sexta-feira, junho 15, 2012

Eu choro.


"Não foi nada. Deu saudade , só isso. 
De repente meu deu tanta saudade..."

(Caio Fernando Abreu)


Hoje, pela primeira vez, eu consegui chorar em silêncio. Tua falta percorreu meu corpo da mesmíssima forma que sempre faz d-i-a-r-i-a-m-e-n-t-e, e doeu da mesminha forma que sempre dói, mas já não tenho mais forças pra abrir a boca, enfiar a cara no travesseiro e gritar, pela enésima vez, todos os "nãos" que a incompreensão da tua ausência me impõe. Já não tenho mais forças para espernear, bater os pés no colchão e esmurrar a parede oca do meu quarto minúsculo e frio. Chorei calada, depois de um banho quente, às três da manhã, deitada na cama vazia, com o cabelo molhado, ouvindo Barry Manilow e borrando o resto de rímel que o demaquilante de quinta que comprei no mercadinho da esquina foi incapaz de remover. Chorei sim; vez em quando eu ainda choro. Eu podia dizer que não, que eu sou "forte", que nem o soletrar do teu nome me abala mais,  que já tá "desacontecendo", mas só que os tsunamis de saudade não respeitam nada disso. Além do quê, minhas pálpebras inchadas e meu nariz vermelho me delatariam na primeira chance que tivessem. E toda vez que eu acho que já fali a função das minhas glândulas lacrimais, a tua lembrança vem me recordar que só os mortos não choram, que eu ando bem viva, e que, quem se faz de morto pra mim, aqui, é você... 

Será que você chora?

╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

4 comentários:

Curinga disse...

Maravilhoso, precisamos organizar tudo e enviar para uma editora... TE amo. Somos escritores de talento.

Lari disse...

ameiii

Nath brasileiro disse...

:'(

LUCIANO MEDRADO disse...

Porque será que o outro é tão incapaz de compreender que o que ainda sentimos e trazemos dentro de si por ele ainda são resquícios ou verdadedes inteiras de querer está junto, perto. No post tu perguntas se ele chora. Se ele chora ou não, não saberás. O que tu sabes é de ti o do que tu sentes. Coisa pior é sentir sozinho. O que fica são as lembranças, pedaços de vc nele e dele em você que se eternizam nas palavras recheadas de algo que foi bom, de algo que alimentou a vida. Abração.