sábado, novembro 20, 2010

Trans[lúcida].

"Nunca, jamais diga o que sente.
Por mais que doa, por mais que te faça feliz.
Quando sentir algo muito forte, peça um drink."


[Caio Fernando Abreu]


Perdi a conta de quantos drinks pedi nessa vida. Dos porres folclóricos. Da quantidade de vezes que, ao final, ainda tive que me beber. Do quanto me embriaguei de mim mesma, ao me engolir a cada rodada. Do tanto que também bebi minha própria embriaguez. Da sobriedade forçada pela obrigação de ser sempre feliz. Das lágrimas vertidas no copo que temperavam o amargor daquilo tudo. Dos copos quebrados, dos cacos escondidos, em nome de uma tal perfeição - exigida; não seria digno quem não a trouxesse estampada na pele da cara. Era mais ou menos quase uma falsificação de mim mesma, embora ali fosse eu mesma. Mas, cansei disso também. Toda aquela obrigação que eu dispensava aos que me rodeavam foi desfeita. Agora, caso alguém não queira se deparar com meus dias nublados e com minhas caras de velório, com minha imperfeição e com minhas lágrimas, que feche os olhos, que se mude de perto de mim. E por favor, respeite minha trans[lucidez].

5 comentários:

Verônica Barbosa disse...

Também vivi experiencias semelhantes, e aprendi com Padre Stefano que o que eu queria mostrar para os outros não era quem eu era de verdade, mas uma imagem de mim, mas que imagem sem verdade não traz felicidade, aí aprendi que quem quiser gostar de mim, vai gostar do que eu sou e quem não quiser paciencia...não há nada que eu possa ou queira fazer....belo texto, ( como sempre) bjs!!!

Lari disse...

Agora, caso alguém não queira se deparar com meus dias nublados e com minhas caras de velório, com minha imperfeição e com minhas lágrimas, que feche os olhos, que se mude de perto de mim. E por favor, respeite minha trans[lucidez].

é isso ai... recado dado!

Ramon Luduvico disse...

Por isso amiga que te amo, pq vc é vc...!

Pati Eça disse...

É isso mesmo Mari, acho que chega de tanto a gente se violentar em prol dessa tal "perfeição". Concordo que quem gostar de vc tem que gostar como és. Não importa se um dia triste e outro também ou chateada ou sei lá como. O importante é sua essência, sua amizade, sua ternura.
Eu gosto de tu bichinha, como tu és.
Beijos!!!!!

*Lu* disse...

"Era mais ou menos quase uma falsificação de mim mesma, embora ali fosse eu mesma. Mas, cansei disso também."
Eu também cansei! Ufa! Sou humana demais...
Te amo e te aceito assim como vc é, tá? Abração!