segunda-feira, maio 24, 2010

Seu colo.

Como lhe faltava um colo pra chorar, ela resolveu chorar no seu próprio colo. Abaixou a cabeça e não viu mais nada; só sentia as gotas mornas pingando intermitentemente em sua própria pele, que absorvia o fluido antes mesmo que a atmosfera pudesse arrancá-las de si. O peso que ela minava era instantaneamente recaptado pela epiderme, sem que houvesse possibilidade de escolha de sua parte. Tudo voltava pra si e o ciclo não tardava em recomeçar, sem intervalo previsto. E ao final de seu "draminha barato" concluiu que foi bom desabar em si, mesmo que ela se reabsorvesse em parte. E jurou que da próxima vez vai providenciar um plástico. Cheio de florzinhas, de preferência. Só pra tentar impermeabilizar essa vida vazante.

2 comentários:

Carolina Braga disse...

O único colo que nunca nos falta.

Beijo!

*Lu* disse...

"Como lhe faltava um colo pra chorar, ela resolveu chorar no seu próprio colo. " Esse é fiel e está sempre à disposição. Bjus!