eu sou, e não pelos acessórios que carrego. Prefiro ser lembrada por ter contribuído de alguma forma para a humanidade, seja no campo científico ou social, do que ser lembrada pelos mililitros de silicone que coloquei nos seios no verão passado. Muito melhor ser lembrada como uma mulher inteligente do que como uma mulher gostosa. Mas, se dá pra ser "gostosa e inteligente" ao mesmo tempo, ótimo! O que não dá é pra se reduzir à um pedaço de carne e colocar todo meu orgulho no temporal.
- Com carinho, Mary.
quarta-feira, julho 04, 2007
Porque viver é mutar...

Eu fui criada para a estabilidade, para a constância. Para apreciar a inércia das coisas e dos fatos. Para me assustar com tudo o que fosse discrepante quando comparado ao "padrão de normalidade" que construiram e me fizeram acreditar. Eu me assustei quando tive que sair do berço para a cama, e o pior, ter que dormir em um quarto sozinha. Eu me assustei quando tive que ir pro colégio, e mais ainda quando entrei na adolescência e vi meu corpo mudar. Relutei em abandonar a minha boneca Barbie e seus apetrechos. Trocar de colégio foi um choque, conhecer pessoas novas, lidar com a hipótese de não ser aceita. A cada ciclo que tinha que se fechar eu sofria demais. Se essas coisas previsíveis da vida me chocavam, imaginem o que estava por vir.
Um dia me ensinaram que apesar do mundo girar, ele deixa tudo no mesmo lugar, e que a gente é responsável por qualquer mudança que aconteça em nossas vidas. Eu fui criada pra obedecer padrões, regras, modelos. Achava que a instabilidade diante desses padrões, regras e modelos significava insanidade. E atribuía à mim mesma a responsabilidade de manter total controle sobre minha vida. Arriscar era um a palavra exclusa do meu vocabulário, já que ela presume que algo possa vir a acontecer ou não. E eu pensava que se fosse pra romper o "equilíbrio" da minha vidinha, melhor nem utilizá-la.
Mas chega um dia que você sai da casa da mamãe, da redoma de vidro que te envolve, e vê que o mundo lá fora não é tão colorido quanto aquele que você pintava no jardim de infância, e que as pessoas não são tão boazinhas como seus pais e avós. Você olha ao redor e percebe que as coisas se transformam numa velocidade tão exorbitante que a gente nem se dá conta: quando vê, tudo aconteceu!!! Contudo, não só as coisas mudam. As pessoas mudam, as circustâncias a que nos submetemos mudam. Os sentimentos mudam. Nossos gostos mudam, enfim, o mundo gira. E embora ele não saia do lugar, a gente acaba sendo obrigada a sair.
Putz! Não vou mentir o quanto eu sofri pra me adaptar à essa realidade de "mutação". Aceitar que eu podia oscilar... pior, que eu era um ser potencialmente mutante... doeu demais! Aceitar que a minha emoção sofria variações, que meu Q.I. também variava. Eu sustentei durante muito tempo dentro de mim um paradigma de insolubilidade e imutabiliade, e perceber que de repente as coisas podiam deixar de ser como a gente achou que ia ser a vida toda é complicado. Parece que o mundo vai cair na sua cabeça, o chão sair dos pés. Pela primeira vez eu me senti obrigada a olhar para dentro de mim, e descobri que eu não me conhecia. Eu acreditei a vida toda na figura tecida da minha pessoa por outrém [a melhor aluna, melhor filha, melhor no volei, no futebol, no jogo de damas...], e nunca tive a curiosidade de entrar um pouco, e confirmar se eu era aquilo mesmo que diziam de mim. Apenas lutava para sustentar aqueles títulos. Quando me percebi "mutar", minha reação imediata foi arrumar alguém para colocar a culpa por "ter permitido" que a minha vida "perdesse o rumo". Como não existiam culpados, restou-me construir um vilão dentro em mim, um processo de culpa que tirou definitivamente minha paz. Era uma luta interna muito grande. Meu coração tornou-se um imenso tribunal, onde ele [o processo de culpa] era o juiz, e a defesa e a promotoria eram eu mesma.
Aos poucos eu fui percebendo que não era bem assim, e, não que as coisas não devam ser levadas a sério, mas que eu estava dando proporções imensas à algo tão corriqueiro, tão humano. Humano... pois é! Só 24 anos depois vim me dar conta dessa realidade. Da essência que sou feita. Decidi então percorrer meu interior. Me vi limitada, cheia de problemas pra resolver comigo mesma. Cheia de medo de experimentar o novo. Cheia de bagulhos acumulados, sujeira... e vi uma caixa cheia de objetos e papéis velhos, amarelados e comidos por traças e animais afins. Escrito e estampado naqueles papéis e objetos vi todas as oportunidades de crescimento da minha vida... inaproveitadas. Decidi permitir-me "mutar". E desde então não está sendo fácil. Mutar implica em deixar pra trás hábitos, às vezes coisas e pessoas... ter atitudes novas. E isso me amedronta [ainda]. Mutar requer jogar coisas velhas fora, abraçar coisas novas, e aí vem à tona o apego. Mutar dá trabalho, tira o sono; mutar implica crescer, e é muito mais fácil viver dependente dos outros a vida toda.
Quando conclui isso, decidi mudar algumas coisas em mim. Mas, mudar pra ser melhor. Decidi deixar de ser imediatista, pois percebi que as coisas não acontecem da hora que eu quero, da forma que eu quero. Decidi deixar de ser extremista... percebi que entre 8 e 80 existem 72 possibilidades... e que cada um as usa de acordo com seu limite. Resolvi me permitir mudar a forma de pensar e de ver algumas coisas, mas, claro, apenas aquelas que não contrariam meus princípios de fé e moral. Decidi exonerar a palavra "nunca" do meu vocabulário, partindo do pressuposto de que nunca poderei prever o futuro, e decepcionar-se consigo mesmo é terrível! Decidi resignar-me diante das minhas dores, pois aprendi que que é no (e pelo) sofrimento que se amadurece e se fortalece, e assim a vida ganha novas nuances, porque a imutabilidade sufoca e reforça a rotina. E se o Mestre sofreu o que sofreu, quem sou eu para não querer sofrer...
Muito mais do que permitir-se mudar, é necessário adaptar-se às mudanças. O mundo lá fora é uma selva. A luta pela sobrevivência e pela sobrepujação é acirrada. E ao contrário do que prega a indústria da beleza e dos armamentos, o mais forte não é o mais bonito, nem os portadores de armas de fogo. Mas, sim, aqueles saudáveis de mente e alma. Forte é quem sabe lidar consigo mesmo, com suas oscilações e vulnerabilidades. Forte é quem sabe "mutar" quando é necessário, sem ter quer ferir ninguém, nem a sim mesmo. Forte é quem sabe entender a dor e a fraqueza do outro, mesmo sem compreender, pelo simples fato de saber que, um dia, você pode passar por aquilo. Forte é quem tem coragem de arriscar, de acreditar que pode, que a felicidade existe e está a um palmo do nosso alcance. Forte é o cara que não se deixa transformar em árvore, parada, estática, seres que nem quando morrem conseguem mudar seu arranjo. Forte é o cara que consegue atravessar a selva, se moldando às trilhas, às dificuldades de percusso, da convivência com os outros animais, sem perder a personalidade, nem perder a essência. O DNA, quando sofre mutação, acaba perdendo a capacidade de sintetizar as proteínas específicas de outrora, mas continua sendo DNA. Um outro DNA, que sintetiza outras proteínas. Mas, ainda assim, é DNA. Assim acontece na vida... às vezes, mutar é preciso!
- Com carinho, Mary.
quinta-feira, junho 28, 2007

"Cuidado com seus pensamentos; eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras; elas se transformam em ações. Cuidados com suas ações; elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus hábitos; eles moldam o seu caráter. Cuidado com seu caráter; ele controla o seu destino. "
(Desconheço o autor)
sábado, junho 23, 2007
Rotular é mais fácil...

Nem sempre a gente tem culpa da nossa história ser incompleta, borrada, incoerente e sem coesão. Afinal, quando somos crianças, não temos condição ainda de julgar o que deve ser abstraído de cada frase ou situação. De repente, sem explicação a gente absorve ou não. Quando nos tornamos adultos, olhamo-nos no espelho e percebemos que não passamos de bonecos de pano: cheios de remendos. Alguém abriu... nossos pais, amigos ou nós mesmos. Tentamos fechar de qualquer jeito. Um dia alguém nos vê e acaba percebendo que a gente destona um pouco do padrão que a sociedade definiu. Não conseguem enxergar que a essência é a mesma, só surgiram algumas marcas, acidentes da existência. E que seria necessário amar para poder consertar. Mas, como? Amar o feio, o disforme, o marginal? Loucura! É aí que entram os rótulos. O preconceito. Ninguém pára pra te perguntar por que você ficou assim, só julga, agride, ofende. Ninguém quer te ajudar a consertar os remendos. Se a gente não tomar cuidado, tem gente que ainda vem e os arranca.
Rotular é mais fácil do que conhecer. Bem mais fácil. É preferível dizer que não gostei, que não fui com a cara. Dá menos trabalho, rende tempo, algo tão escasso nos dias de hoje. Conhecer o outro requer presteza, sensibilidade, paciência, pele, compreensão, mergulho. E isso requer esforço pessoal porque, quase sempre, eu vou ter que sair de mim para ir na direção do outro. Eu vou ter que romper com meus condicionamentos, meu comodismo e meu falso moralismo, vou ter que retirar a máscara. Vou ter que me reconhecer igual ao outro. Por isso é mais fácil rotular. Quem rotula não se preocupa em checar primeiro o conteúdo. Quem rotula se perde nos valores exteriores e se esquece que nem sempre a aparência revela a essência.
Todavia, não dá pra viver a vida amarrados na nossa história, nem dá pra querer viver justificando nossas atitudes com o passado. Não dá mais pra voltar e consertar, mas dá pra reeditar, reorganizar, tentar ser feliz! Não dar pra viver aprisionado aos rótulos que um dia foram impostos. Como já disse o Pe. Fábio (e isso tudo e aprendi por causa dele), a gente tem o poder de decidir o que levar consigo e o que descartar.
E por falar em descartar, eu não quero mais permitir que corpos estranhos permaneçam em minha alma, qual lixo, pois onde há lixo, há decomposição. E onde há decomposição há morte. Espero estar atenta àqueles tijolos que queiram-me acrescentar. Mas, além de receber tijolos, também é preciso deixar alguns por onde passamos. É preciso esvaziar-se de vez em quando. Porque senão, além do entulho, cria-se um muro alto, tão alto que chega um dia que ninguém mais consegue nos alcançar. Nem mesmo a luz do sol consegue penetrar. Por isso existem tantas pessoas fechadas em si. Permanecem intransponíveis, já que não querem desfazer-se do entulho que se acumulou.
Hoje eu quero entregar a história da minha vida à Deus, o grande autor de tudo. Quero que Ele a reescreva como lhe aprouver. Quero entregar-lhe também os rótulos que me foram dados, e pedir-lhe perdão pelas tantas vezes que rotulei. Reconheço-me hoje como ser humano, potencialmente apta a cometer erros e acertos. Igual a todo mundo. Cada um sabe de si. E Deus sabe de todos nós. Ele conhece-nos mais do que ninguém. E mesmo assim, conhecendo toda nossa arquitetura, nossas ruas escuras e iluminadas, nossos jardins e bueiros, ainda acredita em nós e, a cada amanhecer, não cessa de nos dar uma oportunidade de sermos melhores!
- Com carinho, Mary.
quinta-feira, junho 21, 2007
Viver...

Eu sempre penso no fim. O povo fala que eu sou pessimista e tal. Pode até ser. Mas, pensar no fim me afasta da superficialidade e da temporalidade da vida material e me faz aterrissar dentro do meu eu. Pensar no fim me faz pensar na efemeridade dessa passagem nossa aqui na terra... me aproxima do essencial e me afasta do acessório. Me leva a perceber que sou mais limitada que tudo que eu possa julgar. Em janeiro, perdi um amigo. Ele não andava comigo 24hs por dia. Porém, era um cara legal demais. Ele era irmão de uma das minhas melhores amigas. Quando a morte chega cedo, muda a ordem das coisas, a gente se assusta. Ela balança a gente porque traz à tona a certeza da nossa finitude. E o ineseperado confunde. Contudo, às vezes ela quer nos dizer alguma coisa além de "fim"... Quando recebi a notícia, fiquei parada. Na hora, a gente nunca acredita. E foi horrível. Algumas das cenas mais tristes que vi até hoje na minha vida. A dor da despedida eterna é pior do que qualquer outra dor. Eu não a senti ainda, mas pude imaginar. A minha dor não era igual à dor que estampava a cara daquela família que perdia um filho, um irmão, um pai... um esposo. Eu vi alguém que há uma semana trazia seu filhinho colo pelas ruas deitada em um caixão, e ninguém podia fazer nada. Essa sensação de impotência diante da morte também choca... No fim do dia, quando deitei na cama, a ficha caiu, e eu percebi que nunca mais o veria. Conclui o quão a vida é frágil, efêmera e singular.
Tanta gente fala, e eu mesmo rabisquei no meu caderno quando adolescente, várias vezes, o chavão tão famoso: "curta a vida, pois a vida é curta". Nossa, ela é curta demais... o que são 75 anos??? Cara, eu já tenho 25... e estou sendo muito otimista citando essa expexctativa de vida! Tem gente que vive menos que 75. Mais gente ainda vive muito, mas muito menos que isso! Tem gente que nem nasce pra saboreá-la. E tem gente que vive durante muitos anos, mas apenas biologicamente. Não passam de um amontoado de células que trabalham incessantemente para manter uma "animação" da matéria. Tem gente que vê a vida passar, escapar por entre as mãos, mas é incapaz de passar pela vida, porque está preocupado com algo muito menos importante que sua propria vida com aqueles que os amam. Preocupados com o carro novo, com a promoção no trabalho... com a poupança do filho que nem foi concebido, com a roupa da festa de formatura do neto... Quantas vezes eu, como mera expectadora, assisti a vida passar por mim, sendo que eu tinha potencial para fazer tudo diferente? Quantos momentos de crescimento eu deixei se perder no tempo? Quantos dias eu deixei de viver pra viver aqueles que nem haviam amanhecido ainda!
O tempo não dá trégua. Ele não pára pra gente descansar um pouco nem volta pra gente consertar o que foi feito. Passou? Já era! Falou o que não devia? Fez o que não era pra ser feito? Paciência... Mas, também, não vamos viver de lamentação pro resto da vida. Enquanto há vida, há esperança, há o que ser feito. Feridas existem para serem cicatrizadas, dores, para serem saradas... luzes existem para iluminar a escuridão. Não existe nada que não possa ser ajeitado, até para a morte existe a ressurreição! Entretanto, omos sempre tentados à deixar para amanhã... e se o amanhã não chegar?
Estou aprendendo a viver um dia de cada vez. Vivendo para as minhas necessidades de hoje, meus sentimentos de hoje, para as minhas dificuldades de hoje, para as pessoas que me rodeiam hoje. Às vezes eu não consigo, a ansiedade me assalta, rouba minha paz; o egoísmo me cega, eu desço ao limite da minha humanidade. Aí quando coloco a cabeça no lugar, lembro que o futuro não me pertence e eu nem sei se o alcançarei. Lembro que Pe. Fábio um dia disse que "o presente é o presente que o tempo nos entrega". E não dá para, simplesmente, negá-lo. Dádivas são dádivas. E um belo dia, sem ao menos a gente esperar, se morre. E pronto. Acabou.
Não quero um dia, olhar para trás e perceber que não fiz o suficiente para viver, apenas alimentei uma existência vã. Não seria justo nem comigo, nem com Deus. Ele me criou para a felicidade, para experimentar da vida, suas nuances, alegrias, dores e sujeições. E Ele está comigo sempre!!! Tantas vezes eu julguei a vida sem cores, sem nada... só dores! Hoje eu a percebo de outra forma. Durante o tempo adverso, procuro enxergar as "rosas que dão no inverno"... mas isso é assunto pra outro post!!! Beijoss na alma!!!
- Com carinho, Mary.
quarta-feira, junho 20, 2007
O anoitecer da alma

A noite é traiçoeira. Ela até me faz crer que não existe algo que possa iluminar as trevas que dela emana. No silêncio cínico desse turno do dia, fecho-me como as flores no inverno frio e preparo-me para alcançar o sono, aquele que, temporariamente, me desliga do que sou e do que sinto.
A noite não dá trégua. Não parece ser sua intenção flagelar-me. Mas, o faz. Talvez porque não tenha noção do que significa cair em si e perceber quantas feridas a vida abriu, quantas a mesma cicatrizou, e quantas não consigo encontrá-las para submetê-las à cura.
Marianne
sexta-feira, junho 15, 2007
De carona com o Pai...

- Com carinho, Mary.
domingo, junho 10, 2007
O outono nosso de cada dia...

Durante o outono há uma preparação silenciosa dos vegetais a fim de suportar o que virá; as folhas ficam amarelas e caem. É uma linda estratégia de sobrevivência e de reconhecimento da sua fragilidade diante do momento que está por vir. Ao perceber a aproximação do tempo frio e da baixa luminosidade, os vegetais iniciam a produção de um hormônio, que deflagra o cair das folhas, a fim de reduzir o metabolismo durante o inverno, para que eles consigam suportar a situação adversa. Eles transferem toda energia armazenada das folhas para o caule, até que a primavera chegue, por isso as folhas caem. Sem folhas para fotossintetizar, o gasto de energia é menor, e assim dá para atravessar o inverno sem problemas. Com a queda das folhas, ela fica com um aspecto de morta. Mas, por dentro, existe uma reserva de energia muito grande, na forma de nutrientes. O metabolismo diminui, mas nunca cessa. Apesar do inverno frio que se aproxima, ela não desiste, ela decide sobreviver, apesar de saber que atravessará invernos todos os anos, uns mais rigorosos que outros... mas permanece em pé. Interessantemente, esse mesmo hormônio, que permite o cair das folhas é responsável pelo amadurecimento dos frutos, na época da frutificação...
Entretanto, apesar do frio, da neve, existe beleza nessa estação... as folhas amareladas e marrons espalhadas pelo chão... e a certeza de que depois do inverno, vem SEMPRE uma primavera, estação cheia de flores e alegria.
É preciso adaptar-se às estações da vida, à mutabilidade dos eventos que se sucedem durante o período de nossa existência. Aos olhos espirituais, cada estação é oportunidade de exercitar as virtudes que tanto anseiamos. Paciência, humildade, sabedoria, discernimento, amor... as provas são necessárias, assim como no esporte e no colégio.
Que Deus seja nossa força! Paz e bem.. beijos e bençãos!!!
- Com carinho, Mary.