Eu já tive um cafajeste. E ele era lindo - como a maioria deles. Era não; é. Anda vivíssimo por aí. Ele é igualzinho eu descrevi há algum tempo atrás. Só insistia em não deixar a barba levemente mal feita, mas tirando esse leve defeito de embalagem, o pacote era completo - cueca box, corpo sarado, ultra-perfumado, inteligente, papo-furado, charme, cinismo, lábia, qualidade no serviço e, claro, a marca registrada de todos: a pegada. Sim, eu tive um cafa. Sinto-me bem vinda ao clube das mulheres que tiveram a sorte de passar pelo crivo dos representantes da espécie em questão, afinal, eles não pegam qualquer uma não; a maioria possui um critério de seleção próprio e um controle de qualidade de alto nível, claro, segundo seus padrões particulares. Sinto-me bem vinda não só por ter tido a oportunidade de experenciar sensações, fatos e situações inéditas, mas também (e sobretudo) por poder ratificar aquilo que há alguns meses descrevi de forma absolutamente empírica aqui no blog. Confesso que, a partir dele, aprendi muitas coisas.
Eu tive um cafa, e ele me chamou de cafa também. É excitante, é moderno e tal, mas, não se engane; não se trata de um adjetivo que venha denotar admiração ou coisa parecida; a verdade é que eles criam situações que exigem determinados tipos de expressões e vocábulos, e a gente vai na onda, e tem que ir mesmo, senão não vale. Ou melhor, é nessa hora mesmo que vale tudo. Decidir dar pra um cafa e não se jogar, não é dar pra um cafa; é emprestar (e tem que ser muito frígida pra só emprestar pra um tipo desses...). Dica 1: dê pra um cafa, mas não espere que ele devolva nada além de prazer. Dê ciente que, caso você volte pra casa com algum déficit, no outro dia, ou até na mesma hora, dá pra passar numa loja de conveniências e repor o que ficou fora do lugar. Agora, se submeter a desenvolver um possível problema de cunho psicológico e, quiçá, psiquiátrico, e ainda sair da história sem ser jogada numa mesa e ser informada que você é a tal comida, sem um chupão no pescoço ou uma marca de mão na bunda, sem "brincar" de Rose & Jack com o vidro embaçado do carro... aí não dá. Dê, mas usufrua de talentos dele sem moderação, use-o. Dê, mas antes lance mão dos coraçõezinhos que sobrevoam a sua cabeça e guarde na bolsa pra usar com o próximo namorado. E quanto ao seu músculo pulsante, ligue a luzinha do stand by, e coloque no piloto automático: que ele bata, rápido e muitas vezes, mas só pra levar o sangue aonde se precisa...
Toda atmosfera inicialmente romântica faz parte do jogo e da dança enlouquecida dos hormônios, e passa no segundo exato após ele gozar. Atenção à fórmula abaixo:
qt = 1
R
Ela demonstra que a quantidade de transas (qt) é inversamente proporcional ao nível de romantismo (R). Ou seja, quantas vezes mais vocês transarem, menos romantismo irá existir; só que mais gostoso será, e mais viciada você vai ficar. Dica 2: dar uma vez só é quase impossível, a não ser que o cafa não queira um remember. Dessa forma, é só racionalizar a parada no caminho do motel: "é só sexo, é só sexo, é só sexo...". Faça o idiota do seu coração entender isso. Do contrário, você tá fudida. Por sorte, o fofo do meu cafa me informou antes acerca desse detalhe - o que me poupou gasto de energia extra e mais sessões de terapia por semana... rs!
Como uma criança que implora o brinquedo da vitrine da loja mais cara do shopping center à mãe e, depois de três dias deixa o coitado jazir dentro de uma caixa no armário, como quem chega na confeitaria e pede o maior pedaço daquele pudim delicioso e não suporta comer nem um terço dele, é exatamente assim que ele vai agir. É óbvio. Que surpresa há nisso? No fundo a gente já sabe. A gente sempre sabe. Entendam uma coisa, caras colegas - vítimas ou não dessa raça deliciosa desgraçada - eles vivem a filosofia do 3C: caça, conquista e cama. Cada etapa dessa requer uma estratégia - palmas, por favor, para eles. E sabe o que é mais doido? É que você vai ler isso tudo aqui, vai sair pra balada avassaladora achando que nunca mais vai ser alvo da filosofia do 3C, e só vai se dar conta que ele é um cafa e que sim, você caiu na sua rede, quando se perceber na cama redonda de um motel, depois de uma transa m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a, olhando pra o espelho rachado do teto... Você vai se perguntar e depois perguntar a ele como aquilo pode ter acontecido, e ele vai fazer uma piada típica, e vocês vão rir, conversar, comer uma batata Ruffles e tomar uma coca-cola, pagar a conta e voltar pra casa se perguntando: por que mesmo é ele que joga pra fora e eu que me sinto vazia?...
E não, ele não vai ligar no outro dia (outra coisa que eu já sabia), nem no outro, e nem tão cedo, pois final de caçada é final de caçada e ponto (assim como uau é uau também e ponto). Você vai sentir vontade de ligar pra ele pra perguntar onde fica o botão do tesão que ele ligou em você, mas ele não vai atender, ou vai atender, mas não vai dizer, simplesmente porque ele não quer dizer, por sacanagem, ou porque ele pretende voltar e já quer lhe deixar no ponto, pra ter menos trabalho. A nossa sorte é que existem outros homens que, mesmo sem serem da classe, fazem tão gostoso quanto...
Por fim, se você, minha filha, assim como eu, porta no seu cromossomo X o gene-do-dedo podre, responsável pela terrível Síndrome da Tendência ao Cafajeste, sinto-lhe informar que não há cura para tal afecção. Restam-nos poucas alternativas, dentre as quais:
- entrar em depressão e viver a base de tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e ansiolíticos e gastar milhões com psicólogos e psiquiatras;
- virar freira ou ficar solteira pra sempre por conta do trauma adquirido;
- tornar-se uma cafa também e f*&%$# com o time do resto dos homens do planeta;
- pegar e não se apegar, ligar o "foda-se" e ser feliz;
E a última, a forma que eu escolhi pra encarar a vida pós-cafa:
- vestir a roupa mais tudo, montar o make mais fashion, ficar mais linda que nunca, se virar pra fila e gritar: próximo!
~ Mari Teixeira ~
P.S. (O "próximo" estará sempre sujeito à rigorosa análise.)
P.S. (O "próximo" estará sempre sujeito à rigorosa análise.)