domingo, agosto 12, 2007

The end...

"A vida se transforma rapidamente. A vida muda num instante. Você senta para jantar, e aquela vida que voce conhecia acaba de repente..." (Inês pedrosa)


É, a gente acaba. Que nem arroz, feijão e farinha acabam do fim do mês. Que nem vela que queima a partir do momento que é acesa, a gente começa a morrer no dia que nasce. A gente acaba, sim. Num passe de mágica, de uma hora pra outra. A gente acaba. Finda. Que nem novela, que nem história em quadrinhos. Que nem os anos, os meses, os dias. Dissipa. De repente. Igual fumaça, cheiro de perfume ou gás. A gente dissolve. Tal qual papel na água, açúcar no café. É, um dia a gente se apaga. Da mesma forma que as lâmpadas, as velas, e tudo mais que emite luz. É o anoitecer da nossa existência. Chega então o fenecer da nossa história. A gente é matéria finita animada por uma energia chamada vida. Tão frágil, tão efêmera, tão singular. Não passa de um sopro, que um dia aparece, e um dia se vai. É ela quem faz teu coração bater, teu sangue circular, teus rins filtrarem, teus pulmões inspirarem. É por causa dela que você anda, corre, ri, chora, grita, estuda. Essa energia te permite experimentar o maior espetáculo do mundo: viver! Essa energia que tanta gente não dá valor.

É, a gente acaba mesmo. E não tem data certa. Pode até ser agora ou daqui há 50 anos. Esse dia a gente não sabe. Mas, mesmo assim, insistimos em passar pela vida como se ela fosse eterna, e mais ainda: como se pudéssemos predeterminar o nosso tempo aqui. Como se fôssemos senhores do tempo, de nós mesmos, da vida dos outros... do bem e do mal. A gente se acha, se sente. A gente tem um quintal bem grande dentro de si onde cultiva discórdia, orgulho, egoísmo, inveja e arrogância. E joga fora as sementes do amor, da concórdia, da paz. Valoriza mais as coisas que as pessoas. Perde tempo com coisas tolas, discussões banais, hábitos imbecis. Briga com o outro mais do que o ama. Grita com ele mais do que demonstra afeição. A gente não pisa no chão, não olha nos olhos do outro, nega uma esmola, um sorriso, um olhar. Nega a presença, a solidariedade, o abraço. A gente sonha tanto, e esquece de viver o hoje. A gente se acha melhor que o outro, mais bonito, mais bem sucedido, mais inteligente, mais isso, mais aquilo. A gente amontoa tesouros aqui na terra, coisas que a gente nunca usa, nem doa, nem nada. A gente se enche de roupa, de sapato, de dinheiro... se empanturra de comida, trabalha 24hs sem parar. Vê a vida passar, escapar por entre os dedos. E um belo dia, daqueles bem ensolarados, com borboletas voando e pássaros cantando, no auge de tudo, bem quando a gente tinha planos de mestrado e doutorado, de ter filhos ou de comprar uma casa na praia, planos de natal e ano novo, bem nesse dia surge, na partitura da vida, uma pausa eterna. Imprevisível. Irremediável. Pra quem fica, insuportável. E a gente morre. Acaba. Termina. Pra nunca mais.

Um comentário:

Unknown disse...

Lindooooooooooo!
Esse texto seu parece um de Bial,que ele escreveu quando Bussunda morreu...
Lindo mesmo!Deus te abençoe mais e mais a cada dia!
Beijosssss!

Camila Novaes