sábado, junho 02, 2012

Presente ao tempo.


  "E agora como posso te perder
Se o teu corpo ainda guarda o meu prazer
E o meu corpo foi marcado pelo seu?" 

(Nando Reis)


Eu resolvi nos dar pro tempo depois que você resolveu dar um tempo pra nós dois. Como eu não tinha papel de presente, embalei num papel de futuro. Depois de embrulhado, encontrei um laço de passado no chão do meu quarto, um tanto quanto amassado e empoeirado, e achei que poderia servir de enfeite. E serviu. Ficou bom. Mas, percebo que por detrás desse laço feinho tem um nó cego que nem nós dois conseguimos [ainda] desfazer... Desatá-lo, agora, fica a cargo do tempo. À mercê do resto de verdade que ainda teima em se esconder no sorriso que você me nega, no olhar que você me desvia, na palavra que você evita me dirigir, no miligrama de emoção que você deixa escapulir, naquela nossa vida que ainda vive em algum cantinho do âmago seu, nesse seu silêncio, fruto de um estar refém de não sei quem ou do quê. 

~ Mari Teixeira ~

5 comentários:

Cecel disse...

Ê amiga,não tem jeito não!!! Você melhora a cada dia por um lado, e por outro sofre umas recaídas!!! Força amiga!

Edson Pinto disse...

É como um buraco que insiste em nos puxar para baixo...

LUCIANO MEDRADO disse...

Com o tempo a gente aprende que o outro não é só nosso e que temos que devolvê-lo ao tempo porque só ele entende o tempo necessário de nos devovê-lo a nós. Com o tempo a gente entende que o outro fica eternizado nas lembranças deixadas. Que ele continua a falar, que ele continua a ocupar o nosso tempo, que ele continua a exalar seu cheiro, que seus gestos, suas explicações, nossas conversas continuam a ecoar em nosso pensamento. É ele parece está alí, tão vivo naquele barzinho, tão vivo naquela canção, tão vivo naquela noite, naquela madrugada, tão vivo em meu tempo ou neste que fiz para nós dois. Se tudo cabe ao tempo, só me resta nele esperar e me lançar nele mesmo chamado também de futuro.

joão disse...

Como sempre, linda!

Verônica Barbosa disse...

E então, só resta deixar as coisas a cargo do tempo...