segunda-feira, novembro 28, 2011

Equívoco.



Já consigo ouvir aquelas músicas sem sentir você nelas. Hoje, você mal se restringe à minha memória. Jaz trancado na gavetinha dos equívocos. Do meu coração, entre sístoles e diástoles, já foi embora, mas não faz tanto tempo.  Sem dor, nem nostalgia, nem estrago, nem tremor. Sem arrependimentos, mas também, sem vontades, nem expectativas. Sem sabor, sem nada. Mais morno e insosso, impossível. Você, que circulou meu corpo inteiro - literal e metaforicamente - não soube nem virar saudade. Ou não fez questão. Da mesmíssima forma que eu não sei porque deixei você entrar e não fiz mais questão de lhe manter. É estranho esse poder que a gente tem de se matar dentro do outro, e depois abandonar o cadáver fétido esperando que os receptores olfativos, ainda congestionados de paixão, emitam sinais póstumos acerca do fim... É estranha essa mania que a gente cultiva no quintal da alma de tentar caber onde nem o outro se cabe... Mas eu, eu retoco meu batom toda horinha, mesmo se acontecer de borrar de novo na próxima esquina. Sem traumas, nem medos, também; se a água não lavar ou não levar, o tempo se encarregará.

 Mari Teixeira

Um comentário:

placco araujo disse...

Que lindo, menina.

Estou orgulhoso de você...
Pela decisão e pela qualidade da escrita!!!

Um beijo grande

Edson