terça-feira, junho 08, 2010

Luta.

Luto contra um coração que bate em meu próprio peito. Luto contra o que ele acha e sente; contra o que ele acredita e consente. Eu, dividida em mim mesma; duas dimensões em uma só. Luto contra as mentiras contadas por outrém, que insistem em se fazer verdade, e que ao longo do tempo acabaram impregnadas em mim. Luto contra aquelas que eu mesmo criei e armazenei no mais íntimo do meu ser por achar que acreditando nelas pudesse afastar a dor que cruzava o meu caminho, vivendo à parte daquilo que era real. Essas mentiras infames encontram-se em algum compartimento secreto, estagnadas, apodrecendo qual água parada se perde. E embora eu busque, desesperadamente, encontrá-las para dar-lhes um fim, elas teimam em burlar minha procura e ignorando-me, permanecem oclusas em algum ponto dessa minha alma cansada, soletrando palavras de conformismo e solfejando cantigas de notas tristes e sem nexo, perturbando meu sono, tirando minha paz e roubando-me a certeza de que eu poderia ter controle de mim.

[Agosto, 2006.]

3 comentários:

Lari disse...

Hoje tbm luto contra o meu coração, principalmente contra o que ele acredita´e consente...
:(

*Lu* disse...

"Luto contra aquelas que eu mesmo criei e armazenei no mais íntimo do meu ser por achar que acreditando nelas pudesse afastar a dor que cruzava o meu caminho, vivendo à parte daquilo que era real."
A luta contra aquilo que está dentro de nós é muito mais complicado do que com o que está fora de nós. É como se fosse o combate contra um inimigo que habita bem ali,dentro do nosso próprio peito.
Adorei esse!

Carolina Braga disse...

Pqp! Que negócio bonito, Mari!!!... Muito, muito bonito!...

Beijos e boas inspirações [e que as de dor não precisem ser reais e que as de alegria sejam um sabor diário ;]!

:)))