domingo, fevereiro 14, 2010

Coração na mão.


Arrancou. Resolveu carregar na mão, embora o tenha sentido bem aí desde sempre. Bater daquele jeito lá dentro dela provocava um eco que ressonava de uma forma absurda, e ela nem conseguia mais dormir. Arrancou. Achou que fosse mais fácil, mais leve, menos ensurdecedor. Mas, não. Cá fora, ele continua batendo tão intensamente quanto. Se ela cansa, e propositalmente larga ele em algum canto, logo alguém de lá lhe grita: ei, é seu? Você esqueceu aqui... Ou então, na mais certa das possibilidades, ela volta pra buscá-lo. Pura dependência emocional, entende? De uma certa forma, sempre o sentiu na boca, nas mãos, no estômago, menos no peito. Cá fora, fica mais fácil perdê-lo. Diminui substancialmente o risco das coisas escapulirem pelas válvulas e artérias e voltarem a circular, e se esconderem dentro de si. Talvez seja ínfimo. Mas, pra ela, isso já é um começo.

4 comentários:

Ione Rocha disse...

e SER GENTE É ISSO AMIGA. SER MULHER É ISSO²...
E DEIXAR DE SENTIR É DEIXAR DE VIVER!

Lari disse...

se Fosse possível até que seria bom ficar um pouco sem esse coração...

*Lu* disse...

"De uma certa forma, sempre o sentiu na boca, nas mãos, no estômago, menos no peito. Cá fora, fica mais fácil perdê-lo."
Perfeito demais! Tem hora que ele não cabe mesmo dentro da gente.

Carolina Braga disse...

"De uma certa forma, sempre o sentiu na boca, nas mãos, no estômago, menos no peito."

Aiai... Tu diz o que eu não consigo dizer.

Bacio!