Você não existe. Por quê? Ora, por quê... Porque não existe e ponto! É lindo de morrer, estudioso e educado, toca violão e é super modesto, sonha em se formar, trabalhar, casar e ter filhos [tudo necessariamente nessa ordem], enfim, um fofo!... Se for bom de cama, fecha o pacote completo! Talvez isso nunca tenha sido algo comum, e não é agora que ia ser diferente. Ou seria, sei lá, não fosse o século XXI e suas roupagens, não fosse a era do homem que alimenta sua Síndrome de Peter Pan, vivendo uma adolescência eterna, competindo pelo maior número de mulheres diferentes com quem se faz sexo, bem como a melhor habilidade em não ligar no outro dia e não se importar com nossa TPM, nossas necessidades e os respingos de xixi na tampa do vaso sanitário. Mas, voltando a você...
Eu bem que achei que você era um anjo, um anjo sem asas, é bem verdade, um anjo mundano, lindamente humano, mas depois percebi que anjos existem, e, portanto, não se encaixaria à minha definição inicial. Além disso, você também me disse que de anjo não tem nada, e eu sorri, sem querer te contrariar, porque lá no fundo eu acho que você tem sim um "quê" de anjo, que não sejam asas, nem auréolas, nem roupas brilhantes ou sexo indefinido, mas um quê de raridade, de singeleza e beleza singulares, [difíceis, bem difíceis de se encontrar nesse mundo], que talvez nem todo mundo consiga perceber de cara, porque seu rosto desenhado, seu peito torneado e sua barriga de tanquinho [realmente] conseguem ofuscar qualquer tentativa de visão além do alcance. Mas se você realmente existir, anjo, não muda não! Não perde essa essência boa e encantadora que te trouxe até aqui e que, se você cuidar direitinho, vai contigo pro resto da vida.
Eu nem te conheço, e talvez se conhecesse nem te escreveria essa carta porque (acredite!!!), convivência é uma das coisas mais reveladoras que existem. Se eu te conhecesse, acho que seríamos bons amigos. Ou não...rs! Não sei. E talvez nunca irei saber. Afinal, você nem existe...