terça-feira, abril 06, 2010

Uma droga.


Ela ainda olha pela janela. De vez em quando, mas olha. O parapeito não era assim tão alto; agora, ela precisa de um banquinho, se quiser mesmo olhar lá pra fora. O vidro já não é mais tão transparente; os ferrolhos andam enferrujados. Uma novidade é a cortina pesada e translúcida, que mal deixa a luz do sol passar. A outra novidade é que tem doído menos olhar. Conformação? Talvez. Aquilo lá tem se tornado cada dia mais rarefeito. Aquela sensação que lhe era tão constante e presente, anda agora lhe abandonando, gradativamente. Parece que aquele momento nunca viajou no tempo, como ela sempre pensara; parece que ele sempre permaneceu inerte, naquele breve espaço de tempo passado; e tem, a cada dia, ficado mais distante. Toda aquela ressonância vem se atenuando e tanto a frequência quanto a amplitude daquelas ondas se tornaram menores. Ele era a sua droga, a única coisa que conseguia arrancá-la, ao mesmo tempo, do céu e do inferno. Ele ainda é uma droga. E ainda detém esse incrível e tão contraditório poder: o de levá-la, ao mesmo tempo, ao céu e ao inferno.

4 comentários:

Lari disse...

"E ainda detém esse incrível e tão contraditório poder: o de levá-la, ao mesmo tempo, ao céu e ao inferno."

Disse tudo!

*Lu* disse...

Suspiros, amiga! rsrs
Não reclama da minha falta de palavras não porque realmente não há o que dizer...kkkk
Beijos!

Nara. disse...

"Ele era a sua droga, a única coisa que conseguia arrancá-la, ao mesmo tempo, do céu e do inferno. Ele ainda é uma droga. E ainda detém esse incrível e tão contraditório poder: o de levá-la, ao mesmo tempo, ao céu e ao inferno."

perplexa e encantada com a forma como vc se expressaa..! rs

=X

Joquebede disse...

"Ele ainda é uma droga. E ainda detém esse incrível e tão contraditório poder: o de levá-la, ao mesmo tempo, ao céu e ao inferno."
NAO TENHO NEM O Q COMENTAR...