quinta-feira, agosto 29, 2024

Quase cinco meses.




Acordei tonta de sono. Desbloqueei o celular e olhei o calendário. Já são quase cinco meses sem você. Eu já tinha me acostumado a viver os meus dias imersa na tua ausência, por mais vazios que eles fossem, até você reaparecer e me fazer voltar à estaca zero. A ferida da saudade foi exposta novamente, e, de certa forma, analgesiada, quase curada... só faltou seu corpo no meu. Seu bom dia diário, sua preocupação, seu cuidado e atenção, suas declarações, juras e promessas me inundaram de felicidade e esperança. Mas, do nada, você desapareceu e me deixou, de novo, com os dias vazios e os braços cheios, ninando algumas palavras, um vácuo infinito, um rio de angústia e ansiedade, e milhões de porquês, além de um amor que sangra e agoniza na praça pública da minha alma diante da sua indecisão. 

Pisco os olhos e a noite chega. O tempo tem passado rápido, mas incompetente. Ele pode atropelar os dias, as horas, os segundos, mas é incapaz de levar você pra longe de mim. Nas minhas andanças por aí acabei por beijar outras bocas, toquei outros corpos, mas é como se eu estivesse anestesiada... os olhos não brilham, as pupilas não dilatam, o coração não dispara, a pele não esquenta, os pelos não eriçam, o desejo não acende, o corpo não implora e muito menos aceita outro corpo... Por tudo isso, resolvi deixar a teimosia de lado e desisti de buscar vislumbres de você por aí.

Me afogo em um oceano de indagações cujas respostas jazem no silêncio do teu sumiço. Uma delas é sobre quando mesmo você deixará de ser meu primeiro e último pensamento do dia, e se um dia deixará. Tenho a forte impressão que não. Há determinadas faltas irresolvíveis, e resta-nos empurrá-las pra um canto qualquer da memória e apenas aprender a conviver com elas.


Nenhum comentário: