terça-feira, maio 21, 2024

Eu queria que fosse você.

 


Eu quis tanto que fosse você! E por tanto tempo eu até cheguei a acreditar que sim, que era você. Eu cheguei a dobrar os joelhos no chão, erguer os olhos para o infinito e agradecer  pelo presente mais lindo que eu achava que o universo tinha me dado. Eu trazia um sorriso largo no rosto, morrendo de medo que alguém descobrisse que você tinha chegado e resolvesse fazer algo pra te arrancar de mim. "O que ninguém sabe, ninguém estraga"... não é assim que prega essa geração ridícula que delega à inveja alheia o sucesso das nossas conquistas? Eu te tinha nas minhas mãos, mas andava morta de medo de que, qual areia, você escorresse por entre meus dedos. Eu queria te gastar pro mundo todo ao mesmo tempo que queria te esconder como o que de mais sagrado havia em mim . Na minha cabeça eu não suportaria mais um nocaute. Então eu me agarrei na minha certeza mais exata: você.  

Eu mergulhei fundo, sem escafandro nem cilindro de oxigênio, e quando percebi que meu fôlego estava acabando, não tive outra escolha; eu tive que subir à superfície abruptamente, e isso explica essa dor lancinante pra respirar que sinto o dia todo, todos os dias. Eu sabia que morreria de qualquer forma, mas optei por morrer com dignidade. E, embora não pareça, isso faz uma diferença considerável.

Sigo buscando avistar um atalho pra me livrar desse mar de me afogar no amor que sinto por você, enquanto nele você boia, todo safo, todo lindo, todo meu.

Mas, eu queria mesmo que tivesse sido você. Muito. Demais. Só que eu não podia querer por nós dois. Nem posso. Nem Deus pode, nem o universo, nem ninguém pode te fazer comungar desse meu querer. E hoje, também, nada disso mais importa. Fizemos nossas escolhas. Selamos nossos destinos. 


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