domingo, agosto 18, 2024

Eu te encontro.

Te amar de longe é como estar ancorada no meio do espaço sideral. Não escuto som algum, não vejo nada. Tudo está escuro, tudo é incerto, exceto pelos lampejos intermitentes das tuas fantasmagóricas aparições que, ainda assim, cintilam há milhões de anos-luz de mim, lampejos estes que tanto esperançam quanto maltratam. Mesmo te sentindo pulsar dentro de mim o tempo inteiro, não te alcanço, e não poder te tocar me faz sentir meu corpo se decompondo em vida. Mesmo te sentindo correr por todas as minhas veias e artérias e observando ansiosa as tuas paradas na minha mente e no meu coração, te sinto escapar por entre meus dedos a cada vez que, do nada, desarvoras... cada vez que me submetes a isso eu sinto como se eu estivesse te perdendo pra sempre, e eu já perdi as contas das vezes que essa sensação me tomou em forma de um desespero profundo, que me afogou numa dor tão aguda que sou incapaz de denominar ou mensurar. Você não sai de mim. Vive na minha pele, se esconde nos meus poros, levanta arrepios abruptos, descompassa meu coração e provoca sensações involuntárias e indescritíveis. E por mais que eu queira te perder de mim, não adianta; longe ou perto, em ciscos ou em cacos maiores, eu te encontro. E se não te encontro, eu te sinto. Porque se é verdade que o que os olhos não vêem o coração não sente, posso afirmar que o que o coração sente, os olhos conseguem ver. Por mais que me digas que és meu e eu sou tua, que me amas sem medida e pra toda a eternidade, o que faço eu apenas com o arcabouço dessas palavras? O que eu faço com toda a intensidade desse nosso sentir que cabe, sem folgas, na eternidade dos dias os quais atravesso? O tempo inteiro me sinto sugada pelo vácuo da tua ausência e asfixiada pela saudade que ela me imprime. Só sei que se antes o meu amor por ti beirava o infinito, hoje suplanta todo ele...

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