sexta-feira, abril 08, 2011

O massacre de Realengo-RJ: um outro enfoque.


Após o massacre de alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reforçou nesta quinta-feira a idéia de uma nova campanha pelo desarmamento no Brasil.



Bravo, senhor ministro. Pena que tenhamos que esperar tragédias desse nível acontecerem para darmos atenção a temas tão delicados quanto os relacionados à segurança pública e ao desarmamento, não é mesmo? Apesar de concordar piamente com o senhor, penso que a "culpa" deste massacre, em especial, não começa na venda livre de armas, na portaria ou na direção da escola, embora hajam falhas em ambos os sistemas. O desequilíbrio parte da ignorância da população brasileira (em geral - e isso inclui a comunidade médica) que trata as pessoas que possuem transtornos mentais (sejam psicóticos ou neuróticos) como "frescos" ou "malucos". Se a família ou os professores desse indivíduo [claramente doente] tivessem atentado para sua condição "fora do padrão", procurando ajuda psiquiátrica e/ou psicológica, talvez este massacre fosse evitado pois, se esse rapaz era mesmo um esquizofrênico, haveria de ser medicado a fim de evitar possíveis surtos que, na maioria das vezes, culminam com o surgimento de riscos potenciais à segurança da população. Por fim, concordo que mais nenhuma discussão trará as vítimas de volta. Se ele era psicótico ou não, nada mais importa, porque a dor que fica é latente e irreversível. Mas, além de propor discussões acerca do desarmamento e da segurança pública (importantíssimas), proponho que nós, enquanto familiares e professores não fechemos os olhos para a questão da saúde mental, e que sejamos mais atentos e sensíveis a determinados tipos de comportamento que possam indicar a presença de possíveis transtornos em nossos filhos e alunos, deixando de lado o preconceito, a fim de que possamos construir não só uma sociedade saudável, mas que os próprios portadores de transtornos mentais recebam tratamento adequado e digno. O desequilibrado Wellington foi mais uma vítima da sociedade e, sobretudo, da genética.

5 comentários:

Unknown disse...

Aff! Falou tudo!
Eu, em alguns momentos, tive pena daquele "menino". Não deve ter sido fácil conviver com as batalhas, que acredito, que ele travava consigo mesmo.
Nesse primeiro momento, a revolta e o "susto" não nos deixam perceber que muito provavelmente, pensando no âmbito espiritual, o fim REALMENTE trágico foi o dele.
Deus livre a nós e aos nossos, não só dos homens maus, mas também dos homens "tristes".

Pati Eça disse...

De fato, olhando por esse ângulo, são todos vitimas ao final.
Bom texto, nos leva a uma reflexão.
Bjs

Marina disse...

Exatamente, o que matou aqueles adolescentes não foi a arma... se não ouvesse um revolver quem nos garante q ele não usaria outra coisa, como uma faca, ou até mesmo bomba caseira sei lá!

Precisamos parar de tratar as pessoas como números e estatisticas e cuidar delas como HUMANOS... talvez se esse jovem tivesse tido alguem que demorasse o olhar um pouco mais nele.. mas enfim, não podemos mudar o passado, mas podemos construir um futuro melhor! Chega de ser um numero nas estatisticas, é hora de sermos seres humanos!

Gi Novais disse...

De fato, não só nesse, como em quase todos os casos de violência, busca-se remediar as consequências, esquecendo-se das causas sociais que desencadearam, ou ajudaram o desfecho da história.

*Lu* disse...

Bravo, amiga! Depois que ouvi os ex-colegas falando as humilhações que esse rapaz sofreu na escola eu passei a enxergar a situação de uma outra forma. Existiu todo um contexto com n fatores que infelizmente resultaram nessa tragédia. Infelizmente temos uma cultura de preconceito com a doença mental ou problemas psicológicos. Os pacientes não são compreendidos e na maioria das vezes são taxados de carentes e problemáticos.