Era uma noite fria de primavera. Ela o embalou num papel de presente colorido pra despistar a cor fúnebre própria daquele conteúdo, e enfeitou-o com um laço grande e verde. Caminhou alguns quilômetros e o entregou em seus ouvidos. Talvez, naquele momento, não tivesse noção de que acabara de fazer; havia, simplesmente, se colocado nas mãos dele. Toda. Sem o mínimo de reservas. A última gota do que ela era, ali, gritando ao seu ouvido. O pedaço mais íntimo de si, desnudo diante daquele olhar incrédulo. Aquilo que lhe era mais exclusivo, mais seu, agora, de uma forma ou de outra, era dele também.
3 comentários:
Lindo!
" Aquilo que lhe era mais exclusivo, mais seu, agora, de uma forma ou de outra, era dele também."
Muito profundo...
Tô concordando com o comentário acima.. "Aquilo que lhe era mais exclusivo, mais seu, agora, de uma forma ou de outra, era dele também".
É isso..não tem nem mais o q dizer!
acho q posso completar com uma frase de Caio Fernando:
" Ela estava tão dentro dele quanto ele dentro Dela. Intrincados, a ponto de um tornar-se ao mesmo tempo fundo e superfície do outro."
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