Todos os dias, lá pela madrugada, peço a Deus que não amanheça. Que
o sono desapareça, que você não me esqueça e que, por fim, apareça, nem que seja pra me lembrar que eu me esqueci em você, e que você veio só pra me devolver. Nem que seja pra
repetir metade daquilo que você disse olhando dentro da minha pupila, ao
meio-dia daquela quinta-feira doída, sob um sol dos diabos, sob um não entender que ainda ecoa. Sabe, moço, reluto tanto em adormecer, como
se isso fosse frear ou impedir o sol de nascer. Ter certeza que mais um dia vai
começar e não saber como fazer pra conseguir chegar ao fim dele sem se perder pelo meio do caminho, assusta. Eu, que odeio varrer coisinhas pra
debaixo do tapete, já sonolenta, arranco esse medinho de mim e empurro pra lá. E sim, continuo geniosa: esperneio, porque só aceito dormir acompanhada se
for com você. Mas, se não tem você, não quero mais nada, não quero mais ninguém. E fico
tateando o futuro por aí, já que você resolveu levar consigo aquele que
sonhamos juntos. Fico tentando entender de onde vem a acidez que mexeu,
definitivamente, com meu pH, quando você decidiu se misturar em mim. De leve, me torno estupidamente ácida e imploro à Ele que não nos percamos para tão além do
contato físico; que a sintonia das nossas almas não se desfaça, que você esteja feliz - mas feliz de verdade, não pela metade - e que a gente se bata numa esquina qualquer do futuro mais próximo que possa existir.
~ Mari Teixeira ~
~ Mari Teixeira ~
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