domingo, maio 09, 2010

Das pedras.


Eu ainda ouço o som daquelas pedras. Ao contrário da lógica, quanto mais o tempo passa, mais o estardalhaço é maior aos meus ouvidos. Na época, o barulho me incomodava. Era tão alto que conseguia calar meu grito de socorro. Mas, mesmo ferida, eu seguia adiante. Sempre achei que essa fosse a melhor opção [embora não houvesse outra]. Sangrando e sorrindo, ao final das contas, eu sempre encontrava uma forma de tamponar os ouvidos e prosseguir. Hoje, esse som vem emergindo a todo vapor. Além de me ensurdecer ele me persegue. Ele se amplifica, preferencialmente, à noite. Onde quer que eu esteja, o escuto. E se durmo, consigo vê-lo. Se sonho, consigo tocá-lo. E se me lembro, consigo senti-lo. Eu ainda ouço o som daquelas pedras. E por mais que as mais lindas músicas do meu Ipod abrandem esse eco perpétuo, ele sempre consegue me atingir, de alguma forma. Eu ainda ouço, e dói do vibrar dos meus tímpanos até as unhas dos dedos dos pés. Dói de sabê-lo, dói de poder lê-lo. Dói tanta impotência diante dele. Dói. Dói o som das pedras como se fossem as próprias pedras em mim. E, às vezes, acho que assim eu preferia que o fosse...

2 comentários:

Ione Rocha disse...

Bem amiga, exercite sua britadeira interior rsrsr.Hj mesmo eu pensava sobre isso: nossa capacidade de superar sozinhas. As pedras do caminho, aquelas com as quais nos condenam e apedrejam, e aquelas nossas mesmo, bem magmáticas, cristais de dor, mágoa, e até mesmo de amor! A britadeira falha, mas na maioria das vezes funciona. Não esquece de acionar o "on". bjos

*Lu* disse...

Amiga, no meio do som das pedras tente escutar a voz daquele que te acolhe, te entende e te ama. Espero que o som da voz Dele sobressaia. Beijos e boa semana!