terça-feira, julho 10, 2012

Finalizando.


A cada dia que declina, a persistente e tênue  perspectiva que ainda teima em subexistir no vão que tua falta causou na minha alma mingua. Essa lonjura que você nos impôs deixou brecha pra tanta coisa! O interlúdio silencioso dessa nossa partitura desafinou nossa sinfonia, desafiou a verdade, e estamos a um fio de perder por completo nossa sintonia. Será que você ainda acha que promessas de ações futuras sustentam alguma coisa além das estórias de amor dos folhetins de novela mexicana? Faz tanto tempo, que talvez nem nos reconheçamos mais. Talvez tua visão nem me estremeça mais os órgãos e tua voz não me cause mais o mesmo rubor de outrora. Talvez aquele sorriso bobo que te ninava madrugada adentro não mais responda à tua presença. Talvez ela tenha aprendido a gostar da barba-de-três-dias que eu te ensinei a usar, já que ela [a barba] ainda anda colada na sua cara, o que te dá um charme singular. Talvez, tenham pichado nossa estorinha com tantas mentiras e chantagens, e a perfurado com tanta maldade e fofoquinhas sem sentido, que hoje o mínimo tracejado daquilo que julgávamos ser concreto, esteja se tornando invisível. Talvez o que fomos tenha se perdido nesse ínterim, pra nunca mais. Talvez eu passe na venda da esquina hoje, depois da academia, e compre um nunca-mais, o pendure no lustre do meu quarto, e comece a aprender a conviver com ele. Faz tempo que não olho pros lados enquanto caminho pela vida; já não caço teu semblante ou teu perfume na multidão. Estamos hoje separados muito mais do que pela distância física; estamos apartados pelo tempo, este senhor que costuma fazer passar junto com ele quem decidimos abandonar, de fato,  à sua mercê - num papel de futuro, lembra? De um futuro que, talvez, não mais será. Certas coisas são predestinadas ao passado mesmo. E há que se conformar com isso.

╰☆╮Mari Teixeira╰☆╮

Um comentário:

Lari disse...

verdade...

e a vida segue...