sexta-feira, setembro 18, 2009

Carta ao meu superego.



Boa noite, superego.

Estou te escrevendo em tom de despedida pra te dizer que entre nós está tudo acabado. Eu poderia usar o advérbio "infelizmente", afinal foram mais de 20 anos de convivência constante e ininterrupta, mas diante do alívio de estarmos rompendo, prefiro apenas expirar. Eu também poderia dizer tudo isso olhando em seus olhos, mas por tudo que aconteceu, acho que você não merece fitar os meus. Não posso negar que você foi importante em vários momentos da minha vida, me livrando de alguns apertos e roubadas, e esteja certo de que levo muito aprendizado consigo, mas também não posso esconder toda mágoa que tenho pelo fato de você ter me impedido de viver a vida de uma forma, digamos, mais leve. Sim, você foi um grande peso na minha vida. Você confundiu o respeito que eu nutria por você de tal forma que quis ser meu juiz, meu dono, meu ego. Isso desgastou demais nossa relação, que na verdade se bastava na grande ilusão de que você era fundamental, quando na verdade, hoje eu sei, você até que é importante sim, mas em doses homeopáticas. Mais do que isso é veneno, e pode até matar. Mas agora, querido superego, acabou. Depois que percebi o quanto você é cruel, decidi pular fora, antes que o processo de escravidão se agrave e eu entre em estágio de alienação severa. Romper contigo vai fazer com que eu me desvele, e quem sabe, até me desmanche também, e eu sei que isso vai assustar muita gente, sobretudo aquelas que te têm como um bichinho de estimação.

Creio que viver sem você não será tão desastroso quanto eu pressupunha antigamente, posto que, embora não pareça, eu tenho raízes. Só quero crescer um pouco pra cima. Portanto pode ir, vai pela sombra, pode carregar o que quiser, mas só te peço uma coisa: devolve a minha paz, que há tanto você levou, escondeu, ou sei lá o quê.

Se quiser voltar pra visitas esporádicas, sinta-se à vontade, e pode até se manifestar, mas não se decepcione se eu não te der mais atenção: é que agora, a sala de visitas da minha vida, só tá receptiva pro meu coração...

8 comentários:

Unknown disse...

UAU!!!!!!!! Tô simplesmente sem palavras.
Perfeito seu texto...

Carolina Braga disse...

Não gostei não...
















AMEI! ;]


Adoro essa palavra: leve. :) Há um tempo tenho aprendido a conjugar seu verbo no presente. E espero que no gerúndio, para sempre.


Beijão, Mari!

E que se f* esses superegos repressores!!!rsrs

QuEm SoU Eu? disse...

Parabéns!!! O texto tá lindo, como sempre, e traz consigo um grande significado de libertação. Boa sorte nessa nova fase! Bjs

Luma Marques disse...

incrível Mari! é isso ai... liberte-se! huehuehue
gostei particularmente do último parágrafo!! lindo!

beijão

ps: ansiosa pelo próximo post!!

Verônica Barbosa disse...

muito bom esse texto...
ah, aquela nossa conversa me fez muito bem viu... beijos!!!

*Lu* disse...

Ótimo texto, amiga! Lute mesmo pela tua felicidade e pela tua paz.

Ione Rocha disse...

Atitute corajosa amiga. Abrir mão daquilo que oprime, mesmo que por vezes sirva de abrigo, escudo, defesa, esconderijo...Superar limites para ser... Seu texto tá maravilhoso. Das profundezas de uma alma inquieta! bjos

Geórgia Cavalcante Carvalho disse...

"Se quiser voltar pra visitas esporádicas, sinta-se à vontade, e pode até se manifestar, mas não se decepcione se eu não te der mais atenção: é que agora, a sala de visitas da minha vida, só tá receptiva pro meu coração..."

Para mim, essa parte foi a mais perfeita!

E que as próximas visitas sejam doces, pois precisamos de mais ternura e menos aborrecimentos e tristezas.

Beijos, menina-fada!