sábado, maio 26, 2012

Sobre corações, realeza e anfíbios.


Ele tinha um martelinho, uma machadinha, um pé-de-cabra e outras ferramentas que só os homens têm e sabem os nomes de cor. Ela tinha um coração de carne, tipo filé-mignon, mas jurava pra todo mundo - inclusive pra si própria - que era de diamante. Ele duvidou, a priori. Ela fez questão de ratificar: sou assim, sim! Ele não entendeu que aquele coração cintilava por ele tão intensamente quanto batia pelo mesmo motivo, nem que valia muito mais que alguma noites insanas de prazer.  Ela filou todas as aulas de Persuasão pra assistir às aulas de Amor, enquanto já tinha gente com diploma de doutorado na estória. "Um coração de diamante precisa ser lapidado", sugestionaram-lhe ao pé do ouvido. E ele assim o fez: retalhou um coração de carne e, assim, esculpiu três destinos distintos. Se ele sabia que a textura rígida daquele coração era puro blefe, sinceramente, não sei. Mas, sei sim, que ele abortou muitas certezas e relançou âncoras. Talvez ele tenha confundido o caso de amor deles com um filme do Shrek. Talvez tanto brilho presente no coração dela tenha lhe ofuscado o olhar. Talvez tanta preciosidade tenha assustado o seu doce e jovem coração de príncipe que acabara de deixar de ser sapo - nem todo mundo tem facilidade pra lidar com a realeza. Talvez tenha lhe faltado compreensão acerca da obviedade explicitada nesse curto espaço de eternidade vivido por eles: príncipes se casam com princesas. Sapos, com sapas...

~ Mari Teixeira ~

9 comentários:

Cecel disse...

Amiga você botou pocando!!!! Quem é sapo tem que ficar é com sapa mesmo!!!

John Sanctus disse...

Gostei do sarcasmo final...rsrsrs...e espero q a princesa realmente encontre seu principe e que o sapo seja muito feliz com a sapa. São meus sinceros votos!!!Rs...Beijos...perfeito demais!!!

LUCIANO MEDRADO disse...

Nem sempre o outro consegue a companhar o itinerário dos nossos sentimentos. Sentir sozinho é a pior coisa. Os sentimentos precisam ser lapidados com as ferramentas corretas. É preciso saber utilizar o cinzel para aparar as imperfeições sem machucar. Acho que no início do texto você fala de sentimentos na contramão. Muitas vezes criamos uma história e colocamos o outro dentro mas nem sempre o outro sabe que faz parte ou se sabe não consegue acompanhar o nosso enredo.

Verônica Barbosa disse...

O texto todo é perfeito, mas este final...KKKKK, tem tanto sapo e sapa querendo ser príncipe e princesa por aí...Mãs como vc mesma disse, nem todo mundo tem facilidade pra lidar com a realeza...Amei o texto.

Edson Pinto disse...

Mari, que porrada em? kkkk

Ramon Luduvico disse...

Isso mesmo... Amor próprio... Adorei! Uma vez disse pra Luh: "ela é muito pra ele, por isso todo endeusamento." Você disse tudo: sapo não combina com princesa... Te amO!

*Lu* disse...

Pelo amor de Deus, eu tiro umas semanas de férias e quando volto leio esse texto maravilhoso? Essa frase define tudo (na minha humilde opinião):"Nem todo mundo tem facilidade pra lidar com a realeza." E um sapo mesmo sendo tratado como príncipe em um palácio vai sempre sentir saudade e até necessidade do brejo.

Pinbelaura disse...

Talvez ele seja um idiota que esteja acostumado á tão pouco,que se conforma com a mediocridade,e não sabe lidar com algo-alguém-de nível mais elevado.Ou seja só,fraco.E pela tamanha intensidade,tenha se envolvido tanto que perdeu-se em suas próprias escolhas,e ao invés de uma certa maturidade,tenha sido tomado por uma confusão que abrange muito mais que seus impulsos e sentimentos,talvez a razão grite cheia de contrariedades,por algum motivo.Quem sabe alguém,um dia,veja a merda que fez,e queira saber como é ser príncipe novamente,nem que seja temporariamente?! Lindo demais amiga!!!

Carolina disse...

Você conseguiu transcrever sentimentos fortes em palavras leves. Lindo!

Um beijo