quinta-feira, junho 22, 2017

Em águas rasas.


Mas foi assim, olhei pela janela, vesti um short curto, um top estampado, calcei as havaianas e bati a porta de casa. Quem iria imaginar que num dia de sol escaldante, de céu anil sem um rastro de nuvem ou sinal de tempestade, a chuva iria aparecer? Fazia tanto tempo que não chovia tão copiosamente por aqui que eu nem cogitei a possibilidade.

Foi bem assim, como sair num dia ensolarado sem guarda-chuva e ao virar a esquina ser encharcada por gotas grossas de chuva. Foi bem assim, inesperado... chegar em casa toda molhada de você e por você, deitar na cama e, assustada, perceber que tropecei mais uma vez em uma caixinha de vidro cheinha de água.

Assim, naquele dia eu dispensei a blindagem, eu desconsiderei o poder de um olhar, eu julguei adormecida minha insanidade, eu subestimei a mágica de um beijo, eu ignorei as probabilidades da matemática homem-mulher, eu não imaginei que estabelecer-se-ia um ímã tão perfeito.

Naquele dia eu rompi meu voto íntimo de nunca mais nadar em algo tão limitado, eu deixei meu marzão pra trás pra me aventurar mais uma vez num pequeno recipiente que se tornou, hoje, minha imensidão sem fim.

Mari Teixeira

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