segunda-feira, abril 23, 2012

Mais eu.



Ando menos carente. Mais tolerante. Menos exigente. Mais madura. Menos impulsiva. Ando mais rapidamente. De salto ou de rasteirinha, de carro ou à pé, sob sol ou sob chuva. Corro. Tenho pressa. Viver me constrange a cada esquina, mas eu não consigo desistir de dobrá-las. Cada ângulo delas, por mais irregular que seja, não me freia. Choro. Não tenho vergonha de me inundar nem de não saber nadar. Arrisco umas braçadas; não tenho medo de me afogar nem de morrer. Desde cedo me permito sangrar; penso que faça parte disso tudo. Eu sei o caminho do banco de sangue mais próximo. No final, e, sobretudo, no meio de tudo, são as transfusões de amizade que sempre me reerguem. Há pouco, consegui fazer as pazes com determinadas ausências, e agora é hora de procurar o manual e repetir o script. É hora de colocar a falta que foge do olho no olho numa bolsinha de crochê e levá-la à tiracolo; é hora de alguém apressar a hora de despertar, pois se a falta minguar muito, escorre pelos furinhos. Trago na cara traços de uma felicidade que se sente incapaz de me decepcionar; que existe independente de quem ou do quê venha potencializá-la. Ando menos menina, um pouco mais mulher. Ando mais eu.

~ Mari Teixeira ~

Um comentário:

Cecel disse...

Nada melhor do que sermos nós mesmos!!! Arrasou amiga
!!!