terça-feira, abril 17, 2012

Sobre bolas de cristal, lágrimas e essencialidades.



Dicionários e enciclopédias, um diploma e meio, dezenas de livros empilhados na cabeceira da cama, cento e poucas estórias pra contar, inúmeros motivos pra rir e pra chorar, um violão com cordas aparentemente subtonadas deitado no chão, e eu não sei mais o que fazer com nada disso. De ter sido desanestesiada por você, me recordo com uma perfeição tão ímpar, que a imaterialização da lembrança é impossível. De ter sido sua, não consigo me arrepender - o amor tem dessas coisas. Sentir a vida correr nas veias é pra poucos. Da forma brusca como você se arrancou de mim, não sei bem o que pensar; são muitos cacos e estilhaços e não sei por onde começar a colar. São muitos cortes, e muito sangue, e muita dor, e uma felicidade que, ainda assim, insiste em não me abandonar: as lágrimas são acessórias diante da essencialidade daquilo que se eternizou na minha mente, no meu corpo, no meu coração, nas letras de cada carta... na minha história. Da bola de cristal que esqueci na estação quando embarquei com você, não sei dizer. Voltarei pra buscar, talvez. Decerto, ainda que tivesse sido mais atenta ao que ela tentava me dizer, não exitaria um milésimo de segundo sequer em lançá-la aos trilhos do trem das nossas vidas: eu viveria essa morte quantas vezes eu pudesse morrer... por você. Em você. 

~ Mari Teixeira ~

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