sexta-feira, outubro 16, 2009

Ainda sobre aquela coisa que eu não sei o que é.


Ela já sabe o caminho. Ninguém precisa apontar nada. Desconfio até que mora por aqui por perto, é vizinha, é íntima, comadre, talvez. Deve alimentar uma obsessão sem tamanho por mim, porque antigamente só se achegava em dias nublados e frios, e hoje, em pleno sol ardendo o juízo apareceu já cedinho, me arrancou da cama e desde então, teima em não me deixar. Ela me abraça, me aperta, me sufoca, faz o que quer de mim. Agora cismou em não me deixar chorar. Tem me feito engolir a seco a única coisa que podia me regar e aliviar essa outra coisa que eu ouso chamar de dor, mas acho que já deve ter mudado de nome, tamanha a proporção que tem tomado dentro de mim. Joga na minha cara minhas vírgulas, minhas reticências... Ignora os pontos finais, as interrogações... Limita-se a não falar nada, só me observa, e seu calar me destrói pouco a pouco. Eu nem olho mais pra cara dela, mas não adianta; a gente não sente com o olhar...

3 comentários:

Carolina Braga disse...

Olha eu aqui.
Adorei o texto!
Pra variar...rs
Ah, e amei o layout! Tá lindão o blog. Parabéns.

Beijos com gostinho de saudade!

Geórgia Cavalcante Carvalho disse...

Tudo sempre tão lindo... Tão delicado. As palavras certas para uma viajante das redes virtuais.

Verônica Barbosa disse...

Vc não tem noção de como os seus textos me fazem bem...eles tem sido alivío pra minhas inquietações...