quarta-feira, junho 20, 2012

Inúmeras vezes.



"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: 'Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!". [...] a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?"

(Nietzsche)

Sim, eu viveria tudo de novo. Eu atravessaria o mesmo mar, e enfrentaria as mesmas ondas gigantes e os pontiagudos dentes dos tubarões, e mergulharia na mesma zona abissal, novamente. Eu amaria com a mesma força, ainda que esta fosse intensa o suficiente para destruir todas as minhas pilastras e me fazer desabar em você, e quebrar as pernas, o coração e a cara, novamente. Eu sofreria tudo de novo, e choraria os mesmos litros de lágrimas sem tentativa mínima de racioná-las. Eu te faria ser novamente a exceção daquela regra e te entenderia no último instante, mais uma vez, ainda que com olhos marejados e aerados, observando pouco a pouco a tua ausência penetrar a minha existência Tocaria as mesmas notas e cultivaria as mesmas possibilidades. Eu passaria mais mil e uma noites em claro, e correria pra te buscar no meio da madrugada quantas vezes você ligasse me pedindo pra te trazer pra mim. Eu comprimiria todos os meus órgãos infinitas vezes mais, e engoliria minha febre goela abaixo, e sentiria, outros zilhões de vezes a dor lancinante de descolar a alma do corpo todas as vezes que revivesse aquele adeus. Eu viraria essa ampulheta mil vezes, e reviraria, e viraria de novo, se mil vezes pudesse fazer... e continuaria a ser essa ínfima poeirinha, incapaz de precisar, exatamente, o quanto eu preciso de você...




╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

2 comentários:

Nath brasileiro disse...

Eu também faria o mesmo. Eu arriscaria mais uma vez minha felicidade se for pra um dia dar certo!

Anderson Bastos disse...

E eu, já começando a influencia em sua vida hein. Mas prometo não te mostrar mais nenhum texto congênere. E quanto à resposta ao demônio, bom... Eu não exitaria em dizer sim, mas pretendo trabalhar com a possibilidade de me desintoxicar no tempo antes, depois olhar pra trás e ver se era tudo isso mesmo. :*