segunda-feira, outubro 05, 2009

Dava um livro...

Jurava que iria escrever um livro. Achava que iria sobrecarregar a função sináptica e o sistema nervoso simpático de tal forma, que seus neurônios iriam estafar, do tanto que pensou, do tanto que escreveu, do tanto que bradou por dentro, sem ouvir resposta alguma. Coisa de gente exagerada, irrequieta, nada além. Coisa de criança que sobe a montanha mais alta que possa existir e espera ansiosamente o cair da tarde só pra ver por entre as nuvens alaranjadas algum sinal de eclipse. Mas, nada. Só conseguiu avistar o sol se pondo, a lua surgindo, alguma estrela caindo e até cometa apressado que voltava de um passeio pela Via-Láctea. Tentou, num salto descomunal - e talvez mortal - tocar em alguma coisa. Arriscou-se em vão. Percebeu-se há anos-luz de tudo aquilo... percebeu a proximidade ilusória do horizonte. E preferiu descer e voltar a escrever, mesmo sob o risco de surtar, de exaurir as forças, de se perder, talvez... No fim das contas, dói mais. Mas, ainda assim, sai um livro.

3 comentários:

Geórgia Cavalcante Carvalho disse...

Dói, mas sai um livro. De dentro desse coração doce. Da ponta dos dedos da mulher.

Seus textos, como sempre, uma alegria para mim.

Beijos.

Igor Mascarenhas disse...

Ah disseste tudo que eu precisava ouvir. Estamos neste caminho, iremos sofrer mas, a luz estará no fim da estrada em forma de palavras, não é mesmo.

Carolina Braga disse...

Ainda bem que vc subiu e ainda bem tb que desceu, pra escrever pra gente sobre o que viu.

Abração!

:)