segunda-feira, julho 16, 2012

Um nome.



Daí que o simples som, provocado pelo pronunciar do nome teu, uma vez carreado pelo vento, começa me estremecendo os tímpanos e ecoa numa onda de arrepios, por todo o corpo. Nenhum pêlo escapa. Nenhum músculo fica isento de contrações: é terremoto interior na certa. A boca vira um deserto. A voz embarga e os olhos brilham tanto, tanto, que eu me sinto iluminar por completo, e aqueço, e até esqueço que existe uma ausência paralela ao som do teu nome que grita dia e noite, sem parar, mas sem conseguir ultrapassar o nervo auditivo; nunca alcança o coração. Eu até esqueço da tua dona, do selo colado em tua testa, da algema transpassada em teu pulso, do teu olhar reto, da indiferença dispensada a mim com tanta veemência, da inconsequência estampada em teu olhar, simplesmente porque eu desaprendi a atentar para mediocridades, ao passo que não entendo como você consegue se amarrar tão bem à elas. Mais ainda: eu não entendo como apenas um nome consegue bagunçar completamente minha fisiologia e minha existência, meus lençóis e minha eloquência, nem como você e sua infinitude [ainda] conseguem caber nesse ínfimo e quase microscópico meato que separa a dor do prazer...

2 comentários:

João Florencio Damasceno Neto disse...

fiquei sem folego...seus textos me levaram a pensar em interpretá-los no palco,seria muita ousadia...hehe

Verônica Barbosa disse...

concordo com Neto, e nem há o que acrescentar...